hardt e negri in Rio

Para quem curte a obra do Antonio Negri e Michael Hardt, eles fizeram duas magníficas palestras no Fórum Livre de Direito Autoral, no Rio de Janeiro.

Hartd trouxe uma análise sobre a “abolição das identidades” como projeto política da multidão. E Negri discorreu sobre as relações entre comum, democracia e crise atual.

Todas as palestras do seminário estão disponíveis no site do seminário.

Antonio Negri e Michael Hardt em Vitória-ES

A Universidade Federal do Espírito Santo, a Rede Universidade Nômade e a Prefeitura Municipal de Vitória convidam-no para participar do Seminário Mundo Vix, a ser realizado nos dias 10 a 12 de dezembro, no auditório Manoel Vereza, no CCJE/UFES e no Teatro Universitário:

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MUNDO-VIX
A POLÍTICA DO COMUM: Cidades, Democracia e Globalização

10,11 e 12 de dezembro de 2008

Auditório Manoel Vereza/CCJE e Teatro Universitário
O evento é gratuito e aberto.


Organização:
Departamento de Comunicação Social – UFES
Laboratório de Território e Comunicação – UFRJ
Universidade Nômade
Prefeitura Municipal de Vitória


Coordenação Geral: Giuseppe Cocco

Coordenação Técnica: Fábio Malini e Gerardo Silva


PROGRAMAÇÃO

Dia 10

15:00 Abertura Oficial – Auditório Manoel Vereza – CCJE/UFES

A Política do Comum: Cidades, Democracia e Trabalho
A proposta do Seminário Mundo Vix é de pensar os desafios globais a partir de uma realidade municipal e, vice versa, pensar o governo municipal a partir desses desafios globais. O desafio é exaltado pela crise terminal do neoliberalismo e o horizonte de incertezas que se abre. A transformação da crise implica na inovação política da discussão sobre as novas dimensões do trabalho, as lutas e as instituições do comum.

João Coser – Prefeito Municipal de Vitória-ES
Rubens Rasseli – Reitor da UFES

Giuseppe Cocco, UFRJ
Fábio Malini, UFES

16:00 a 19:00 – Auditório Manoel Vereza – CCJE

O trabalho da metrópole: redes de cooperação e precariedade

Se o modo de regulação neoliberal do regime de acumulação que caracteriza o capitalismo cognitivo acaba de desmoronar, as transformações estruturais do trabalho que o caracterizam são irreversíveis. Elas dizem respeito à difusão social nas redes metropolitanas de um trabalho que implica na produção de formas de vida por meio de formas de vida e em um regime de controle que passa pela sua sistemática precarização.

Yann Moulier Boutang: Universidade Tecnológica de Compiègne(França)
Paulo Henrique de Almeida: – UFBa

Debatedor: Giuseppe Cocco – Universidade Nômade e UFRJ
Moderação: Vinicius Wu – Chefe de Gabinete da Secretaria de Reforma do Judiciário.


Dia 11
10:00 a 13:00 – Auditório Manoel Vereza – CCJE

Novos governos e movimentos na América Latina
A América do Sul é atravessada por um ciclo político incomparavelmente aberto aos processos de democratização. Em praticamente todos os países encontramos experiências de governo que são a expressão, pelo menos parcial, da critica social ao neoliberalismo e representam tentativas inovadoras de equacionar o quebra-cabeça da exclusão social e o do crescimento econômico. O que as primeiras edições do Fórum Social Mundial afirmavam com força como horizonte aberto de possibilidades aparece hoje em dia como um terreno concreto de inovação política e institucional. Outros mundos são possíveis e essa potencialidade está sendo experimentada na América Latina.

Raul Prada – Grupo Comuna – Bolívia
César Altamira – Universidade Nômade – Argentina
Oscar Vega – Grupo Comuna- Bolívia

Debatedor: Alexandre Mendes – Universidade Nômade – UERJ
Moderador: Henrique Antoun – ECO/UFRJ

PAUSA ALMOÇO

14:30 a 17:30 – Auditório Manoel Vereza – CCJE

O devir-Mundo do Brasil: Mestiçagem, migrações, racismo
Os temas do combate ao racismo, das migrações e da mestiçagem atravessam os movimentos e marcam novos tipos de conflitos dentro da globalização. Nos Estados Unidos, o movimento dos migrantes ilegais constituiu um dos elementos mais importantes das lutas depois de Seattle, em 1999. A revolta das periferias na França mostrou que o centro é atravessado pelos movimentos da periferia. Nesse novo contexto, o Brasil– com suas dinâmicas mestiças – pode constituir-se em um terreno de inovação social e política.

Giuseppe Cocco –UFRJ
Alexandre do Nascimento – Universidade Nômade, Pré Vestibular para Negros e Carentes / RJ
Leonora Corsini – Universidade Nômade

Debatedor: Ivana Bentes – UFRJ
Moderação : Caia Fittipaldi – Universidade Nômade



18:30 – Auditório Manoel Vereza – CCJE

Conferência 2 : A Metrópole e o Comum
No capitalismo contemporâneo, o novo espaço produtivo é a metrópole e suas redes de trabalho difuso. As dinâmicas metropolitanas misturam produção e reprodução e tem em seu cerne a constituição de formas de vida. A Cidade se constitui, nesse sentido, no terreno privilegiado para pensar a relação nova entre lutas e produção, as condições materiais da construção de um Comum que permita aos fragmentos de se recompor em redes de cooperação, de “fazer multidão”.

