para onde vai a televisão digital?

Muitos viram a propaganda das emissoras de TV aberta em defesa da TV gratuita. Todos sabemos que não há almoço grátis, muito menos TV, que é paga pela publicidade e por nós, que somos obrigados a ver e ouvir os reclames.Esse anúncio, quase um teaser, demonstra a disputa política e econômica em torno dos rumos da televisão digital. Por um lado, estão os radiodifusores (com a Gloobo hegemonizando). Do outro, estão as empresas de tele comunicações (e seu forte capital). Tem um terceiro: a sociedade civil organizada. E no centro das discussões: qual é o padrão de TV digital a ser adotado no Brasil. A decisão não é técnica, é política. Como todas as decisões desse mundo.

a questão técnica, primero

É simples o que seja televisão digital. É uma tecnologia (modulação) que possibilita a compreessão digital para enviar vídeo, áudio e dados. Imagina uma brincadeira de criança. Estão lembrados daquele minhocão que a molecada passa por dentro? Nele entra sempre uma criança por vez.

Agora imagina que cada criança pese 20 quilos. Agora imagina um mágico (modulador) que chega e fala: "moleque, vc vai ficar pequeno e pesar 5 quilos! Cabum!".

Pois é… a modulação digital diminui o peso dos programas (a criança) que passam pelo canal (minhocão). E o melhor: pode fazer com que quatro programas entrem e saíam ao mesmo tempo do canal. É como quatro crianças entrassem e saíssem, uma ao lado da outra, no mesmo instante em um minhocão do mesmo tamanho. Resumo da ópera: uma emissora pode virar quatro.

o que muda então?

Essa diminuição do peso dos programas pode produzir várias transformações, depende das tecnologias que fazem isto. E aí são três tecnologias, chamadas de modelos de padrão de Tv digital. O japonês, o europeu e o americano. Parece piada, mas não é. São iguais em quase tudo: utilizam a mesma tecnologia de compressão de audio e de vídeo. O audio por exemplo vai ter o dobro de qualidade do melhor aparelho de TV atual. E os canais Os canais vão do 7 ao 70. A tela terá quase um metro de largura. Tudo isto independente do modelo a ser adotado. A questão é que eles se diferenciam no tal do middleware, que é a modulação.

O padrão americano é ruim, já descartado.

Adotado por mais de 50 países, o europeu usa a definição padrão (imagem de DVD). E privilegia a multiprogramação. São quatro crianças passando, ao mesmo tempo e do mesmo lado, no minhocão. Claro! Na Europa há muitos países. Sempre foi difícil resolver a questão da interferência. Você morava na Alemanha, mas sofria interferência dos sinais que vinham da França, dos países do Leste, da Aústria etc. Por conta disto sempre precisou ter um número reduzido de canais. Depois da televisão digital tudo mudou por lá. Isto por que foi desenvolvido uma modulação que permite, em um mesmo canal, transmitir quatro programas ao mesmo tempo. É como hoje ligássemos no canal da TV Câmara da Alemanha e pudéssemos assistir quatro programas ao mesmo tempo: uma votação no plenário, um debate em um sala qualquer, uma inquirição na CPI e uma resolução das Comissões. Sem mudar de canal. Pois bem… Além disso, há um grande ponto forte: o padrão europeu permite a interatividade. Logo, a televisão pode ser mais um instrumento de inclusão digital no país.

Já o modelo japonês permite a chamada televisão de alta definição, que se traduz numa imagem seis vezes melhor que a de DVD. Só que isto não permite a multiprogramação. É uma criança – muito gorda – passando pelo minhocão. Além disso, possibilita a recepção móvel e portátil, que garante a televisão "gratuita" via celular. Muito bom porque você poderá assistir TV no ônibus ou no carro sem imagem com chuvisco. Não tem interatividade nenhuma. Ele só é adotado… no Japão.

vamos optar por qual?

