Me sinto com a alma lavada com esse manifesto pró-cotas, no dia em que comemoramos 120 anos de abolição. Há trechos fabulosos, como este:
O discurso dos adversários das cotas não se caracteriza exatamente pela coerência. Primeiro, quando as cotas são constituídas a partir de uma lei estadual – aprovada por quase a unanimidade dos representantes do povo – sancionada pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, os adversários defendem a autonomia universitária e recorrem à Justiça; quando essas medidas são adotas por conselhos universitários no uso de sua autonomia, eles novamente recorrem à Justiça. Dizem reconhecer que os negros são discriminados – portanto, identificáveis–, mas afirmam que não é possível identificá-los para fins de ação afirmativa. Argumentam enfaticamente que raça não existe, mas defendem a “democracia racial” (?) e a “miscigenação”, ou seja, a mistura das mesmas raças que sustentam não existirem. Ao mesmo tempo, negam que a miscigenação é uma multiplicidade de cores, de conhecimentos, de possibilidades criativas. Dizem que a educação é a solução, mas não se engajam com o mesmo vigor nas campanhas pela melhoria do ensino público e se mobilizam contra a democratização do ensino superior”.