Acre e a socialização da bateta

“Quanto mais intensa for a prática democrática, maior é a atividade blogueira de uma região”. Rio Branco, no Acre, me faz insistir nessa premissa que construo sobre a blogosfera.

Rio Branco (AC) é uma cidade blogueira. E das boas.  E é bem marcada pelo blogjornalismo combativo, pelo experimentalismo literário e pela cena cultural independente.  Só isso já produz a fermentação para encontros, desencontros, caras e bocas, implicâncias, comentários, enfim, toda a gama de comportamentos online de uma blogosfera agitada.

Um primeiro dado que descobri, antes de desembarcar, fuçando blog depois de blog, com o uso da metodologia da “bola de neve”, é que existiam algumas publicações virtuais que eram os “nós ricos” da rede. Meu diagnóstico é que, como qualquer rede, a blogosfera acre(i)ana possui seus hubs, que são o Altino Machado, o Coletivo Catraia e o Toinho Alves, verdadeiro fazedores das mentes acre(i)anas. O Altino mobiliza uma comunidade de 1000 visitantes/dia em torno de sua opinião sobre as questões amazônicas. O cara é referenciado em Rondônia, Amapá, Belém… O Catraia é um típico blog coletivo, mantido pela juventude local que não liga muito para o mainstream. E o Toinho, puts, é um poeta, que faz literatura e militância através de um blog que nasceu da orientação de sua filha, a Veriana, menina com texto fulminante e veia blogueira de primeira (comentário breve, link e porrada…). Ela também é culpada pela criação do blog do Altino. Isso há quatro anos, quando tinha 14. Altino gosta de dizer: “estaria morto se não fosse o blog”. Hoje é praticamente a voz jornalística mais independente de lá. E por isso que sua principal receita vem de longe, do Portal Terra (onde publica um blog sobre a Amazônia), ou dos seus usuários (que já bancaram o cara no momento de pouca comida na geladeira).

Eu fiz entrevistas com blogueiros acre(i)anos.  Já estão já em meu laptop. Aguardam edição.É um começo de um trabalho que vai passar por um porrada de lugar. Depois faço virar um blog+livro.

Na Oficina que conduzi, no âmbito do programa Rumos, do Itaú Cutural, estavam presentes umas 25 pessoas. Só cinco não tinham blogs. Entre aqueles que gostam do texto-bits, uns usam o blog como ponte para o jornalismo, outros atravessaram-na há algum tempo. Contudo, a maioria dos blogs nasce, cresce e morre, com apenas um desejo: expressão.  Na conversa com a galera,  o desejo maior é não se deixar reger. Não há maestros.  A bateta é de todos.

No mais, não dá para deixar de registrar algumas experiências bacanas, em campos distintos, que vale à pena socializar com quem me acompanha neste blog. São os seguintes blogs acre(i)anos que é legal prestar uma atenção, porque acontece neles muita experimentação na linguagem (fiz uma seleção baseada na produção contínua de posts):

* poesia, contos e crônicas

http://www.umcasopoetico.blogspot.com/
http://amanitamuscariaa.blogspot.com/
http://linhadomeio.wordpress.com/
http://memoriacre.blog.uol.com.br/
http://soutodotorpor.blogspot.com/
http://www.minhausencia.blogspot.com/
http://www.escrupulosa.blogspot.com/
http://eubebo.blogspot.com/
http://forasteirismo.blogspot.com/
http://www.varaldeideias.com/?p=81
http://antigasternuras.blogspot.com/
http://expressaoacreana.blogspot.com/
http://gisellexl.blogspot.com/
http://onexoeeu.blogspot.com/
http://www.victorcontraasnuvens.blogspot.com/

* afirmação de identidade coletiva
http://almaacreana.blogspot.com/

* de expressão livre (artigos)
http://www.edineimuniz.blogspot.com/
http://www.leonildorosas.blogspot.com/
http://www.ac24horas.com/blogdocrica/
http://www.oaltoacre.com/images/stories/blog/blog/bloglima/bloglima.html
http://www.gilvanalmeida.blogspot.com/
http://blogdobrana.blogspot.com/

* de crítica especializada
http://www.sandersonmoura.blogspot.com/

* de articulação social e institucional
http://metalacre.blogspot.com/
http://www.culturarb.blogspot.com/