Mídias sociais e sua vida profissional

Entrevista que concedi a Gabriely Sant´anna e Juliana Rodrigues, para publicação interna do Banestes.

O que a entrada em uma mídia social pode agregar na minha vida profissional? Existem alguns conselhos para aproveitar essa participação ao máximo?
A entrada no mundo das midias sociais significa, primeiro, a possibilidade de criar um networking. Mas exige, para isso, que o indivíduo se paute na construção de uma boa reputação online, o que significa que nao precisa ser um garoto comportado, mas crítico. O conselho maior é atuar em correntes de opinião e ser gerador de conteúdos relevantes.

Quais as principais gafes cometidas na rede? Como evitá-las?
Brigas online, apesar de todo mundo já ter entrado em alguma, é gafe na certa. A maneira de evitar uma gafe é tomar um ansiolítico, rs. Brincadeiras à parte, o bom é tentar manter a ansiedade de querer clicar, replicar e dar reply para qualquer coisa.

Um contato profissional me chamou para ser amigo no Facebook ou está me seguindo no twitter. É indelicado recusar?
Não é indelicado. Em redes menos imersivas, como o Twitter, a opção de não ser seguidor do contato profissional é melhor aceita, à medida que o Twitter funciona pela lógica do interesse temático. Jà em redes como Facebook, a situacao é mais delicada, sobretudo,  porque suas mensagens podem ser lidas, indiretamente, por aqueles que são amigos de seus amigos. Todo mundo que entra em redes de relacionamento sabe que será vigiado por pessoas que não curte muito. Então nesses lugares é melhor adicionar o amigo chato. E se pautar sempre por ser transparente. Sem muitos exibicionismos.

Devo fazer algo se eu souber que um colega está fazendo comentários inapropriados nas mídias sociais, não necessariamente relacionados à nossa atividade?
Se é algo que lhe difame, tens todo o aparato jurídico para recorrer.

Quase todas as pessoas que eu conheço estão em mídias sociais. Devo ingressar também ou serei excluído?
Será excluído. Ingresse. Mas, se for para entrar e não participar, a exclusão será ainda maior. Mídias sociais podem revelar aos outros talentos teus que poucos notam.

É errado twitar enquanto estiver participando de uma reunião ou solenidade, mesmo que o assunto seja relacionado ao evento?
Não. Tenha como ética o interesse público daquela atividade. Se for algo que diz respeito a meia dúzia de gente, é melhor ficar invisível, como no gmail. :)

Se pudessemos reduzir a netiqueta em apenas um tweet (texto em até 140 caracteres), qual seria?
Quanto maior o interesse público, maior sua responsabilidade na hora de divulgar as informações. Mas sem achar que vc é a notícia.

1.O que a entrada em uma mídia social pode agregar na minha vida profissional? Existem alguns conselhos para aproveitar essa participação ao máximo?

A entrada no mundo das midias sociais significa, primeiro, a possibilidade de criar um networking. Mas exige, para isso, que o indivíduo se paute na construção de uma boa reputação online, o que significa que nao precisa ser um garoto comportado, mas crítico. O conselhoo maior é atuar em correntes de opinião e ser gerador de conteúdos relevantes.

2. Quais as principais gafes cometidas na rede? Como evitá-las?

Brigas online, apesar de todo mundo já ter entrado em alguma, é gafe na certa. A maneira de evitar uma gafe é tomar um ansiolítico, rs. Brincadeiras à parte, o bom é tentar manter a ansiedade de querer clicar, replicar e dar reply para qualquer coisa.

3. Um contato profissional me chamou para ser amigo no Facebook ou está me seguindo no twitter. É indelicado recusar?

Não é indelicado. Em redes menos imersivas, como o Twitter, a opção de não ser seguidor do contato profissional é melhor aceita, à medixa que o Twitter funciona pela lógica do interesse temático. Jà em redes como Facebook, a situacao é mais delicada, sobretudo,  porque suas mensagens podem ser lidas, indiretamente, por aqueles que são amigos de seus amigos. Todo mundo que entra em redes de relacionamento sabe que será vigiado por pessoas que não curtem muito. Então nesses lugares é melhor adicionar o amigo chato. E se pautar sempre por ser transparente. Sem muitos exibicionismos.

