pensar é esquecer diferenças

No final do conto “Funes, o mentiroso”, de Jorge Luis Borges, refleti sobre a sua frase seguinte:

“Pensar é esquecer diferenças, é generalizar, é abstrair” (Borges).

Fiquei a interpretar, se o homem prático, que tem paixão pela ação, por querer sempre os detalhes das coisas, não é condenado ao não-pensar e, com isso, a ausência de projeto de vida. Por outro lado, ao somente pensar, ao esquecer as diferenças, o homem intelectual não ficaria sempre condenado a um projeto transcedente?

Questões.

1 Comentário

  1. FM: “… ao somente pensar, ao esquecer as diferenças, o homem intelectual não ficaria sempre condenado a um projeto transcedente?” // FM não entendeu o que Borges colocou: ““Pensar é esquecer diferenças, é generalizar, é abstrair”. O que isso aí está a dizer? Caso raciocinar pela expressão “generalizar, abstrair” é mais fácil de entender. Como é a mente reúne conhecimento cognitivo? Por meio de Situações Paradigmáticas/SP. Um estudante de medicina, no final do curso conhece “n” (uma barbaridade) de SPs a respeito do ser humano. O estudante de engenharia, no final do curso conhece “n” (outra barbaridade) de SPs sobre construções, materiais, equipamentos e usos e empregos. Veja bem FM. Toda vez que a mente recorre a uma SP está feita uma generalização, um abstrair, um esquecimento de diferenças. Imagina uma situação assim: a) o indivíduo adentra num shopping qualquer enorme (Conj. Nacional, av. Paulista/SAO) – as opções são enormes para sua mente, diferenças mis; b) ele adentra no recinto da Livraria Cultura – as opções são “infinitas” pra mente, diferenças mis; c) está diante das gôndolas da área de Medicina – há “n” opções pra mente, diferenças mis; d) apanha volume sobre Diagnóstico Precoce do Câncer – as opções são variadas pra mente; e) acessa o capítulo Tumores Benignos do Ovário – há algumas opções. E então FM, percebeste o processo a que Borges se refere? Várias SPs foram “processadas” desde o ingresso na Av. Paulista até ter o livro nas mãos e as vistas no capítulo do assunto de interesse. A medida que as diferenças eram enormemente reduzidas a mente mais e mais abstraía até chegar ao máximo de abstração: num parágrafo de um livro numa gôndola de uma livraria num shoppíng numa avenida de uma metrópole…O que significa abstrair para a mente? Nada mais nada menos que se concentrar ao máximo numa Situação Paradigmática. (fim)

  2. CalvinHr,

    Valeu pela contribuição, embora, a minha é somente uma especulação, talvez até mais exógena ao texto, que não buscava explicá-lo ou abstraí-lo.

    No mais, gostei da sua interpretação. E me veio, a partir dela, uma derivação: na sua argumentação, pensar então é um ato de escolha?

    abraços, FM

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