A #ondaverde, #br45il e #dilma13: quem venceu na internet?

Publicado na Revista Global.

Quando acabou o primeiro turno das eleições presidenciais de 2010, uma febre geral contaminou a internet e o país. @Marina_Silva (PV) – a grande vencedora na web brasileira – recebeu quase 20 milhões de votos e empurrou uma eleição, quase ganha pelo PT, para o segundo turno. Logo de início, todo uma comemoração tucana ocorria na rede. Afinal, José Serra (PSDB) foi o que mais se beneficiou com a votação expressiva da senadora pelo Acre. O movimento mais nítido na internet se dava no site Twitter, com a emergência do levante digital #dilmanao. De outro lado, a hashtag #ondaverde (um link que armazena tudo que foi publicado sobre um assunto, no caso, ondaverde) explodia de felicidade, com milhares de usuários relatando o papel que tiveram ao colocar pautas que estavam deslocadas nas candidaturas de Serra e Dilma Roussef (PT). E repetiam o bordão de Marina: “Não vamos deixar a #ondaverde se tornar uma #ondapolitiqueira no segundo turno, por favor”.

Enquanto verdes e tucanos comemoravam, o clima, entre os partidários petistas, era de 2×2, depois de estarem ganhando, fácil, de 2 a 0. Algumas teses sobre o porquê da quantidade de votos de Marina rapidamente se espalhavam; a principal delas: Marina recebeu votos volumosos daqueles que se influenciaram pela circulação na internet de informações difamatórias sobre Dilma. Assim, pelo raciocínio lógico, o ativismo da campanha online de Dilma vacilou e foi trolada, como diz na linguagem internet, quando certo site/pessoa sofre ataques de difamadores e caluniadores, geralmente de gente inexpressiva. Aprofundando ainda mais essa lógica, a conclusão seria breve: surgia no Brasil um novo tipo de conservadorismo, o religioso pentecostal – a religião dos mais pobres, diga-se de passagem.
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a hashtag narrativa: mídia, twitter e colaboração no caso #chuvaNoES

“@henriiquedias: aqui em Vila ‘Veneza’ está pior que terra sem lei, carro na contra-mão, xingamentos e por ae vai. #chuvaNoES”. Twitter for Iphone. 18/11, 22:11

O estado do Espírito Santo, sobretudo a região metropolitana de Vitória, a cada ano, é “surpreendido” por tempestades que trazem inúmeros transtornos públicos (alagamentos, isolamentos de bairros, desmoronamentos, etc). Com frequência, a cidade de Vila Velha é a que mais sofre com essas chuvas, em parte explicado, devido a um investimento tímido em políticas de saneamento básico na cidade, de outra, derivado do isolamento político praticado pelo governo de estado até há pouco tempo.

No ano passado, as chuvas foram tão intensas que, cansados de ver seus dramas serem repetidos em páginas de jornais, os moradores da cidade fizeram o movimento #choravilavelha no Twitter, com a publicação de inúmeros relatos e conteúdos sobre os estragos das águas de novembro. Em artigo, mostrei que o #choravilavelha inaugurava a narrativa participativa p2p no estado, ajudando a formar uma sociedade civil blogueira e tuiteira no ES.

Um ano se passou. E novembro de 2010 faz muito calor. Poucas chuvas. Mas a que aconteceu na última quinta, 18, ninguém vai esquecer, não. Marca principal: ventos chegando a 110 km/h, muita água, trovoadas e prejuízos. A cena dessa anomalia, você, leitor, já deve imaginar. Se não, está tudo registrado na timeline da hashtag #chuvaNoES. Foram quase 2 mil tweets sobre o tema, compartilhados por centenas de usuários da internet.
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Seminário Internacional de Jornalismo Cultural. Eu vou!

Evento internacional de jornalismo cultural promovido pelo Itaú Cultural conta com a com a presença de representantes da The New Yorker, The Guardian, UbuWeb, da Associação de Internacional de Pesquisadores da Internet (Aoir) e do MIT, Revista Época, Folha de S.Paulo, Scream & Yell entre outros.


pRINCÍPIOS iNCONSTANTES, p//i, é o nome da terceira edição do Seminário Internacional Rumos Jornalismo Cultural, a ser realizado entre os dias 8 e 10 de dezembro, na Sala Itaú Cultural, com entrada franca. Os princípios, fundamentos e constantes mudanças na prática jornalísticas são as principais personagens do seminário. Com isso, os debatedores convidados vão conversar com o público sobre temas como o valor da crítica de arte, as novas formas de circulação de informação na música, no cinema, no mundo dos livros etc, o desafio de renovar para preservar os leitores e a audiência na era da competição predatória e da emergência de novas mídias e linguagens. Também serão discutidos os novos requisitos exigidos dos profissionais, especialmente editores, entre outros assuntos, segundo a programação abaixo.
Como debatedores foram convidados Blake Eskin, editor de web da The New Yorker, Alex Needham, jornalista, crítico e editor de cultura do site guardian.co.uk, do jornal britânico The Guardian, Cao Guimarães é cineasta, José Castello, jornalista, escritor, Luís Antônio Giron, jornalista, escritor, editor da seção de livros da revista Época, Mia Consalvo, presidente da Associação de Pesquisadores da Internet (Aoir) e professora do programa Comparative Media Studies do Massachusetts Institute of Technology (MIT), entre outros profissionais.
Na primeira noite do evento vão ser lançadas três publicações relacionadas ao programa Rumos Jornalismo Cultural, edição 2009-2010. A revista pRINCÍPIOS iNCONSTANTES, o Mapeamento do Ensino de Jornalismo Digital no Brasil em 2010 e a :singular2
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Itaú Cultural
Av Paulista 149 [50 metros do Metrô Brigadeiro]
de quarta 8 a sexta 10 dezembro 2010
[ingresso distribuído com meia hora de antecedência]
Entrada franca
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PROGRAMAÇÃO
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quarta 8
17h30 O Valor da Crítica
A demanda por novos especialistas no ambiente de profusão e relevância relativa dos artistas. Se o artista se torna “irrelevante” em termos do impacto de sua presença na sociedade, como se processa a crítica? Serão abordados a crise da crítica, os novos sentidos e os mecanismos e processos de validação na mídia tradicional e nos meios virtuais.
com Fabio Malini, Luís Antônio Giron e Stuart Stubbs mediação Jeder Janotti
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Playlist#15/11 da minha timeline no Facebook

