Encontrei esse catálogo de textos (em pdf) – na forma de bibliografia selecionada – sobre redes e novas tecnologias da informação e da comunicação. Todos os textos selecionados estão online. A curadoria do trabalho foi feita pelo NUPEF. É uma ótima fonte de referência para quem estuda cibercultura.
Category Archives: Artigos, Publicações e Debates
Resenha no NYT debate blogs
Sarah Boxer escreve ótima resenha sobre blogs no Times. Sarah faz sua crítica tendo como objeto vários livros recém-publicados, entre eles, o A Cultura do Amador, do odiado e anti-Cristo Andrew Keen.
especial Blogs na Revista Telos
Ótimo especial – na verdade, uma coletânea – de artigos científicos sobre blogs, publicado na revista Telos (em espanhol). Em atenção, há dois excelentes: Un tutorial sobre blogs. El abecé del universo blog, de Antonio Fumero. E Anatomia de los blogs. La jerarquia de lo visible, de Adolfo Estelella.
produção acadêmica sobre blogs
Raquel Recuero organiza o BlogBrasil, wiki de artigos e estudos de pesquisadores brasileiros sobre a blogosfera e seus impactos sociais. Ótima fonte de trabalho.
120 anos de abolição e ainda lutamos por ela
Me sinto com a alma lavada com esse manifesto pró-cotas, no dia em que comemoramos 120 anos de abolição. Há trechos fabulosos, como este:
O discurso dos adversários das cotas não se caracteriza exatamente pela coerência. Primeiro, quando as cotas são constituídas a partir de uma lei estadual – aprovada por quase a unanimidade dos representantes do povo – sancionada pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, os adversários defendem a autonomia universitária e recorrem à Justiça; quando essas medidas são adotas por conselhos universitários no uso de sua autonomia, eles novamente recorrem à Justiça. Dizem reconhecer que os negros são discriminados – portanto, identificáveis–, mas afirmam que não é possível identificá-los para fins de ação afirmativa. Argumentam enfaticamente que raça não existe, mas defendem a “democracia racial” (?) e a “miscigenação”, ou seja, a mistura das mesmas raças que sustentam não existirem. Ao mesmo tempo, negam que a miscigenação é uma multiplicidade de cores, de conhecimentos, de possibilidades criativas. Dizem que a educação é a solução, mas não se engajam com o mesmo vigor nas campanhas pela melhoria do ensino público e se mobilizam contra a democratização do ensino superior”.
o que é cibercultura?
Não, não se trata de uma referência explicativa ao livro de Pierre Levy. Na verdade, cheguei cedo hoje em São Paulo. Aí, comecei a ler, no aerporto mesmo, um texto do Erick Felinto (UERJ), intitulado Sem mapas para esses territórios: a cibercultura como campo de conhecimento. O paper está na coletânea Novos rumos da cultura da mídia, organizada pelo João Freire e pelo Micael Herschmann, ambos da ECO-UFRJ.
No texto, o Erick apresenta um texto de Jakub Macec, que busca definir os conceitos de cibercultura e, em seguida, opera um entendimento próprio sobre o tema. Eu gostei muito da dimensão metodológica que traz o texto do Maceb e do Erick. Na síntese, os conceitos de cibercultura são entendidos como:
— a cibercultura como projeto utópico.
— a cibercultura como interface cultura da sociedade da informação.
— a cibercultura como práticas culturais e estilos de vida
— a cibercultura como uma teoria da nova mídia.
Quem se interessar, busque o livro e leia o texto do Erick. Ou, na web, leia o texto do Macec, denominado Defining cyberculture.
uma nova ecologia midiática
Para quem curte o debate sobre a reestruturação midiática contemporânea, vale à pena uma reflexão sobre esse diagrama abaixo (construído por John Hiler), que mostra o forte hibridismo (ou simbiose, como é afirmado) entre a atividade jornalística e a interatividade com o leitor/usuário. A tese é conhecida: as redes sociais e os blogs alargariam o campo jornalístico, difundido e debatendo as histórias que circulam no mainstream midiático.
Contudo, há também um trabalho autônomo de jornalismo: reportagens testemunhais, checagem de informações divulgadas pela imprensa e análises em geral.