4. Devo fazer algo se eu souber que um colega está fazendo comentários inapropriados nas mídias sociais, não necessariamente relacionados à nossa atividade?

Se é algo que lhe difame, tens todo o aparato jurídico para recorrer.

5. Quase todas as pessoas que eu conheço estão em mídias sociais. Devo ingressar também ou serei excluído?
Será excluído. Ingresse. Mas, se for para entrar e não participar, a exclusão serà ainda maior. Mídias sociais podem revelar aos outros talentos teus que poucos notam.

6. É errado twitar enquanto estiver participando de uma reunião ou solenidade, mesmo que o assunto seja relacionado ao evento?
Não. Tenha como ética o interesse público daquela atividade. Se for algo que di respeito a meia dúzia de gente, é melhor ficar invisível, como no gmail. :)

7. Se pudessemos reduzir a netiqueta em apenas um tweet (texto em até 140 caracteres), qual seria?

Quanto maior o interesse público, maior sua responsabilidade de divulgar as informações. Mas sem achar que vc é a notícia.

A narração na web 2.0, a emergência de um novo gênero

Web 2.0 story-telling: The emergence of a new genre (em pdf), de Bryan Alexander and Alan Levine, é um bom artigo para quem busca maiores informações sobre narrativas digitais e a web 2.0 . O texto mostra que padrão de como uma história se conta está a mudar. A velha perspectiva da sucessão, cuja forma primordial é o “começo, o meio e o fim”  cede terreno para uma narração cross-media, participativa, exploratória e labirintíca.

Vale à pena ler (em inglês).

Ontologia da liberdade na rede: a guerra das narrativas na internet e a luta social na democracia

Esse é o título do artigo que escrevemos, eu e o Henrique Antoun (UFRJ), publicado no número atual da Revista Famecos (artigo em pdf). O texto cai como uma luva para quem precisa analisar os movimentos pós-wikileaks, sobretudo a luta imanente entre os poderes que constroem e destroem a liberdade na internet.

Esse artigo visa, em retrospectiva, analisar os fundamentos políticos que regem os discursos de liberdade que são disseminados pelos atores que constroem a internet de hoje e de ontem. Esta análise visa extrair um modo de compreender a economia do poder em disputa, instaurada pelos diferentes atores em conflito da sociedade em rede. Para tanto vamos avaliar os processos de narração coletiva dos acontecimentos públicos, entendidos como laboratórios dessas disputas. Desta avaliação vai emergir que as novas narrativas multitudinárias vão fazer a passagem do modelo informacional das mídias, que privilegia a acumulação quantitativa proprietária de elementos, para o modelo comunicacional das multimídias, que privilegia a coordenação da ação coletiva nos movimentos.

O fake na internet e o medo que tem Magno Malta do sábado de Aleluia

“E, quando estavam reclinados à mesa e comiam, disse Jesus:
Em verdade vos digo que um de vós,
que comigo come, há de trair-me” (Marcos 14:18).

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O senador Magno Malta (PR/ES) anunciou que vai entrar numa nova Cruzada. Quer criar um projeto de lei que torna crime a criação de perfis falsos (os fakes) nas redes sociais da internet. Ele já não aguenta mais a quantidade de judas virtuais que espinafram suas atitudes políticas arvorando-se de sua própria face photoshopiada. Para ele, melhor seria se o cabloco o espinafrasse com “cara limpa e peito aberto”. Claro. Assim fica mais fácil de fichá-lo depois.

