Absolutamente sou contra a tese de que os blogs representam a fragmentação do espaço público. Mas há quem aposte na tese moderna meio habbemasiana. Trata-se do livro Blogs e a Fragmentação do Espaço Público, de Catarina Rodrigues, pesquisadora da Universidade da Beira Interior (UBI), em Portugal. O livro tem uma versão para download.
Sou contra a tese de fragmentação pois:
1. A idéia de espaço público, para mim, é transcedental. Nada acontece na praça (símbolo do espaço público) do meu bairro há pelo menos uns 30 anos. Nem sei se aconteceu algum acontecimento público por lá. Aliás, a praça está mais ocupada por uma galera meio marginal do que pelos atores sociais que possibilitam a transformação do mundo. Aliás, a única praça de fato ocupada é a de alimentação nos shopping centers, chamadas pelos arquitetos de currais pós-modernos.
2. Sou macluhaniano neste ponto. A fragmentação não é uma invenção da blogosfera, mas uma invenção do livro, que criou a noção de público e a de indivíduo isolado. O eletrônico possui outro estatuto ontológico: faz parte do ser eletrônico viver em uma consciência planetária. Não há empiricamente como afirmar que um sujeito conectado está isolado do mundo, num eu egóico. Então, ao contrário da tese da fragmentação, defendo que a blogoesfera é um campo de integração de opiniões, experiências e atitudes de e na rede.
3. Não há fragmentação na blogoesfera. Há só comutação, sujeitos conectados ou possivelmente conectados. Não é da função do blogueiro produzir opinião pública, mas opiniões singulares em rede. O público na rede é líquido (é multidão).
Malini… Muitas convergências entre nossos blogs, hein. Também postei sobre o livro da Catarina, mas abordando o capítulo 3 somente. Título do capítulo? Blogs e Jornalismo… Viu como isso me atormenta, né…
Abraços
Ariani
.. e de quê adianta toda essa troca maravilhosa de opinião e constituição do espaço público num lugar (ciber-lugar) que requer tecnologia, ou seja, um determinado poder aquisitivo para que se possa participar? Belo conceito de espaço público esse, que considera que população marginal distinta dos atores da transformação social. De que transformação você está falando, e pra quem?
(deixo o end. de meu blog para não divulgar meu e-mail abertamente, mas caso você queira continuar essa conversa, pode passar lá.)
Toda tecnologia requer “poder aquisitivo” para que dela se possa participar. Então, não entendo a contradição.
A questão não me parece somente de renda (ou pela sua lógica, de acesso).
O que adianta um acesso universal, como no caso da TV, se o espaço público é a nós imputado?