A narrativa nas redes sociais da internet

Artigo publicado no livro Princípios inconstantes, editado pelo Itaú Cultural, e depois ampliado para publicação na Revista Lugar Comum.

Fábio Malini
(o artigo abaixo é apenas uma parte do texto original )

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1994. Após um ano em que Tim Berners-Lee apresenta ao mundo o seu projeto World Wide Web, a internet começava a mudar. Até então ela havia se tornado numa espécie de rede intergaláctica de cientistas, nerds e de usuários que se divertiam através das bulletin board system (bbs), comunidades virtuais onde se liam mensagens – sob um fundo preto chapado – sobre diferentes temas, de acordo com o gosto do freguês. Tudo era feio e simples. Porém, muito divertido. As bbs podiam ser criada por quaisquer um que se arriscasse a pegar a sua poupança, comprar uma linha telefônica, um computador Pentium 386, baixar o software spitfire, ficar dias lendo tutoriais, para até chegar o grande momento em que criava online o seu “clube bbs”. Para se conectar a ele, cada sócio pagava uma graninha, que geralmente era revertida na compra de equipamentos para tornar ainda melhor a performance da rede. Nessa internet de raiz, todo mundo podia ser, em tese, uma UOL, um Terra, uma AOL.

Contudo, as bbs se foram. E, com a popularização da web, em 1994, logo surgiu o site. Agora era mais atraente ficar num chat animado – e com design em cores – do que ficar naquela tela preta do DOS, com sua chata interação através de comandos de teclado. E foi em 1994 que um caboclo chamado Justin Hall, estudante de jornalismo em São Francisco e estagiário da revista Wired, decidiu publicar em seu site,  Justin´s Link, relatos da sua vida cotidiana. Escrevia coisas como o suicídio do pai até às suas aventuras amorosas através desse log (diário) virtual. Hall criava a partir dali um dispositivo de escape para uma solidão típica daquele ano recheado a Guerra da Bósnia, eleições na África do Sul e genocídio em Ruanda. Mais. Ele criava uma forma de constituir uma presença online, estabelecendo relações entre aqueles que compartilhavam e consumiam vida através, agora, da web. Porque a web, diferente das bbs e sua noção de clube, onde entra quem pode e quem curte “aquele” tema, é um ambiente totalmente aberto, totalmente público.

blog: onde tudo começou

Essa publicização da intimidade revelava um caminho catártico de constituição de si. O site de Justin trazia vida real a ele, mesmo que, na aparência, fosse ele que levasse a sua vida real aos outros.  Foi imediato o aparecimento de toda uma comunidade virtual em torno dos seus relatos. Era aquele devir bbs, de compartilhamento de ideias, de interação mútua e de participação, que se afirmava agora numa cultura nova, baseada no mito da transparência total. Justin Hall tornava-se ali o pai fundador do diário virtual.

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jornalismo e blogs

Especial legal sobre blogueiros e jornalistas. É produzido pelo blog Digestivo Cultural:

Jovens blogueiros, envelheçam, por Rafael Rodrigues

Blogueiros versus jornalistas?, por Lisandro Gaertner

Jornalismo em tempos instáveis, por Luiz Rebinski Junior

Jornalismo de todos para todos, Gabriela Vargas

Blog precisa ser jornalismo?, Rafael Fernandes

Jornalistossaurus x Monkey bloggers, por Diogo Salles

Papel, tinta, bluetooth e wireless, por Tati de Roterdã

Felafacs discute blogosfera

Via Segundo Plano, me informo que a revista da FELAFACS, Dialogos de la comunicación, debate, em seu número atual, a blogosfera, através de estudos e entrevistas. Há dois artigos brazucas. Um deles do professor Marcos Palácios, da UFBA.

Nas entrevistas, todas disponíveis em áudio, os autores respondem questões como: o que são os blogs, se eles são meios de comunicação, em que medida revolucionam a web, para que serve os blogs etc.

Mais uma boa fonte de informação e debate sobre blogosfera. Segue o sumário:


Los blogs en la comunicación empresarial
Dra. Amaia Arribas Urrutia (México)

Os blogs no ensino do jornalismo:
Relatos e reflexões a partir de experiências pedagógicas
Beatriz Ribas / Marcos Palacios (Brasil)

Periodistas iberoamericanos con voz en la blogosfera

Bella Palomo (España)

En busca del sujeto extraviado. Reflexiones en torno al estudio de blogs

Dorismilda Flores Márquez (México)

Blogósfera en Rusia

Elena Igorevna Dityatkina (Rusia)

Perfil del blogger hispano. III Encuesta a Bloggers

Fernando Garrido y Tíscar Lara (España)

Los blogs no amenazan al periodismo

Gerardo Albarrán de Alba (México)

Os Blogs e a Comunicação no mercado digital e virtual

Helaine Abreu Rosa (Brasil)

Reflexiones sobre la pecera mediática

Jerónimo León Rivera Betancur (México)

La percepción mediática de los blogs: del miedo al intrusismo al intrusismo de los medios

Dr. José Manuel Noguera Vivo (España)

La angustia estilizada. El blog como actuación interpersonal

Luis Sandoval (Argentina)