Michael Hardt – Universidade de Duke – Estados Unidos

Debatedor: Gerardo Silva – UFRJ


Dia 12
10:00 a 13:00 – TEATRO UNIVERSITÁRIO
As Instituições do Comum na Globalização

A América do Sul é o teatro de um ciclo político virtuoso e diversificado que deu materialidade à palavra de ordem do Fórum Social Mundial de Porto Alegre: “um outro mundo é possível” ! A partir de uma grande diversidade de experiências de movimento e governo, as esquerdas sul-americanas se aventuraram na experimentação institucional de radicalização democrática e na reabertura do debate sobre um horizonte não apenas pós-neoliberal, mas também pós-capitalista.

Antonio Negri – Filósofo – Universidade Nômade – Itália
Moderação : Alberto Kopittke : Assessor Parlamentar

PAUSA ALMOÇO

15:00 – – Auditório Manoel Vereza – CCJE

A Crise Financeira Global
Crise do capitalismo financeiro ou crise do capitalismo contemporâneo tout court? De maneira paradoxal, as teses que separam o capitalismo em duas dimensões, uma que seria “real” diante de uma que seria “fictícia” encontram dificuldades a apreender a crise atual. É a economia como um todo que é abalada e o que está em crise é o regime de acumulação, quer dizer de exploração, de um capitalismo que se valoriza pela captura das formas de vida.

Christian Marazzi – Scuola Professionale – Suíça
Joaquin Herrera Flores – Universidad Pablo Olavide, Sevilla – Espanha

Debatedor: Antonio Martins – Le Monde Diplomatique

Negri sobre a crise

Tá aí uma entrevista do Antonio Negri sobre a crise financeira:

Dado que la globalización no es un sueño, sino un realidad, esta crisis, -que ha estallado desde abajo en EE.UU, donde no ha sido una crisis bancaria inventada, sino surgida de un déficit de gasto que debía sancionar la paz social; y cuando este déficit ha saltado por los aires, la crisis ha estallado por esto- se está expandiendo a todo el mundo, porque el mundo es global y no hay soberanía, ni Estado soberano ni banca nacional que pueda defenderse. Llegados a este punto hay dos caminos absolutamente evidentes. Por un lado está el tránsito del nivel financiero al nivel empresarial, de la producción en general. Es una auténtica recesión económica que se impondrá en breve en todas partes. Ya ha sido ampliamente anunciada: todos los índices de crecimiento para el año próximo se limitan para los países centrales a un crecimiento del orden del cero coma algo, para los países emergentes de cifras de un dígito, llegándose al 10 por cien de forma muy excepcional. Por lo tanto, se estabiliza la recesión, es decir, se estabiliza lo que es una gran destrucción de riqueza pública. Aquí nos encontramos con interpretaciones muy extrañas que vienen de personas de la derecha que fingen una autocrítica diciendo: “Ah, estos banqueros delincuentes nos han dejado sin blanca!” El hecho es que las finanzas se han convertido actualmente en un instrumento productivo como los demás. Ya Marx reconocía ampliamente que las finanzas eran un instrumento fundamental para ampliar el campo de las inversiones. Dentro de la globalización, por ejemplo, todo el proceso que ha llevado a países enormes como China e India al umbral de la madurez industrial, todo el gran desarrollo de autonomía, fuera de la dependencia, que se ha dado en América Latina, no hubiera sido posible sin los grandes recursos, la gran organización de las finanzas. Por otra parte, hoy es difícil distinguir el capital productivo de bienes materiales del capital que se organiza en las finanzas. Por el contrario, es casi imposible, no hay posibilidad de distinguir el beneficio de la renta, y la renta financiera se ha tornado absolutamente hegemónica. No hay ningún gran industrial italiano que no esté también en Mediobanca: es decir que no decida los destinos financieros del país con todo lo que ello supone. El problema central es comprender cómo hacer para parar esta deriva: yo creo que esto solo puede hacerse relanzando completamente la capacidad de las poblaciones, de la gente que trabaja, de reconquistar sus niveles de ingresos y por lo tanto de reabrir circuitos de vida, de consumo y de relativa liberación dentro de este ámbito. Pero todo esto no puede hacerse sino a través de las luchas, porque está claro que la forma en la cual hoy el capital se afirma es mediante la represión del consumo más elemental, del consumo de reproducción, por supuesto en los niveles que hemos alcanzado. Y en ese plano se trata de luchar porque –si ahora los capitalistas quieren reconstruir sus fortunas, ¿qué hacen?– deben continuar oprimiendo, comprimiendo las necesidades de subsistencia y reproducción de las multitudes y esto me parece muy difícil.