A Claudia Feliz e a Melina Mantovani

Olá, colegas

Eu gostaria de fazer uma reparo na reportagem de vocês publicada hoje em A Gazeta sobre o caso da Ufes.  O reparo é sobre um questionamento ético aludido a mim em uma passagem, editada e publicada na mesma reportagem. Vou citar integralmente a passagem:

A notícia sobre a reação agressiva do professor Victor Gentilli se espalhou rapidamente, ontem, por meio do Twitter como sendo um “barraco na Ufes”. E a divulgação, no site de relacionamento da internet, foi feita não só por alunos, mas também por outro professor e colega de Gentilli no departamento de Comunicação da Ufes e vice-diretor do Centro de Artes, Fábio Malini.

Ele alega que retuitou o que alunos já haviam divulgado, depois de ouvir a confirmação do fato por meio do professor Erly Vieira, embora não tenha ouvido Gentilli. “O fato de se retuitar não significa que se deve fazer um processo de perseguição ao professor. Mas evita que as coisas sejam abafadas”, argumentou Malini.

O professor afirma que colocou a informação preocupado com a aluna que foi atingida. Mas o tom é de ironia nas mensagens. “O que eu falei no Twitter eu falo abertamente em qualquer lugar”, ressalta.

Sobre as passagens em discurso direto direto não há reparo algum, senão na sua associação com o discurso indireto dos repórteres. O discurso indireto, conforme característica própria, ganha sempre em interpretação e terceiridade de pessoa. E sempre revela um narrador poderoso, à medida que pode afirmar o que bem entender. Mas associar a  opinião de vocês  a uma verdade dita por mim a vocês, daí isso são outros quinhentos. Mas, antes de iniciar o reparo sobre o episódio, explicitamente, eu publiquei dois tweets, um reply e republiquei outros três. Abaixo os tweets, que estão todos em ordem cronológica inversa, em homenagem à cultura blogueira, grande atração desse caso todo.

RT @flavio_santos: As más línguas são muito bem informadas! de acordo com as Más Linguas, a aluna é Vitoria Varejao . 11:38

RT @possmozer: @darshany Gentili é o protagonista. Se quiser espalhar, não fui eu q falei. muito medo da inquisição. 11:30

@isabelacouto e quem é o aluno? 11:30

Jogar laptop na cabeça de aluno? Sem dúvida, é culpa do windows. #barraconaufes 11:29

Antigamente o professor jogava bolinha de papel para chamar atenção de aluno. Hoje, laptop. #professor2.0 #barraconaufes 11:17

Mais um! RT @CilCasati: #BarracoNaUfes 11:09


Caso queiram confirmar esses tweets, podem checar no meu perfil do Twitter. Caso duvidem, há várias ferramentas de recuperação de tweets apagados na web. Mas não foi o meu caso. Eu, como vocês podem observar, publiquei primeiro uma frase que dizia respeito a outro fato, pois que, há coisa de uma hora antes, já circulava um artigo meu na rede (que foi lido, até agora, por quase 3 mil pessoas) que denunciava a tentativa de censura do Twitter em um departamento da Universidade. Mas, quando respondi, já tinha ciência. Segundo o meu Nokia E63 recebi telefonema do professor Erly Vieira às 11:01. Infelizmente, numa sociedade do controle, nossas ligações ficam todas registradas, mas, caso duvidem, posso até colocar meu sigilo telefônico à prova. Meu amigo de departamento, como vice-chefe da minha repartição, relatou o acontecimento, sempre com um tom ponderado. Relatou a mim por motivos institucionais, sou vice-diretor do Centro de Artes e a diretora estava com a mãe, hospitalizada. Pedi ao professor que esperasse o encaminhamento do caso no departamento, antes de qualquer medida unilateral. Já sabia das informações sobre quem era o professor então às 11:01. Oito minutos depois, fiz a minha primeira publicação. Os alunos numa velocidade grande, começaram a divulgar o ato, mas não o santo.  Sem ter sido divulgado o autor do fato na Internet fiz duas ironias. Na edição de vocês, vocês gostaram mais da primeira, mas os colegas daí do jornal de vocês gostaram mais da segunda, porque recebi um monte de retweet daí, inclusive ironizaram ainda mais, mas vocês não quiseram publicar isso, ok, faz parte da liberdade editorial. E por padrão ético não revelo as fontes. Contudo, os internautas gostaram mais da segunda ironia por motivo muito óbvio: o sistema operacional Windows é uma porcaria. Trava e “dá tela azul”, aliás, gírias que se popularizam pela internet toda. Em seguida, já sabendo da autoria (mas não divulguei porque eu não quis), indaguei à rede: quem é o aluno? Em seguida, Recebi vários replies (vocês também podem checar, o Twitter guarda tudo) afirmando quem era a aluna e o professor. Não chequei se era aquela aluna mesma, mas, do mesmo jeito que acreditei numa fonte departamental, decidi acreditar na “sabedoria da multidão”, e pensei, não é possível que tantas pessoas estejam errando o nome da aluna, sobretudo conhecendo quem eram os estudantes que passavam a informação, todos sempre muito zelosos e éticos. Publiquei o nome de ambos. Era 11:30 e 11:38. Vocês me ligaram às 12h49, uma hora depois. Nós, a rede, fizemos o trabalho inicial da imprensa com todo primor ético. E num furo atroz. Vocês agradeceram e mandaram o carro da reportagem. Uma hora depois. Depois disso, a rede virou uma guerra de versões. Não retuitei mais nada sobre o assunto. Não quis saber de motivações, situações, simulações, porque compreendo que o fato cabe apuração na Universidade, com toda cautela possível. Usei o mesmo procedimento do veículo de vocês: publiquei na internet o fato, que estava no twitter do gazeta online O fato de não ter checado com o Gentilli não valida qualquer ferida ética minha. Porque, como Emile Zola, acredito que o limite da liberdade de expressão é a verdade. E eu não faltei com ela. A ponto que vocês mesmo, às 14h51 minutos publicaram isso daqui (espero que o link não desapareça)

