Mais blogs e jornalismo

Post publicado no blog Periodista21, de Juan Varela, defende a tese de que blog não é jornalismo. O primeiro é terreno da comunicação interpessoal, contendo – em poucos casos – informações próprias. O uso está associado com a fragmentação das audiências. Por isso que vejo que os blogs são multitudinários. Como mesmo diz o post do Periodista 21, o jornalista é uma narrativa para grandes audiência. O jornalismo é estética da massa. O blog, da multidão. No texto de Varela, ele denomina os blogueiros de "multidão de testemunhas".

Sinceramente, por eqnautno, esse texto do Varela é a melhor coisa que li sobre o assunto. 

Podem jornalistas serem blogueiros?

Rola solto na blogosfera essa discussão. Para muitos, o papo de jornalista ser blogueiro é simplesmente uma captura, pois, na verdade, o que se é mostrado como blog jornalístico não passa de uma coluna de notas atualizadas em tempo real.

Nos blogs jornalísticos, haveria pouco ou quase nada daquela característica de um bom blogueiro: referenciar ou hiperlinkar. De qualquer modo, já se percebe que mesmo os jornalistas-colunistas-blogueiros estão mudando a forma como escrevem. Então podem jornalistas serem blogueiros? Esse é o título de um artigo que responde em parte essa indagação. 

Sobre o novo conceito de notícia e de leitor

Um pequeno artigo que explicita as mudanças editoriais sucessivas no jornalismo digital produzidas pela Folha de São Paulo. Gostei da simplicidade em mostrar algumas transformações no mundo online que a Folha está atenta:

— quanto à notícia:

"Quando um dos primeiros livros sobre redação jornalística foi escrito, em 1918, o termo notícia era definido como 'algo que sei hoje, mas que não sabia ontem'. nova definição é, sem dúvida, 'algo que entendo hoje, mas que já conhecia desde ontem'."

 — quanto ao leitor:haveria três tipos de leitores.

O leitor "hard reader": habituado a ler o jornal ou para confirmar o que viu em outros meios ou para complementar e aprofundar essa informação

O leitor "browser": acostumado a folhear o jornal, muitas vezes como um hábito social, ele "escaneia" o noticiário para ter uma idéia geral do que acontece no mundo. Vive uma permanente busca de algo surpreendente para ler.

O leitor "turista": aquele que, por uma razão ou por outra, se vê lendo um jornal, muitas vezes sem o hábito de fazê-­lo e de modo exploratório, leve e superficial. 

No Chile, sociedade do controle

As manifestões no Chile continuam. Agora com uma pitada anti-democrática. Suspeita-se que os representantes do governo, no momento de negociação com os estudantes, colocaram gravadores para capturar algum tropeço dos líderes estudantis, e assim desmoralizá-los. Os estudantes notaram que haviam gravadores ao olhar embaixo das mesas se existia alguma "aparelho de captura".

No Chile, a luta se constitui entre uma dimensão material (a proposta estudantil versus a do governo), ao mesmo tempo em que há uma batalha contra a sociedade do controle (dimensão simbólica). Em respostas, bombardearam em seus blogs acusações contra o governo. As escolas seguem sem aluno em todo país.

Os blogs têm mais informação que a mídia, meu povo. Assisto neles vídeo – feito pelos estudantes com edição ao som the The Wall, do Pink Floyd – sobre as manifestações e uma profusão de fotos.

PS: Achei genial a foto. Os estudantes transformam o portão naqueles quadros que quase todos adolescentes têm em casa. Aquele quadro que tem fotos e post-it! O portão virou lugar para post-it! Genial.

O livro em rede

Via o Ecuaderno, cheguei a um post ótimo, publicado por Francis Pisani, sobre o futuro do livro. Ele relata as idéias de Kevin Kelly sobre a nova potencialidade dos livro. Kelly convida a todos a digitalizar livros e torná-lo líquido, solto na rede. A idéia é que livros possam ser hiperlinkados uns aos outros e que surjam comunidades virtuais em torno deles.

Mais importante, "na biblioteca universal, nenhum livro será uma ilha". Podemos inserir vínculos entre eles ou agregar tags. Duas formas novas de criar relações explícitas entre eles. "A hiperligação e o tag poderiam ser duas das invenções mais importantes dos últimos 50 anos", estima Kelly.