Ao meus (ex) alunos

um pedido de compreensão e de uso crítico das novas mídias.

Prezados alunos e alunas,

Hoje, no âmbito do curso de Jornalismo, ocorreu um fato já extensamente noticiado. Numa situação de conflito, o professor Victor Gentilli jogou um laptop no pé de um aluno. Logo se criou a hashtag #barraconaufes no Twitter. O termo não explicitava muito bem o que ocorreu, mas se alastrou. Numa mobilização importante, a notícia se revelou completa em pouco tempo. O uso generalizado das novas mídias faz com que a dimensão pública seja rapidamente revelada. Isso é um avanço democrático. Mesmo sem diploma, vocês tiveram total poder de relatar os fatos em primeira mão. Agora, não deixem que esse poder conquistado se transmute em uma pequena tirania. Não caíam em exageros, não façam pré-julgamentos, não façam ilações.  Eu tenho muito orgulho de ser professor da Ufes. De poder ter tempo para debater o máximo possível com todos, respeitando a opinião de todos, mesmo que tenhamos nossas teimosias. Hoje o professor Edgar Rebouças, que dá a disciplina de ética nos meios, me disse: “pra que isso tudo?”, ao se referir à velocidade de circulação da informação sobre o caso. A premência do tempo pode nos levar a muitas conclusões apressadas. O livre exercício do pensamento também é um prática baseada na tolerância e na escuta múltipla. O caso de hoje vai ser objeto de conciliação, que pode dar em um não ou num sim. Se o problema é maior que isso, existirão opiniões sensatas e insensatas na rede e na universidade, faz parte da liberdade de cada um expressá-las.  Claro que o caso não pode ficar fechado a um corporativismo, mas também não pode ser objeto de perseguição daqueles que descobriram a “capacidade de dominação” dos novos tempos (lembra do post meu de hoje?). O jornalista tem lado; o dos justos, como diz o genial josé hamilton ribeiro. Mas não somos policiais. Façam ironia, mas não se tornem o Tiririca.

1 Comentário

  1. O livre exercício do pensamento deveria passar, antes de tudo, pelo bom senso! E foi deprimente ver alunos e professores de comunicação tratarem o assunto com tanta ironia e de forma totalmente irresponsável! Liberdade de expressão é um direito, e o direito de alguém acaba quando começa o do outro. As pessoas que são, estudam e serão a mídia foram as figuras mais bizarras desse episódio! Mais que o próprio Vitor, que se encontra visivelmente mal, logo tem argumentos nos quais se apoiar…

  2. Oi, Mariana

    O bom senso pode ser como o ditado, o inferno está cheio. Eu me coloco sempre naquela situação de pensar que o limite da liberdade de expressão é a verdade. Assim, sobre hoje, não vamos jogar a água suja da banheira com o bebê dentro. Houve um fato denunciado. Poderia acontecer nada, nadinha, ficar obscurecido. Houve bastante ironia (eu mesmo a pratiquei). Mas você a pratica tanto, Mariana, e até com certo talento. Mas a questão é encarar um outro movimento típico da rede, a trolagem. Daí a questão nao é acusando os colegas para dizer “eu sou melhor”. É melhor dizer gente, isso é melhor pra gente? Até amanhã…

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