Online versus impresso

Em artigo para o Media Daily News, Jose Parinas escreveu que 2005 está sendo o pior ano para os jornais diários. Enquanto os jornais online cresceram 25%, os impressos apenas 4%. Os veículos online já representam 5% dos lucros dos impressos.No Slashdot, há um debate interessante do porquê o impresso está perdendo leitor e grana para os veículos online. Tentei sintetizar alguns pontos interessantes:

1. O jornal impresso é arremessado na porta de casa às sete horas da manhã, mas com notícia de meia noite. E às sete já há breaking news na NEt que torna o impresso obsoleto. O correto seria a entrega do jornal à meia-noite.

2. há quem aponte uma transição e não uma morte do impresso. A transição se dá no interior da audiência: da massa ao usuário, ou seja, agora há liberdade de escolha do leitor. Em vez de um ponto de vista, como há no impresso, o online permite múltiplos relatos e visões. No online, os jornais podem oferecer pontos de vistas que o impresso nem sequer pode apresentar.Além disso, estimula-se que os leitores busquem seu próprio ponto de vista.

3. O impresso está se tornando uma linguagem baseada no "comentário alternativo". Alternativo ao padrão de infotneiment da TV. O público ouve e vê notícia na rádio e na TV antes de ler o jornal. Cabe ao jornal esse papel de comentarista.O problema é que há uma tendência do impresso tb se voltar para "people free time".

4. Acesso imediato a fonte. Na net, o usuário pode acessar imediatamente as mesmas fontes que os jornais acessam para produzir suas notícias.

5. O comentário dos resistentes: não há internet que substitua o prazer de ler um jornal impresso em uma "poltrona do papai". Além disso, não há pop-ups, propaganda que salta aos seus olhos o tempo inteiro. A página está fixa sem precisar ficar subindo e descendo a barra de rolagem. Ler o impresso é uma questão de usabilidade. Além disso, não é necessário bateriaspara lê-los.

6. Falta ao online "leg work", ou seja, o trabalho de rua que é o mito do impresso.

7. O impresso produz poucas histórias. Na internet, há inúmeras.

8. A internet possibilita a acesso aos meios alternativos de informação, contudo, mesmo esses possuem textos cheio de inclinações e opiniões que podem conduzir a posicionamentos equivocados.

9. As pessoas estão deixando de assistir TV e ler jornais, ao mesmo tempo, que optam cada vez mais por serviços customizados de informação (como a tecnologia de feeds). O problema que pode ser gerado é de isolamento do mundo. Cria-se um mundo de notícia para si, enquanto lá fora o mundo é outro. Estimula-se a opção pela customização, mas não o pensamento crítico.

10. Online é mais fácila para produzir e distribuir.

Tem mais coisa, depois coloco mais. E porque tem de traduzir e é um saco.

 

Flash Jornalismo

Uma tendência excelente no jornalismo: o flash jornalismo. Trata-se de apresentar conteúdos jornalísticos em linguagem flash, eliminado a idéia de página, que perdura há séculos. Hoje está sendo utilizado para disponibilizar especiais. A navegabilidade é excelente e focada em uma tema específico. No Brasil, o único jornal que adota essa linguagem é o Jornal do Commercio On Line, de Recife. Na Argentina, o Clarin. Alguns dizem que o Flash Jornalism é a quarta geração do jornalismo na web. Há até um livro online sobre o flash journalism.

Conselho de Ricardo Kotscho

Em entrevista para o Observatório da Imprensa, o grande jornalista Ricardo Kotscho opina sobre o jornalismo de blog:

E o jornalismo de blogs?

R. K. – Eu acho ótimo. Eu gosto de jornalismo de todo tipo. Existe o bom e o ruim. Existem coisas bem feitas e picaretagens, nos blogs, nos sites, em todo lugar. É um novo caminho. Nunca poderia imaginar que fosse trabalhar na internet e minha principal atividade, hoje, é colaborar num site.

Por que o jornalismo de blogs é um novo caminho?

R. K. – Porque tudo é informação. Eu sou a favor da democratização da informação. Quanto mais gente estiver informando, mais gente está sendo informada. Mas não é tudo igual. O Noblat é um cara que, apesar de ser muito crítico ao governo e muitas vezes eu discordar dele, é um jornalista profissional que faz um trabalho profissional. E também há picaretas que, evidentemente, usam o espaço na internet para ganhar dinheiro, como existe na imprensa em geral, no Brasil inteiro.

Jornalismo Digital 3.0

Ótimo artigo, em formato wiki, do jornalista Juan Varela. O cara afirma que há três fases do jornalismo digital:

" Periodismo 1.0 es el que traspasa contenido tradicional de medios analógicos al ciberespacio; Periodismo 2.0 es la creación de contenido en y para la Red, sumando sus características de hipertextualidad, interactividad, multimedia, etc. Periodismo 3.0 es la socialización de la información periodística a través de una conversación virtual en la que los participantes intervienen en el propio mensaje"

É cheio de link para melhores aprofundamentos. Ótimo!

Jornalismo vai morrer?

Ótima leitura para fazer: Dominique Wolton, em entrevista para o Clarin, reforça a idéia de que a figura do jornalismo – mesmo com a pluralidade de mídias digitais customizadas, não vai morrer. Ao contrário tende a ser cada vez mais valorizada. Em uma sociedade cada vez mais globalizada, em que as informações são excessivas, o papel da mediação é fundamental.

O jornalismo vai ser o mediador ou eliminador dos excessos. Será?

Só curtir a entrevista.

Desconexão e Jornalismo

Aqui com dor nas costas, comecei a refletir uma questão. O hipertexto tem uma funcionalidade baseada na desconexão. Ou seja, os links (seja lá qual mídia for) não necessariamente tem associação direta com o texto referência. Um texto sobre câncer de mama pode ter um link sobre o INCA. O usuário pode então descobrir o trabalho de intervenção oncológica do INCA. Essa é uma perda de referência (e ao mesmo tempo uma resistência) do texto original.

Imagino q se essa perda de referência acaba produzindo no jornalismo uma desfiliação ao fato narrado, convidando o usuário mais a um zapping do que à informação nua e crua. É uma aproximação mais ao tema do noticiário do que o objeto do noticiário. É a morte completa do lide. Mas sinceramente isto ainda está muito longe do real. Isto porque a linguagem narrada (seja blog ou portal comercial) força o hipertexto a se tornar uma retranca e não uma possibilidade de fuga.

A forma de construção da verdade do fato ainda continua intacta, apesar de alguns abalos.