coberturinha das eleições

Como todos sabemos, nesta eleição totalmente informatizada, o site do TSE deu pau. Intermitente pracas. Saiu do ar, voltou, depois caiu, depois subiu etc. Isso foi bom para testar o jornalismo multimídia (odei esse termo!) nacional e local.

No ES, o principal portal da cidade, o GazetaOnline, fez uma cobertura medíocre. Notícias desatualizadas, num delay terrível com as parciais do TSE/TRE. Pouca análise.

Então só restou para mim buscar notícia no meu velho radinho de pilha, porque na TV não tinha nada sobre a eleição local. Legal, pelo menos revivi a cobertura noticiosa dos anos 40, que era muito emocionante, dizia meu avô.

Daí que essa história de redação multimídia, que rola no ES, é um slogan publicitário. Redação multimídia significa, por enquanto, o seguinte: um grupinho de coleguinhas fica em um estúdio de rádio recebendo parciais do TSE, que chega de algum estagiário multimídia. O grupinho fica no ar ao vivo narrando as parciais. A TV fica do outro lado da cerca, não integra a tal de multimídia ( no máximo, uns videozinho pequenininho no meu, no seu, no nosso Youtube). E o jornal de papel fica esperando tudo acabar para publicar aquilo que só vai estar na web amanhã, que, na verdade, é a única coisa de análise da campanha (portanto, eu sou obrigado a assinar o jornal de papel ainda!).

TIve que me virar nos 30 por conta do TSE (realmente os caras censuraram a web!). Ainda bem que o site da justiça eleitoral voltou lá pelas 22 horas (antes tive que baixar o programinha infeliz, senão ficava sem informação). Quem confiou no jornalismo capixaba online, na ausência das informações do tse na web, ficou sem saber se o seu vereador ganhou, se o meu prefeito ganhou, se o candidato inimigo teve muitos votos e se no interior as coisas andavam bem para o partido em quem votou.

Ainda bem, meu radinho de pilha me salvou. O velho radinho de pilha. A web ficou por conta do estagiário que só fz clipping de agÊncia de notícia.

No Reino Unido, governo usa Youtube

Li isso no Periodista21, de Juan Varela. O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, lançou um canal no Youtube, o 10 Downing Street, para fazer contato direto com os cidadãos do Reino Unido, que postam questões e comentários sobre o seu governo,abrindo uma relação de diálogo online.

Juan Varela, no jornal português Público, titulou a iniciativa de “governo aberto”. Ou seja, governo aberto à comunicação direta com os cidadãos, de forma p2p.

sobre a ciberpolítica pós-Obama

Para quem curte o debate sobre ciberpolítica, segue um ótimo artigo (em inglês), de Crawford Kilian, sobre o impacto da internet nas campanhas eleitorais e na vida política em geral. O artigo é motivado pela exitosa campanha de Barak Obama (em particular, o uso exacerbado da internet).

Destacam-se no artigo alguns argumentos:

  • Clinton e Obama (mas sobretudo Obama) estão a explorar a web para arrecadar dinheiro e recrutar voluntários. Detalhe: essa história de mobilização de um “novo militante” – sem muita ligação ou filiação partidária, mas que participa entregando panfletos, reunindo-se com pequenos grupos etc – é algo muito interessante e, me parece ser, uma dimensão multitudinária própria da internet.
  • a tese é que as tecnologias interativas criaram um novo ambiente político, em que a comunicação é de mão dupla (two-ways). Assim, o marketing político deve, cada vez mais, adotar estratégias interativas nas campanhas. O público quer participar. Ele quer se engajar. E o começo é sensibilizando o público através da internet, principalmente, os estudantes, que têm tempo de sobra para se voluntariar.
  • público de internet adora mashup video, uma nova linguagem também já adotada pelos candidatos democratas. É muito legal ver um vídeo de um discurso de um político todo cheio de referências, que vão de letras de músicas a fragmentos de outros vídeos, numa montagem criativa feito pelos próprios usuários, muitas vezes. Ou um político em diálogo com uma cena de um filme qualquer. Essa mistura de linguagens é muito legal.

ciberpolítica e eleições 2006

No site da revista científica Razon y Palabra (super indicável!), há a introdução do livro Ciberpolítica, de Carmen Fernandes,  que destrincha o impacto do uso da internet nas eleições até o ano de 2006.

