Um frasista de primeira

Estou lendo "A Pele da Cultura", de Derrick de Kerckhove (um dos principais discípulos de Mcluhan). Lá pelas tantas cita uma frase maravilhosa de Baudrillard:

"A consciência é um novo produto industrial"

Simples, mas direta. Vivemos cada vez em uma sociedade em que nossa identidade, nossa consciência de estar no mundo, é pautada não mais numa relação eu-outro, mas na eu-mercadoria. Hoje qualquer bugiganga que compramos no supermercado tem estilo, gosto, preferência. As mercadorias pensam: são responsáveis socialmente, a favor do desenvolvimetno sustentável, contra o trabalho infantil etc. A consciência definitvamente é um novo produto industrial.

Achei interessante como Kerckhove rebate Baudrillard. O canadense discorda em parte do francês, ao afirmar que a sociedade é cada vez mais transparentes (as notícias e informação circulam na velocidade da luz) e próxima (sabemos o que ocorre em outras sociedades na velocidade de um clique). Logo as novas tecnologias fazem é ampliar nossas consciências, mesmo em um momento histórico em que a consciência é também um produto industrial. Haveria então uma dialética do estar consciente.

Na minha opinião, estou mais para Baudrillard. É horrível ver que hoje a única opinião das pessoas se expressam através da moda ou dos restaurantes que reqüentam. O sujeito reproduz a consciência industrializada o tempo todo. Vejo que as novas tecnologias possuem um papel importante na possibilidade de reverter esse quadro, mas ela por si não produz nem mais, nem menos consciência. É produto da própria consciência e existência humana.

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