Semana passada rolou em Vitória, o IV Foco, que este ano debateu as redes virtuais e a constituições política do presente. Houve uma porrada de temas e queria escrever alguma reflexão (um pouco resenhada) sobre a crise da comunicação de massa e o novo padrão de distribuição comunicacional: o viral.
Sobre a crise, o ponto fundamental é a insistência de o usuário afirmar a sua dimensão produtiva. Nasce (e morre) a todo instante blogs, sites, fotologs, comunidades virtuais, moblogs, vlogs, jornais participativos, fotos tagueadas, enfim, uma infinidade de publicação multimídia, que tematiza desde a parafuseta da motocicleta a testemunhos de ataques do PCC em SP. A eleição 2006 mostrou o poder em rede desses veículos, um poder de resistência ao discurso pronto para o uso da grande imprensa. O interessante é que não dá para conceituar esse movimento como uma imprensa ou comunicação alternativa, pois todos esses veículos não nasceram de uma preocupação de ser contra o discurso midiático, mas se constituir em uma caixa de ressonância do que circula nos mass media e um espaço de produção de expressões próprias (como blogs literários, fotologs do time de futebol etc). É um poder absolutamente em rede.
O que vemos é que a comunicação se tornou imersiva. Claro que a natureza da Internet ajuda nessa caracterização. Ao contrário dos outros meios, na Internet você está dentro dela. Na tevê, no rádio ou na imprensa, você é um espectador. Assim, as informações só se popularizam na Internet no momento em que eu as faço circular. Quando se tornam um vírus. Preciso contaminar alguém com o meu enunciado para que este sujeito o encaminhe como uma corrente. É o web a boca, como dizem os espanhóis.
Esse movimento coloca o usuário na figura de um operário da informação. Não há mais graça estar na Internet e ficar como um autista (Mr. Manson, nomeou muito bem durante o Foco). O gostoso é meter a mão na massa e poder construir a minha própria casa (sítio), meu próprio discurso, minha própria expressão. Por isso, que a Internet é mais que uma mídia. É a virtualização da nossa singularidade na forma de bits: my space.
O viral – para além do seu estilo pegadinha – é herdeiro da arte participativa. Já não há mais aquele distanciamento da obra, a obra precisa ser uma construção coletiva na Internet. Sou sujeito e objeto da obra. Eu sou a mídia!