uma nova ecologia midiática

Para quem curte o debate sobre a reestruturação midiática contemporânea, vale à pena uma reflexão sobre esse diagrama abaixo (construído por John Hiler), que mostra o forte hibridismo (ou simbiose, como é afirmado) entre a atividade jornalística e a interatividade com o leitor/usuário. A tese é conhecida: as redes sociais e os blogs alargariam o campo jornalístico, difundido e debatendo as histórias que circulam no mainstream midiático.

Contudo, há também um trabalho autônomo de jornalismo: reportagens testemunhais, checagem de informações divulgadas pela imprensa e análises em geral.

Mas o importante é a simbiose mostrado no diagrama. No centro, os jornalistas de diferentes veículos. Estes continuam atuando de forma clássica: cultivar fontes, que lhe oferecem informações e histórias. Na base, novos ecossistemas de comunicação, marcados por veículos impulsores de idéias e notícias. Esses canais são, na verdade, novos circuitos de difusão, como comunidades de conversação e relacionamento (orkut, facebook, msn etc), sites de notícias colaborativas, mídias pessoais (como blogs) e redes sociais de trocas p2p (bittorrent, youtube etc).

Essas informações, processadas por jornalistas, acabam retornando para o público na forma de histórias. Essa retroalimentação contínua constitui a própria base do ecossistema da mídia online.

tradução de texto de Joe Trippi

Uma tradução livre da introdução (em doc) do livro A revolução não será televisionada, de Joe Trippi. O consultor analisa a campanha de Howard Dean, em 2004, nas prévias democratas. Só para destacar, Trippi organizou uma campanha política que partia, primeiro, da internet. Depois para as outros mídias. Obteve um sucesso tremendo, mobilizando cerca de 600 mil pessoas como participantes da campanha. Mas, Dean hesitou, se assustando com tanta popularidade.

jornalismo e blogs

Especial legal sobre blogueiros e jornalistas. É produzido pelo blog Digestivo Cultural:

Jovens blogueiros, envelheçam, por Rafael Rodrigues

Blogueiros versus jornalistas?, por Lisandro Gaertner

Jornalismo em tempos instáveis, por Luiz Rebinski Junior

Jornalismo de todos para todos, Gabriela Vargas

Blog precisa ser jornalismo?, Rafael Fernandes

Jornalistossaurus x Monkey bloggers, por Diogo Salles

Papel, tinta, bluetooth e wireless, por Tati de Roterdã

Felafacs discute blogosfera

Via Segundo Plano, me informo que a revista da FELAFACS, Dialogos de la comunicación, debate, em seu número atual, a blogosfera, através de estudos e entrevistas. Há dois artigos brazucas. Um deles do professor Marcos Palácios, da UFBA.

Nas entrevistas, todas disponíveis em áudio, os autores respondem questões como: o que são os blogs, se eles são meios de comunicação, em que medida revolucionam a web, para que serve os blogs etc.

Mais uma boa fonte de informação e debate sobre blogosfera. Segue o sumário:


Los blogs en la comunicación empresarial
Dra. Amaia Arribas Urrutia (México)

Os blogs no ensino do jornalismo:
Relatos e reflexões a partir de experiências pedagógicas
Beatriz Ribas / Marcos Palacios (Brasil)

Periodistas iberoamericanos con voz en la blogosfera

Bella Palomo (España)

En busca del sujeto extraviado. Reflexiones en torno al estudio de blogs

Dorismilda Flores Márquez (México)

Blogósfera en Rusia

Elena Igorevna Dityatkina (Rusia)

Perfil del blogger hispano. III Encuesta a Bloggers

Fernando Garrido y Tíscar Lara (España)

Los blogs no amenazan al periodismo

Gerardo Albarrán de Alba (México)

Os Blogs e a Comunicação no mercado digital e virtual

Helaine Abreu Rosa (Brasil)

Reflexiones sobre la pecera mediática

Jerónimo León Rivera Betancur (México)

La percepción mediática de los blogs: del miedo al intrusismo al intrusismo de los medios

Dr. José Manuel Noguera Vivo (España)

La angustia estilizada. El blog como actuación interpersonal

Luis Sandoval (Argentina)

A entrevista de Castells no El Pais

O Thalles já havia me dito que a entrevista do Castells ao El Pais estava ótima. Fui lá conferir, que beleza.

Castells está a lançar um estudo que demonstra que a internet aproxima e não isola as pessoas, como quer o discurso midiático. Além diss, demonstra que a pessoa mais autônoma tende a usar mais a rede.
Ponto interessante é sua hipótese de que a brecha digital está associada à idade. Na Espanha, entre a população acima de 55 anos, somente 25% tem acesso à rede. Contudo, a geração abaixo dos 20 anos, 90% tem acesso. Logo, quando uma geração substituir a outra, a dívida digital vai diminuir.

Outro ponto interessante da entrevista é o reforço de que a internet é um ambiente que abre constantes fissuras no poder, e que os governos – com freqüência – só pensam em controlar a rede (principalmente com aquela desculpa de impedir spam, pornografia etc).

P. Vivimos en una sociedad en la que la gestión de la visibilidad en la esfera pública mediática, como la define John J. Thompson, se ha convertido en la principal preocupación de cualquier institución, empresa u organismo. Pero el control de la imagen pública requiere medios que sean controlables, y si Internet no lo es…

R. No lo es, y eso explica por qué los poderes tienen miedo de Internet. Yo he estado en no sé cuántas comisiones asesoras de gobiernos e instituciones internacionales en los últimos 15 años, y la primera pregunta que los gobiernos hacen siempre es: ¿cómo podemos controlar Internet? La respuesta es siempre la misma: no se puede. Puede haber vigilancia, pero no control.

Relato sem juízo de valor

Segundo os relatos de agência de notícia, o motim francês acabou. Mas não a questão social. O indicador do movimento foi sempre a queima de carro. E segundo o Le Monde, a queima já chegou ao patamar normal de todas as noites anteriores à rebelião francesa.

Bom… eu continuo buscando informações nos blogs. Vai mais uma:

Um relato de Rui Cruado Silva, blogueiro, sobre o que é viver e conviver com o subúrbio francês. É honesto, embora tenha uma visão que criminaliza quem mora no subúrbio. Li esse relato e outros no blog Esquerda Republicana, de Ricardo Alves.

Uma passagem para quem ver o confronto francês pelo ótica exclusiva dos jovens vai uma boa descrição do outro lado:

"[Em] Cronenburg [bairro em Estrassbourg] tinha um sector mais pesado, o sector dos guetos de habitação social construídos nos anos 60 com a melhor das intenções, mas que só serviram para juntar pessoas com os mesmos problemas, tendo contribuído para amplificar aquilo que de pior existe na sociedade, e em particular entre os grupos imigrantes. Nesse sector chamado ironicamente de Cité Nucleaire, onde se situava o CNRS, o meu local de trabalho, havia diariamente ocorrências violentas, que poderiam ser muito violentas de quando em vez. Lembro-me de um velhinho barbaramente atropelado por um BMW descapotável conduzido por jovens violentos, lembro-me de um colega que foi espancado quase até à morte por ter saído do seu carro para afastar um caixote de lixo em chamas que lhe barrava a estrada e lembro-me do carro que foi lançado em chamas contra a loja de atendimento da assistência social. No Natal e na Passagem de Ano era certo que se queimavam por ali para cima de 20 carros de pessoas humildes que juntavam as suas economias de anos para comprar uma bagnole em segunda mão."