4 motivos para escrever, por George Orwell

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Num texto ótimo, George Orwell afirma que todo escritor possui quatro motivos para escrever em prosa. Esses motivos existem em diferentes graus em cada escritor. Para mim, sua teoria vale nao somente para escritores profisionais, mas para blogueiros de todo tipo. Orwell confessa que seu ponto de partida é sempre um sentimento de partidarismo ou de injustiça. “Quando me sento para escrever um livro, eu não digo para mim mesmo: ‘Eu vou produzir uma obra de arte’. Escrevo porque existe alguma mentira que eu quero expor”. Massa! Seguem aí os quatro motivos presentes em qualquer escrita literária.

1. O egoísmo (eu sou muiiiiitoo importante para o mundo).

Desejo de parecer talentoso, de ser comentado, de ser lembrado após a morte… Os escritores sérios, eu diria, são mais vaidosos e egocêntricos do que jornalistas, embora menos interessados em dinheiro.

2. Entusiasmo Estético. (todo mundo que escreve carrega palavras que chamam e lhe apelam)

A percepção da beleza no mundo exterior, ou, por outro lado, em palavras e seu arranjo correto. Prazer no impacto de um som em outro, na firmeza da boa prosa ou no ritmo de uma boa história. Desejo de compartilhar uma experiência que se sente que é valiosa e não deveria ser desperdiçada.

3. Impulso histórico. (meninos, eu vi. E foi assim)

Desejo de ver as coisas como elas são, para descobrir os fatos verdadeiros e guardá-los para o uso na posteridade.

4. Propósito político. (esse é o melhor caminho e não pense desta maneira, mas desta)

Usar a palavra “político” no sentido mais amplo possível. O desejo de conduzir o mundo a uma certa direção… Mais uma vez, nenhum livro é genuinamente livre de viés político. O parecer de que a arte não deve ter nada a ver com política é em si uma atitude política.

por que blogar?

Em comentário ao post da Gabriela Galvão sobre por que se bloga, escrevi o seguinte:

Não sei se blogar é um ato que se resuma a apenas a uma “produção de imagens” de si… Quero acreditar que não. Não é somente uma questão de portfólio.

No final de contas é: alguém quer conversar sobre aquilo que quero conversar?

Talvez essa indagação, própria do blogueiro, se resuma à nossa dificuldade de entender qual é o corpo que estamos a criar na blogosfera.

É então uma questão imanente, né. É uma questão de construir o próprio sentido do mundo, e não se subsumir aos já criados por aqueles poderes transcedentes (a mídia, o Estado, etc).

É aquilo que o Antonio Negri, filósofo que eu curto muito diz, “a verdade é aquilo que construímos”.

Então, o blog é a nossa verdade!

a regra do 1%

Artigo de Charles Arthur, no The Guardian, demonstra a chamada “regra do 1%” na internet:

num grupo de 100 pessoas online, apenas 1 produzirá conteúdo, 10 interagirão com ele (comentando ou fazendo melhorias) e 89 apenas o consumirão. A regra é exemplificada através de dados do Wikipedia (70% dos artigos são escritos por 1,8% dos usuários, 50% de todos os artigos são editados por apenas 0,7% dos usuários), YahooGrupos e sites de comunidades virtuais.

duas teses contraditórias:

1. a regra é silógica, pois o tratamento do percentual relativo (o 1%) não faria sentido, à medida que o dado absoluto (total) é criado a partir de uma microdinâmica produtiva, em que todo conteúdo é gerado por líderes de pequenas audiências. O dado absoluto (o número total de verbetes, grupos de discussão, comunidades etc) é gerado por uma lógica da nanoparticipação, em que um nó carrega sempre um pequeno mundo. Juntar pequenos mundos e tirar conclusões, como a da falta de participação na criação de conteúdos, seria uma operação silógica, à medida que esconde o fato de que 1% de 200 milhões de usuários do Youtube é igual a 2 milhões de produtores, algo inédito na história da produção midiática.

2. A web ainda seria um espaço marcado pela cultura do download, do consumo, tal como é qualquer veículo de comunicação de massa.
bom tema para um artigo.

blogueiro não é jornalista, segundo Imprensa

Está lá na revista Imprensa uma boa matéria sobre blogs e jornalismo:

“Blogueiros e jornalistas são coisas tão diferentes que nem deviam ser discutidas”, afirma Bruna Calheiros, principal figura por trás do blog Smelly Cat, dedicado a curtas e longa-metragens em animação. Apesar da assertividade da blogueira quanto à separação de universos e de sua formação em publicidade, sua página tem abordagem bastante informativa e é constantemente atualizada com as últimas novidades do gênero. Publicou diversos posts sobre o festival AnimaMundi, por exemplo, sem nada dever aos críticos mais tradicionais do setor. Bruna garante que não segue regras e nem pretende fazê-lo: “tenho meu tom, minha maneira e coloco minha personalidade nos textos”. Mas ela pertence a um grupo de blogueiros que se propõem a tratar de certos assuntos tão bem quanto o faria um jornalista treinado para isso, quando não melhor.