Giuseppe estava afiado. Cotagiou a platéia também a sair do clichê midiático que a solução brasileira é a redução de juros e a mão salvadora do Palocci.
A solução no Brasil passa pela radicalização da democracia. 1 milhão de dólares para despoluir a baía de Guanabara pode ser nada se não houver democracia. Pode ser uma cifra inflacionada. Vai passar o tempo e baía vai continuar poluída. Os juros é um problema do Brasil, mas a redução deles não necessariamente resolve os nossos problemas. Isto porque a maioria das pessoas não tem sequer conta bancária. E pior do que os juros são os preços. Para o pobre, é melhor ter juro alto para ter preço baixo. Do que ter inflação. Henrique Cardoso ganhou duas vezes a eleição pois optou por isto. Não há como a gente esperar mais uma política econômica salvadora. A política econômica não vai possibilitar a universalização do emprego salarial. Esse é um horizonte impossível, mas que as esquerdas ainda acreditam, de forma abstrata. A política econômica está presa à irreversibilidade da globalização, à interdependência dos mercados. Temos que optar e perceber que é a política social – e não só a econômica – que pode modificar a estrutura econômica brasileira. Veja o caso da bolsa-família. É uma política para os pobres. É uma política revolucionária. Apesar de alguns setores do governo e da sociedade pensar que ela seja só uma política compensatória. O pleno emprego não é mais horizonte. Ter renda, hoje, é poder construir a condição a priori para ser produtivo. Antes, no pleno emprego, ser produtivo é uma condição a posteriori. Só tendo salário pode se ser produtivo. A bolsa família, ao possibilitar a renda, impulsiona o cidadão para uma produtividade. As cotas também são revolucionárias, pois insere na produção de saber aqueles que sempre foram marginalizados pelo Estado autoritário e racista . O saber é o centro do capitalismo atual. Então são as políticas socias que possibilitam a integração econômica. Não há como esperar uma nova política econômia para ser política social.