Conferência magnífica de Claudio Ulpiano sobre liberdade

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Um dos mais brilhantes filósofos brasileiros faz longa argumentação sobre “pensamento e liberdade em Spinoza”. Há uma bela passagem em que Ulpiano faz duras críticas à noção de consciência (o primeiro gênero do conhecimento spinozista). Para ele, todo Ocidente embarcou na concepção socrática em que o centro do homem é a sua consciência, quando, para Spinoza, esta é apenas efeito das forças externas que atravessam o ser humano, portanto, o ser humano consciente é sempre submisso às forças exteriores a sua vida.

“Há um perigo imenso de sermos governados pela consciência porque temos hoje uma pedagogia que nos constitui apenas como consciência. Por quê? Porque a pedagogia do Ocidente – a pedagogia das forças do capital – se preocupa em produzir seres fortes no campo econômico, mas sem nenhum força no campo político. Vocês procurem qualquer família por aí e verão que toda questão dela é reproduzir uma criança sadia e forte no campo econômico, mas que não tenha força no campo político. O que quero dizer é que se nesta família passa uma literatura, ela passará sem força; se nesta família passar uma filosofia, passará sem força, porque é questão do nosso campo social é apenas produzir consciências”.    

 

Tim Berners-Lee e o futuro da web.

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O criador da web conta como surgiu o o invento que transformou a maneira de uso da internet. Uma influência para criar a web teve a ver com a convivência de Berners-Lee com computadores diferentes no laboratório onde ele trabalhava como engenheiro de software. Essa diferença de linguagens o estimulou a criar um protocolo comum de acesso aos documentos virtuais existentes neles. “Dados são relacionamentos”, destaca.

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Foucault: é preciso desconfiar das instituições independentes

Foucault atirando:

Uma das tarefas que me parece urgente, imediata, antes que nada, é que ao menos na socedade européia, é habitual considerar que o poder está localizado nas mãos do governo e que se exerce graças a um determinado número de instituições específicas, como a administração, a polícia, o exército e o aparato do Estado. Essas instituições estão feitas para transmitir decisões, para que se apliquem, e castigar aqueles que não as obedeçam.

Creio que o poder político se exerce também por mediação de um determinado número de instituições que aparentemente não têm nada em comum com o poder político, que aparecem como independentes quando na realidade não são. Isso se poderia aplicar a universidade e ao conjunto do sistema escolar que na aparência está feito pra distribuir o saber e na realidade pra manter o poder a uma determinada classe social e excluir dos instrumentos de poder a qualquer outra classe social. As instituições do saber, da previdência e da assistência ajudam também a manter o poder político. (…) A verdadeira tarefa política, em uma sociedade como a nossa, é criticar o jogo das instituições aparentemente neutras e independentes; citicá-las e atacá-las de tal maneira que a violência política, que se exerce obscuramente nelas, seja desmascarada e se possa lutar contra ela.

Benkler: “Por 150 anos tivemos uma economia da informação. Mas ela era apenas industrial”

Nesta palestra, Yochai Benkler faz um balanço sobre o modo de produção na sociedade digitalizada. Diferente das abordagens que fixam o informacionalismo como superação do industrialismo, Benkler vai no sentido oposto, argumentando que a economia da informação já exista há 150 anos, mas totalmente atrelada às dinâmicas fabris do capitalismo industrial. “Em 1835, James Gordon Bennet fundou o primeiro jornal de circulação de massa na cidade de nova York. E custou cerca de 500 dólares para começá-lo. Em 1850, fazer a mesma coisa chegaria a custar dois milhões e meio de dólares. (…) O que significa que aqueles que estavam produzindo tinham que ter um meio de levantar dinheiro para pagar aqueles dois milhões e, depois, mais para o telégrafo e o transmissor de rádio, e a televisão, e eventualmente a central de rede. Foi assim que a informação e o conhecimento foram produzidos pelos próximos 150 anos”, aponta.

Contudo, com o advento da internet, a tendência da “economia da informação” foi mudada. Hoje há um novo modo de produção social, que passa pela economia das trocas e do compartilhamento de ideias e dados. “Pela primeira vez depois da revolução Industrial, os meios mais importantes – os componentes mais importantes das atividades econômicas centrais – estão na mão da população em geral. Nós temos capacidade de comunicação e computação nas mão da população, e nós temos criatividade humana, sabedoria humana, experiência humana”.

Benkler, destacado pesquisador sobre a produção colaborativa, insiste na determinação de uma economia dos bens comuns, que é capaz de produzir com mais rapidez e mais qualidades processos de inovação, a aprtir de novos parâmetros de governança (a colaboração social) e novos modelos de propriedade intelectual.

Imperdível vídeo.