O fake da internet carrega o dilema do Judas, aquele criado pela cultura popular. Na tradição da malhação do Judas, no sábado de Aleluia, ninguém sabe quem fez o boneco e pendurou no poste, mas todo mundo adora malhá-lo. Quem é objeto da malhação fica possesso. E quer identificar – como quer! – quem foi o autor da brincadeira. Nada pior que ser o Judas do sábado de Aleluia. Magno Malta, como qualquer pessoa, sabe disso. Para político então, que tem imagem emoldurada pelas frases e maquiagens fakes do marketing de bruxas e magos, dói fundo na alma original ser objeto de gozação do populacho.

Se Malta fosse republicano-USA, parece que não teria dúvida: botaria no chilindró os “fakes” que publicaram no Wikileaks as tramóias do governo yankee pelo mundo. Contudo, o problema do republicano-tupiniquim é que ele defende coisas que a classe média conectada detesta, como criminalização do homossexualismo, defesa de pena de morte, redução da maioridade penal, mistura de religião e política desafiando o laicismo do Estado, para além de citações do senador em escândalos nacionais, como o da máfia dos sanguessugas. Por conta disso, a malhação virtual rola solta. Como Jesus na ceia dos apóstolos, a rede da classe média conectada (de A a D)  sabe quem está a lhe trair.

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A narrativa nas redes sociais da internet

Artigo publicado no livro Princípios inconstantes, editado pelo Itaú Cultural, e depois ampliado para publicação na Revista Lugar Comum.

Fábio Malini
(o artigo abaixo é apenas uma parte do texto original )

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1994. Após um ano em que Tim Berners-Lee apresenta ao mundo o seu projeto World Wide Web, a internet começava a mudar. Até então ela havia se tornado numa espécie de rede intergaláctica de cientistas, nerds e de usuários que se divertiam através das bulletin board system (bbs), comunidades virtuais onde se liam mensagens – sob um fundo preto chapado – sobre diferentes temas, de acordo com o gosto do freguês. Tudo era feio e simples. Porém, muito divertido. As bbs podiam ser criada por quaisquer um que se arriscasse a pegar a sua poupança, comprar uma linha telefônica, um computador Pentium 386, baixar o software spitfire, ficar dias lendo tutoriais, para até chegar o grande momento em que criava online o seu “clube bbs”. Para se conectar a ele, cada sócio pagava uma graninha, que geralmente era revertida na compra de equipamentos para tornar ainda melhor a performance da rede. Nessa internet de raiz, todo mundo podia ser, em tese, uma UOL, um Terra, uma AOL.

Contudo, as bbs se foram. E, com a popularização da web, em 1994, logo surgiu o site. Agora era mais atraente ficar num chat animado – e com design em cores – do que ficar naquela tela preta do DOS, com sua chata interação através de comandos de teclado. E foi em 1994 que um caboclo chamado Justin Hall, estudante de jornalismo em São Francisco e estagiário da revista Wired, decidiu publicar em seu site,  Justin´s Link, relatos da sua vida cotidiana. Escrevia coisas como o suicídio do pai até às suas aventuras amorosas através desse log (diário) virtual. Hall criava a partir dali um dispositivo de escape para uma solidão típica daquele ano recheado a Guerra da Bósnia, eleições na África do Sul e genocídio em Ruanda. Mais. Ele criava uma forma de constituir uma presença online, estabelecendo relações entre aqueles que compartilhavam e consumiam vida através, agora, da web. Porque a web, diferente das bbs e sua noção de clube, onde entra quem pode e quem curte “aquele” tema, é um ambiente totalmente aberto, totalmente público.

blog: onde tudo começou

Essa publicização da intimidade revelava um caminho catártico de constituição de si. O site de Justin trazia vida real a ele, mesmo que, na aparência, fosse ele que levasse a sua vida real aos outros.  Foi imediato o aparecimento de toda uma comunidade virtual em torno dos seus relatos. Era aquele devir bbs, de compartilhamento de ideias, de interação mútua e de participação, que se afirmava agora numa cultura nova, baseada no mito da transparência total. Justin Hall tornava-se ali o pai fundador do diário virtual.

