Você não acha esquisito esse fluxo intenso de repetições no Twitter, algo que nós, o povo mais hipermoderninho, chamamos de RT ?
Eu sinto que o segredo desse comportamento repetitivo, nessa coisa chamada de redes sociais da internet, está mesmo é no Gabriel Tarde, o grande teórico da microssociologia. Um teórico que queria entender a similitude de milhões de homens. Um teórico que adorava o mundo do detalhe e do infinitesimal: as imitações, oposições e invenções. E o RT é um fenômeno da microssociologia, porque se trata de microimitações. É mais do que isso: é uma onda de imitações. Uma microimitação diz respeito a um fluxo ou a uma onda, e não ao indivíduo. Quando alguém imita, propaga um fluxo. E o que é o fluxo, segundo Tarde? É crença ou desejo; um fluxo é sempre de crença e de desejo. As crenças e os desejos são o fundo de toda sociedade, porque são fluxos “quantificáveis”, são verdadeiras “Quantidades Sociais”. Então, seria importante ver os RTs menos como representações, se ocupar mais das pontas, e não reproduzir a ideia de individual x social, como se o indivíduo fosse um nó da rede, e o social, os hubs. Na internet, a distinção entre o social e o indivíduo perde o sentido. Porque o fluxo de RTs e de todo tipo de compartilhamento, ao acontecer como um comportamento imitativo, não pode ser atribuído a indivíduos, mas a uma significação coletiva.