Howard Dean, o pioneiro da Política 2.0

A política 2.0 não começou com a campanha de Obama. Quatro anos antes, em 2004, Howard Dean inovou com sua campanha política de nicho: forte uso do Meet Up, sinceridade ao extremo (mostrando suas convicções, como crítica a ocupação norte-americana do Iraque) e a estratégia de estímulo à doação de dinheiro pelos eleitores (através de pequenos valores).

Há três anos, no Laboratório de Estudos de Internet e Cultura, na Ufes, debatemos a introdução do livro A revolução não será televisionada, de Joe Trippi, que conduziu a campanha de Dean {mais tarde também a de John Edward, que abandonou as prévias democratas, vencidas por Obama).

Atrás da cortina dessa política negociada, as campanhas se tornaram mais venenosas, mais conscientes do poder da mídia, mais tecnologicamente avançadas, mais caras, intensas, longas, maiores e mais fortes em todos os aspectos, exceto um. Em algum lugar do caminho, eles perderam os eleitores.

Quer conhecer mais a experiência de Dean? leia a tradução livre da ótima introdução do livro de Trippi. {tradução de Maria Elisa}

No Reino Unido, governo usa Youtube

Li isso no Periodista21, de Juan Varela. O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, lançou um canal no Youtube, o 10 Downing Street, para fazer contato direto com os cidadãos do Reino Unido, que postam questões e comentários sobre o seu governo,abrindo uma relação de diálogo online.

Juan Varela, no jornal português Público, titulou a iniciativa de “governo aberto”. Ou seja, governo aberto à comunicação direta com os cidadãos, de forma p2p.

sobre a ciberpolítica pós-Obama

Para quem curte o debate sobre ciberpolítica, segue um ótimo artigo (em inglês), de Crawford Kilian, sobre o impacto da internet nas campanhas eleitorais e na vida política em geral. O artigo é motivado pela exitosa campanha de Barak Obama (em particular, o uso exacerbado da internet).

Destacam-se no artigo alguns argumentos:

  • Clinton e Obama (mas sobretudo Obama) estão a explorar a web para arrecadar dinheiro e recrutar voluntários. Detalhe: essa história de mobilização de um “novo militante” – sem muita ligação ou filiação partidária, mas que participa entregando panfletos, reunindo-se com pequenos grupos etc – é algo muito interessante e, me parece ser, uma dimensão multitudinária própria da internet.
  • a tese é que as tecnologias interativas criaram um novo ambiente político, em que a comunicação é de mão dupla (two-ways). Assim, o marketing político deve, cada vez mais, adotar estratégias interativas nas campanhas. O público quer participar. Ele quer se engajar. E o começo é sensibilizando o público através da internet, principalmente, os estudantes, que têm tempo de sobra para se voluntariar.
  • público de internet adora mashup video, uma nova linguagem também já adotada pelos candidatos democratas. É muito legal ver um vídeo de um discurso de um político todo cheio de referências, que vão de letras de músicas a fragmentos de outros vídeos, numa montagem criativa feito pelos próprios usuários, muitas vezes. Ou um político em diálogo com uma cena de um filme qualquer. Essa mistura de linguagens é muito legal.