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O ativismo depois do clickativismo

Crítica direta e muito boa de Micah M. White contra o clickativismo – a maneira virtual de protesto 2.0, que funciona através da replicação de opiniões usando a estratégias de RTs, replies, menções, subscrições, “sign-ups”, curtições, hashtags, atualizações, postagens coletivas, diggagens, tudo muito próprio à cultura da visibilidade aberta pela “economia do link”. Embora a ação online possa gerar agitação (buzz) na rede, na prática, segundo o autor, o clickativismo não altera em nada a realidade, ao contrário, só faz criar uma nova forma de exercício do conformismo ou, o pior, o cinismo político. A contrapelo, o autor destaca que a internet continuará sendo a base da produção de discursos que irão desconstruir a visão consumista predominante.

A existência de uma “memewar” é algo que opõe os ativistas (com suas “bombas mentais” na internet) e os propagandistas do consumismo (que ganham reforço com os clickativistas). Contudo, lembra o escrtor, é a capacidade de mudar a realidade social que deve ser a principal métrica a ser analisada, para que a participação cidadã não se restrinja à capacidade de um assunto se tornar hype e de um movimento, celebridade.

Um trechicho do artigo original com tradução livre:

O Clickativismo é a poluição do ativismo misturado à lógica do consumo. (…) O que define o clickativismo é uma obsessão com métricas. Cada link clicado ou email aberto é meticulosamente monitorado. (…) Com um apelo massivo, clickativistas diluem suas mensagens através de chamadas para ações que são fáceis, insignificantes e impotentes. As campanhas buscarm inflar de percentuais a participação, e não derrubar o status quo. Ao final, a transformação social é comercializada como uma marca de papel higiênico.

@sambaclub, @camiseteria e @linuxmall: como usam o Twitter?

Para quem quer entender os processos de comunicação no Twitter das marcas Camiseteria, LinuxMall e SambaClub, uma boa dica é o trabalho de conclusão de curso de Leonardo Basoni (que eu orientei).

Basoni analisa as três marcas investigando a visibilidade, atendimento, fidelização, gerenciamento de marca, gerenciamento de crise e reconhecimento que elas constroem nessa rede social.  Para isso, coletou todos os tweets dos perfis @camiseteria, @linuxmall e @sambaclub durante o mês de outubro de 2010. Depois, categorizou-os, analisando cada um a partir do “mix” do branding. Complementou todo esse trabalhão com entrevistas ao sócios das empresas.

Ao final, deu num belo trabalho de 119 páginas.

Baixe aqui o TCC.

Foucault: é preciso desconfiar das instituições independentes

Foucault atirando:

Uma das tarefas que me parece urgente, imediata, antes que nada, é que ao menos na socedade européia, é habitual considerar que o poder está localizado nas mãos do governo e que se exerce graças a um determinado número de instituições específicas, como a administração, a polícia, o exército e o aparato do Estado. Essas instituições estão feitas para transmitir decisões, para que se apliquem, e castigar aqueles que não as obedeçam.

Creio que o poder político se exerce também por mediação de um determinado número de instituições que aparentemente não têm nada em comum com o poder político, que aparecem como independentes quando na realidade não são. Isso se poderia aplicar a universidade e ao conjunto do sistema escolar que na aparência está feito pra distribuir o saber e na realidade pra manter o poder a uma determinada classe social e excluir dos instrumentos de poder a qualquer outra classe social. As instituições do saber, da previdência e da assistência ajudam também a manter o poder político. (…) A verdadeira tarefa política, em uma sociedade como a nossa, é criticar o jogo das instituições aparentemente neutras e independentes; citicá-las e atacá-las de tal maneira que a violência política, que se exerce obscuramente nelas, seja desmascarada e se possa lutar contra ela.