a regra do 1%

Artigo de Charles Arthur, no The Guardian, demonstra a chamada “regra do 1%” na internet:

num grupo de 100 pessoas online, apenas 1 produzirá conteúdo, 10 interagirão com ele (comentando ou fazendo melhorias) e 89 apenas o consumirão. A regra é exemplificada através de dados do Wikipedia (70% dos artigos são escritos por 1,8% dos usuários, 50% de todos os artigos são editados por apenas 0,7% dos usuários), YahooGrupos e sites de comunidades virtuais.

duas teses contraditórias:

1. a regra é silógica, pois o tratamento do percentual relativo (o 1%) não faria sentido, à medida que o dado absoluto (total) é criado a partir de uma microdinâmica produtiva, em que todo conteúdo é gerado por líderes de pequenas audiências. O dado absoluto (o número total de verbetes, grupos de discussão, comunidades etc) é gerado por uma lógica da nanoparticipação, em que um nó carrega sempre um pequeno mundo. Juntar pequenos mundos e tirar conclusões, como a da falta de participação na criação de conteúdos, seria uma operação silógica, à medida que esconde o fato de que 1% de 200 milhões de usuários do Youtube é igual a 2 milhões de produtores, algo inédito na história da produção midiática.

2. A web ainda seria um espaço marcado pela cultura do download, do consumo, tal como é qualquer veículo de comunicação de massa.
bom tema para um artigo.

o jornal como um blog, o Figaro

O Figaro acaba de se tornar o jornal francês online mais lido, desbancando o Le Monde. O motivo, segundo o jornal, é adoção de vários serviços de informação, como blogs, minisites de cobertura local, publicações temáticas (feminino, de finanças, guias de lazer, etc) que atraiu um novo tipo de audiência para dentro do jornal. A audiência do periódico pulou para 4 milhões de visitas diárias, contra 3,5 do principal concorrente.

A curiosidade é no design do jornal, que radicaliza ao adotar um formato blog. Há outras três interessantes características do Figaro:

  • todas as matérias possuem comentários.
  • as matérias são dispostas em cronologia inversa, reforçando a lógica breaking news e se afastando da tradicional lógica da capa (com matérias distribuídas por ordem de importância). Nesse formato blogueiro, tudo é notícia, embora é “mais notícia” aquele fato mais fresco.
  • Tudo na home. Não tem muita novidade dentro do jornal.

Via 233grados