Na Intercom Sudeste 2008, assino, junto com o Gabriel Herkenhoff, o artigo A disputa pela produção dos sentidos nas eleições de 2006: a emergência de uma opinião distribuída. O trabalho busca empreender uma análise do papel da Internet, no que tange suas possibilidades de produção de conteúdo (especialmente blogs, Orkut e You Tube) nas eleições presidenciais brasileiras de 2006 e sua vitalidade na construção de um campo de batalha pela produção de sentidos.

A entrevista de Castells no El Pais

O Thalles já havia me dito que a entrevista do Castells ao El Pais estava ótima. Fui lá conferir, que beleza.

Castells está a lançar um estudo que demonstra que a internet aproxima e não isola as pessoas, como quer o discurso midiático. Além diss, demonstra que a pessoa mais autônoma tende a usar mais a rede.
Ponto interessante é sua hipótese de que a brecha digital está associada à idade. Na Espanha, entre a população acima de 55 anos, somente 25% tem acesso à rede. Contudo, a geração abaixo dos 20 anos, 90% tem acesso. Logo, quando uma geração substituir a outra, a dívida digital vai diminuir.

Outro ponto interessante da entrevista é o reforço de que a internet é um ambiente que abre constantes fissuras no poder, e que os governos – com freqüência – só pensam em controlar a rede (principalmente com aquela desculpa de impedir spam, pornografia etc).

P. Vivimos en una sociedad en la que la gestión de la visibilidad en la esfera pública mediática, como la define John J. Thompson, se ha convertido en la principal preocupación de cualquier institución, empresa u organismo. Pero el control de la imagen pública requiere medios que sean controlables, y si Internet no lo es…

R. No lo es, y eso explica por qué los poderes tienen miedo de Internet. Yo he estado en no sé cuántas comisiones asesoras de gobiernos e instituciones internacionales en los últimos 15 años, y la primera pregunta que los gobiernos hacen siempre es: ¿cómo podemos controlar Internet? La respuesta es siempre la misma: no se puede. Puede haber vigilancia, pero no control.

A exclusão digital e a mulher

Li hoje, no IDG, que 15% dos pobres no Brasil tem acesso a Net. Há militantes do movimento feminista afirmando que a situação piora muito para as mulheres. Isto porque muitas meninas ficam grávidas ou tem de tomar conta dos irmãos. Tudo isso as prende "dentro de casa". O espaço comunitário onde é oferecido acesso À tecnologia é restrito aos meninos. É para mostrar as consequência da pobreza e do machismo.

Aproveito e fui a caça de blogs sobre o feminismo. Achei coisas maravilhosas. Boas fontes:

Odeio os homens (espanhol). Texto, áudio e vídeo. Com bom humor, critica as atitudes machistas. O último post: acaba de ser lançada a língua na forma de vibrador. O humano, ou melhor, o homem, cada vez mais sendo deixado de lado após o advento das novas tecnologias.

Mulheres Violentadas (espanhol). Bem amplo sobre as lutas femininas.

Mulher Atual (espanhol). Portal da Informação sobre questões femininas.

Feminismo e Feministas. Comunidade no ORKUT. É excelente. Um post que li muito bacana foi sobre colocar ou não o nome do marido. Isto é machismo ou não? Li que na França, onde surgiu o feminismo, a mulher é obrigada a colocar o nome do esposo. No México, cada um tem o seu nome e pronto.

Articulação das Mulheres Brasileiras: site sobre movimentos feministas.

Há muita coisa bacana. É só pesquisar.