playlist

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Eu faço assim: pego todas as músicas compartilhadas pelos meus amigos do Facebook nas últimas 24 horas e monto a minha playlist do dia. Pego uma música por pessoa, porque tem gente que curte mais do que outras compartilhar o que ouve. O mais legal da experiência é ver que, por causa dessa influência horizontal, passo a curtir coisas que ora estavam na minha memória de forma residual, ora nunca nela habitara.

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Quem quiser ouvir de uma tacada só, tá aqui a #playlist#15/11. Ou você pode ouvir aí acima O legal, na minha experiência pessoal, é que ouço a música e lembro dos meus amigos. Listinha abaixo do que ouvi hoje.

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Playlist #15/11

A Ilha, Nação Zumbi.
La Roux – Cover My eyes.
Florent Pagny – Ma liberté de penser
Tudo menos amor – Martinho da Vila
Refazenda – Gilberto Gil
Rockers part 1
Morphine – The Night
Norah Jones-The Long Way Home
The time (Dirty Bit) – Blak Eyed Peas
Como Dois e Dois – Roberto Carlos – 1971
Los Hermanos no Cine Íris – Sentimental
Kylie Minogue – Get Outta My Way
Lion King / O Rei Leão – Circle of Life

O jornalista-empreendedor

PontodeInterrogação

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Artigo para o dossiê O Que é ser jornalista hoje?

Jan Schaffer orienta, com seu artigo “News  Entrepreneuring”, como sair do lerelerê da redação para o mundo maluco dos negócios, virando um “jornalista emrpeendedor”. No artigo (aqui tem uma versão em espanhol), Schaffer mostra que há um crescimento de jornalistas que deixam a redação para montar o seu próprio site. E indica dez caminhos para aqueles que querem dedicar-se à aventura de ser dono do seu próprio nariz (sem fundo de garantia, sem férias e 13º…). Chegue ao final já com enorme preguiça:

1. Faça uma análise do entorno competitivo.

2. Teste-drive sua ideia.

3. Desenvolva o seu wireframe (a concepção, o conceito, o design e tutti quanti).

4. Defina sua estrutura jurídica (ong ou empresa?).

5. Elabore um plano de negócios.

6. Comunique sinteticamente o que é o seu site.

7. Construa um website.

8. Produza conteúdo.

9. Lance o site com muita festa.

10. Comece a contar a história da sua empresa.

Opinar e punir

A Europa sempre protagonizando a tendência em criar algum tipo de tecnologia de poder dos mais infames. Dessa vez, liderado pelo governo da Espanha, a União européia estuda a possibilidade de controlar bancos de dados em que cidadãos expressem “opiniões radicais na rede”, segundo relatório aprovado em julho de 2010.

Via: Cuarto Poder

A cobrança online transforma jornais em boletins, diz Clay Shirky.

Clay Shirky produziu um excelente artigo sobre o “paywall” das notícias online – a estratégia, reivindicada e implantada pelos jornais de Robert Murdoch, que cobram pelo conteúdo online, criando um pedágio informativo (paywall news). Embora as informações de tráfego desses veículos tenham sido trancadas, Shirky demonstra o fracasso dessa nova estratégia, a partir dos dados das revistas que foram pelo mesmo caminho. Ele afirma que o aumento de assinantes online das revistas decorreu mais por causa da compra dos respectivos aplicativos (para Ipad e Kindle) do que pela assinaturas efetuadas por usuários-web. Assim, devido ao sucesso dos apps, o “paywall news” tem transformado os veículos diários em verdadeiros boletins, focados em públicos compactos e específicos. “O paywall cria newsletters” e reduz a capacidade de circulação de ideias (inscritas nas notícias) em redes sociais, que são um dos principais paradigmas da internet atual.

Desde julho, não-assinantes não podem mais ler histórias do Times encaminhados por colegas ou amigos, nem podem ler notícias linkadas no Facebook ou Twitter. Como resultado, links para notícias do Times agora raramente circulam nos meios de comunicação.

Shirky demonstra que a maior dificuldade para os jornais diários online é o fato de a notícia ser uma commodity: “Quando só você tem uma vaca, você fixa o preço do leite. Agora quando há 50 produtores de leite, se você fixar o preço como desejar, você é destruído pela concorrência”. Assim é o mercado de notícia. No Universo online isso fica ainda mais complexo, porque o “leite” passou a ser extraído por muitos mais concorrentes: rádios, canais de televisão, sites e amadores entraram forte na internet. Imperdível o artigo de Shirky.

A vantagem  de cobrar pelo conteúdo (paywall) é que aumenta a receita vinda dos usuários. As desvantagens são que reduzem leitores, aumento os custos de aquisição/retenção dos clientes e elimina receita publicitária do conteúdo enviado pelo usuário.