Mas o importante é a simbiose mostrado no diagrama. No centro, os jornalistas de diferentes veículos. Estes continuam atuando de forma clássica: cultivar fontes, que lhe oferecem informações e histórias. Na base, novos ecossistemas de comunicação, marcados por veículos impulsores de idéias e notícias. Esses canais são, na verdade, novos circuitos de difusão, como comunidades de conversação e relacionamento (orkut, facebook, msn etc), sites de notícias colaborativas, mídias pessoais (como blogs) e redes sociais de trocas p2p (bittorrent, youtube etc).
Essas informações, processadas por jornalistas, acabam retornando para o público na forma de histórias. Essa retroalimentação contínua constitui a própria base do ecossistema da mídia online.
sobre a ciberpolítica pós-Obama
Para quem curte o debate sobre ciberpolítica, segue um ótimo artigo (em inglês), de Crawford Kilian, sobre o impacto da internet nas campanhas eleitorais e na vida política em geral. O artigo é motivado pela exitosa campanha de Barak Obama (em particular, o uso exacerbado da internet).
Destacam-se no artigo alguns argumentos:
- Clinton e Obama (mas sobretudo Obama) estão a explorar a web para arrecadar dinheiro e recrutar voluntários. Detalhe: essa história de mobilização de um “novo militante” – sem muita ligação ou filiação partidária, mas que participa entregando panfletos, reunindo-se com pequenos grupos etc – é algo muito interessante e, me parece ser, uma dimensão multitudinária própria da internet.
- a tese é que as tecnologias interativas criaram um novo ambiente político, em que a comunicação é de mão dupla (two-ways). Assim, o marketing político deve, cada vez mais, adotar estratégias interativas nas campanhas. O público quer participar. Ele quer se engajar. E o começo é sensibilizando o público através da internet, principalmente, os estudantes, que têm tempo de sobra para se voluntariar.
- público de internet adora mashup video, uma nova linguagem também já adotada pelos candidatos democratas. É muito legal ver um vídeo de um discurso de um político todo cheio de referências, que vão de letras de músicas a fragmentos de outros vídeos, numa montagem criativa feito pelos próprios usuários, muitas vezes. Ou um político em diálogo com uma cena de um filme qualquer. Essa mistura de linguagens é muito legal.
tradução de texto de Joe Trippi
Uma tradução livre da introdução (em doc) do livro A revolução não será televisionada, de Joe Trippi. O consultor analisa a campanha de Howard Dean, em 2004, nas prévias democratas. Só para destacar, Trippi organizou uma campanha política que partia, primeiro, da internet. Depois para as outros mídias. Obteve um sucesso tremendo, mobilizando cerca de 600 mil pessoas como participantes da campanha. Mas, Dean hesitou, se assustando com tanta popularidade.
genealogia da blogosfera: artigo na Intercom Sudeste
Estou a trabalhar numa pesquisa sobre a genealogia da blogosfera e os seus impactos nas formas tradicionais de construção do fato jornalístico. Na verdade, agora, estou até antipatizado com essa noção de “genealogia”, à medida que, por trabalhar com Deleuze e Guatari, a noção “genealogia” remeteria a um método árboreo da realidade, ou seja, aquele que quer buscar uma causalidade original para um fato social, uma “raiz” do fenômeno, quando, na verdade, a emergência do blog deveria ser lida como um acontecimento, à medida que sua popularização e seus respectivos impactos na forma de produção de comunicação contemporânea são consequências de várias linhas sincrônicas que atravessam a sociedade e possibilitam o desenvolvimento dos blogs como um novo gênero informativo.
Bom, mas tudo bem… vou continuar a ler sobre essa noção de acontecimento nos filósofos franceses. Enquanto isso, vou apresentar parte dessa pesquisa na Intercom Sudeste, em São Paulo.
Por uma Genealogia da Blogosfera: considerações históricas (1997 a 2001)
Fábio MALINI
Universidade Federal do Espírito Santo, ES
RESUMO
Este trabalho apresenta resultados preliminares, da pesquisa financiada pelo CNPQ, que busca apresentar a genealogia da blogosfera, no intuito de constituir – em médio prazo – um marco teórico geral sobre os blogs como novos dispositivos de comunicação. Este artigo, desta maneira, recupera a história de nascimento (em 1997) até o momento em que os blogs aparecem como veículos de comunicação alternativos à cobertura jornalístico do 11 de setembro, abrindo assim o período de impactos sociais dos blogs no modus operandi da produção da agenda de opinião internacional e nacional.