Aquilo que era esperado de Antonio Negri seria o comentário sobre a crise política no Brasil e o devir esquerda. Engraçado que a fala era esperada no mesmo dia que o P-SOL se envolvia com a crise também, com o recebimento de mensalinho de um senador do partido. Negri contextualiza a crise política brasileira como algo que não se restringe à nossa localidade.
"Não me assusta a crise. A crise envolve um impulso descrescente da política, ao mesmo tempo em que há um impulso crescente das lutas sociais. Veja o caso das lutas globais. Se é verdade que o ciclo de lutas globais está em crise é porque o poder neoliberal também está. Eles [o poder americano] perderam. E há nessa forma de perda a derrota do capitalismo. As lutas políticas tem de acontecer novamente. Elas que vão mexer com o capitalismo. Na Europa por exemplo, elas estão ocorrendo. É a luta do precariado. Contra as formas de precarização do trabalho. A luta é por deslocamento, pela renda mínima. É o cognitariado tirando impulso, força, da miséria em que se vive. É tão séria que a luta é também contra o sindicalismo. Por que o sindicalismo defende o emprego, benefício somente pra quem tem salário. No Primeiro de Maio o precariado foi às ruas também contra os sindicatos que não mais o representa. É só dentro desse quadro geral de crise que podemos resolver os problemas".