Em um debate importante, o autor de Global destca que o problema do Brasil não é só o neoliberalismo, mas o Estado:
É preciso colocar a produção do saber no interior das produções das lutas. Isto para acabar com a dimensão elitista brasileira. Acabar com a desigualdade universitária no Brasil. Nomadizar é criar novos espaços de saber e espaços de lutas. No Brasil 2,7% das pessoas estão dentro das universidades federais. Saber no Brasil significa que um outro não saiba. Em um contexto de produção imaterial, de economia do conhecimento, isto nos paralisa. E isto (a não universalização) fez com que a educação superior se tornasse um grande business a partir da década de 90. O problema do sucateamento da universidade no Brasil não é o neoliberalismo. A universidade foi sucateada pelo corporativismo. Para cada professor há cinco alunos na Universidade. Na minha universidade [Cocco é professor da UFRJ] as greves são decididas por 20 professores. E todos os outros 3 mil ficam em casa recebendo sem trabalhar. Muitos não contestam. O neoliberalismo é muito pouco historicamente. São só dez anos. O que sucatea é um estado escravagista, autoritário, patrimonialista, que existe há vários séculos. Com isto não estou tirando o peso do neoliberalismo como produtor de miséria. Mas o problema do Brasil não é o neoliberalismo, é o Estado. O neoliberalismo integra pelo mercado. Dá telefone celular pra todo mundo e depois todo mundo se vira para trabalhar e pagar a conta no final do mês. É perverso isto. Mas a Telerj não conseguiu dá telefone pra todo mundo.