Universitários do curso de Comunicação da Ufes acusam professor de arremessar notebook contra a turma http://bit.ly/ccLoreWed Sep 29 2010 14:59:20 (Hora oficial do Brasil) via Echofonisso foi no perfil do twitter do @gazetaonline

E DEPOIS,

29/09/2010 – 14h51 – Atualizado em 29/09/2010 – 14h51

Universitários do curso de Comunicação da Ufes acusam professor de arremessar notebook contra a turma

CLÁUDIA FELIZ E MELINA MANTOVANI – DA REDAÇÃO MULTIMÍDIA

Alunos do terceiro período do curso de Comunicação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) acusam o professor Victor Gentilli de ter arremessado um notebook em direção à turma e depois quebrado uma das mesas do Laboratório de Jornalismo Impresso, durante a realização de uma aula, na manhã desta quarta-feira (29), no Campus de Goiabeiras, Vitória.

Tudo teria acontecido durante discussão sobre a elaboração de um texto, relativo à morte de um aluno da universidade, registrada no início deste mês. O texto seria publicado em um dos jornais laboratório do curso. Uma aluna afirma que teve uma das pernas atingidas pelo notebook, mas não apresentou ferimentos. Os estudantes denunciaram o fato à Ouvidoria da universidade.

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O chefe do Departamento de Comunicação da Ufes, Cléber Carminati, convocou uma reunião extraordinária no departamento para tratar do assunto. Carminati frisou ainda que o professor Gentili disse não saber por que fez aquilo.

Um professor que dava aula ao lado da sala onde aconteceu o incidente ouviu gritos e choro dos alunos e foi ver o que estava acontecendo. Esse professor acompanhou Vitor Gentili até o departamento de Comunicação. Os alunos vão protocolar ocorrência da situação no Departamento. A esposa do professor Gentili foi chamada até a Ufes para buscar o marido e o acompanhou até em casa.


Como se vê, nem eu, nem vocês, conversamos com o professor Gentilli, mas o “embora” só coube a mim. Assim, pau que deu em Chico não se deu em Francisco. Quanto ao questionamento sobre o tom das minhas mensagens, me parece, que, se o caminho for por aí, uma quantidade de grandes jornalistas ficaria sem emprego. Só checar as capas do jornalismo desde quando D João VI chegou cá com essas novidades além mar.

Elegantemente,

Fábio Malini


1 Comentário

  1. Malini:
    lendo a matéria, me senti extremamente desconfortável com esse trecho aludido a você. Da forma como foi colocado, me pareceu uma crítica direta, na tentativa de desacreditar e mesmo desqualificar a sua atitude enquanto tuiteiro e também professor da Ufes e colega de departamento do envolvido no #barraconaUfes.
    Perguntei-me por que dessa confrontação desnecessária. Outras pessoas – q não conhecem os envolvidos e NUNCA pisaram no Cemuni V – fizeram piadinhas, chacota e espalharam boatos a torto e a direito e isso sequer foi tido como comportamento reprovável no texto das repórteres.
    Não acho q matéria jornalística seja lugar de emitir juízo de valor. Isso ficaria melhor em colunas assinadas ou outros tipo de texto declaradamente opinativos. Ou até mesmo no twitter, por que não?!

    beijos
    Bru

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