Onde a #ondaverde ganhou da imprensa limpinha e dos blogs sujos?

Acabei de escrever. Vai pra revisão e análise da Revista Global Brasil. Uma reflexão, a partir das interações online, sobre de onde veio essa #ondaverde que contaminou as redes sociais na internet. Minha tese é que ela veio de uma fissura aberta pela tensão entre a imprensa limpinha e os blogs sujos na construção de opinião e verdades sobre as eleições presidenciais, como numa cruzada dialética ininterrupta que acabou por gerar concentração de informação em pouquíssimos nós da rede.

O tsunami verde venceu a grande imprensa porque não caiu na caricaturização midiática de uma Marina, considerada frágil, lulista e somente ambientalista, e inventou uma Marina forte e portadora de uma crítica ferrenha ao desenvolvimentismo dos seus opositores. Saiu da #ondaverde a ideia de Dilma como fantoche de Lula. E, enquanto o PIG constituía uma imagem de Dilma como “amiga de Erenice”, a #ondaverde, nem aí, indagava por que Lula não escolheu Marina no lugar de Dilma. Queriam Lula de qualquer jeito.
De outro lado, a rede verde atropelou os blogs alinhados ao governo Lula, ao demonstrar que o foco da ação em rede deveria levar em consideração um Serra preso a sucessivos governos elitistas, mas não só isso. Não poderia estes, para ser independentes, se pautar numa defesa irrestrita e sem crítica a um desenvolvimentismo a qualquer custo da candidata do governo.

O viral e o orkut nas eleições 2010

No Brasil, pelo o que estou pesquisando, as eleições serão marcadas pelo viral. Nada de Orkut, nada de Facebook, nada de Twitter. O que vai bombar e decidir o voto será, em primeiro lugar, o viral. Junto dele as estratégias de marketing de guerrilha. O viral trará toda a cultura do humor nacional, que é o que manda na internet no Brasil – só ver os milhares de virais já assistidos no país, do “funk de não sei quem” aos personagens bizarros que se tornam célebres no youtube.

O viral tem um componente complicado: o anonimato (como todo mundo sabe, o anonimato sacode a internet, mas é visto por muito como algo covarde). Mas faz parte de sua cultura. O anonimato pode gerar um duplo movimento, o de trolagens e boatarias; ou de adesão colorida, por outro. A trolagem (espalhamento de comportamentos fraticidas, facistas, de má educação) pode fazer forte o candidato que é detonado pelo boato, pois que o vitimiza, tornando-se, portanto, injustiçado e objeto de má fé. Mas o efeito pior é do candidato que o troll busca defender, que, rapidamente,  acusado de estimular a boataria, passa a impressão que é um cara sem ética. Candidato bom age rápido quando é trolado: cria um blog somente para responder a rumores. E leva a melhor. Continue reading