Qualquer que seja nossa decisão, teremos que adaptar o modelo à nossa realidade. O governo brasileiro há dois anos investe em pesquisa para criar inovação através de um consórcio de 20 universidade brasileiras. Houve grandes descobertas. A maior delas: o middleware paraibano, que permite televisão de alta definição com interatividade. Ou seja, é o modelo japonês com a interatividade européia. Há outras, mas vamos voltar ao tema – da escolha política do modelo.

Há uma tendência em escolher o japonês, graças a força política das grandes emissoras de TV e rádio. Com o modelo japonês (com a inovação paraibana), tudo vai ser mantido. Ou melhor a hegemonia da Rede Globo, que também vai poder oferecer acesso a internet em banda larga, vender vídeo sob demanda e entrar no mercado da telefonia (a voIP, por exemplo). Conta a favor ser 2006 um ano eleitoral. Lula quer um cobertura do pleito menos racorosa dos mídias. O ministro Hélio Costa, que se posiciona como um lobista das emissoras, defende desde julho do ano passado o modelo japonês. Sabe que ele só vai ficar até o final deste ano na pasta. Pesa contra ele o relatório técnico da CPqD, empresa que fez um estudo dos impactos dos modelos na realidade brasileira, mostrou que o japonês vai ser o mais custoso para a população.

Sem contar que, para a sociedade civil, o modelo japonês não gera a multiprogramação. Algo fundamental para ampliação da cultura e da democracia no Brasil, embora todos saibamos que fazer televisão custa muito caro e quem paga é o anunciante – algo que mesmo os movimentos sociais defendem (vide a defesa do apoio comercial que querem as rádios comunitárias). Vamos fazer televisão, mas com verbas publicitárias, dizem. Mas o mercado públicitário não é elástico suficiente para patrocinar tudo.

Para complicar, os japoneses declararam que não cobrariam os royalties por suas tecnologias. O governo brasileiro pressiona para que eles criem uma empresa de chips no Brasil. Algo que não querem.

Para complicar mais ainda, o ministro Luiz Fernando Furlan é o mais árduo inimigo do modelo japonês. Defende o europeu. Mas defende também os interesses das teles, que não têm poder político, mas um enorme poder econômico. E com o padrão do velho continente, as teles poderiam entrar no mercado de radiodifusão. Quebraria a hegemonia da Globo, possivelmente. Como diz o presidente da Vivo, a próxima meta é superar as Havainas. Ou seja, quase todo brasileiro tem uma havaina, as teles querem bater esse número em termos de vendas de celular.

Para complicar mais e mais ainda, a sociedade civil quer multiprogramação. Nem tanto interatividade. Quer que sindicatos, movimento organizados, possam produzir e dinfundir conteúdo. É democrático. É correto. Portanto, são contra o modelo japonês.

Para complicar mais, mais e mais ainda, o Congresso resolveu discutir o tema. Mas sem decidir o modelo.

O governo quer trasmitir um jogo da seleção brasileira no dia 7 de setembro. Algo espetacular. Então seria um golaço fazer a transmissão digital este ano.

Ninguém sabe o que vai ser escolhido. Se for deixado para o ano que vem, as emissoras de TV perdem. Se for este ano, elas ganham. E se ganham, ganhará o modelo japonês com ajustes brasileiros. Logo, a propaganda no ar de defesa da televisão "gratuita" faz parte de um jogo de xadrez.

Futuro do jornalismo digital

Fiquei lendo as entrevistas feitas pelo site oficial do VIII Seminário de Jornalismo Digital, realizado na Espanha. Gostei de uma reflexão de Fernando García Mongay, director del Congreso de Periodismo Digital, um dos entrevistados:Sobre a fase que está o jornalismo digital:

É a história de um jovem que cresce com muito vigor nos primeiros anos, que sofre uma grande crise – nos anos 2000-2001 – e que vai se levantando pouco a pouco até que agora se pode dizer que goaz de uma boa saúde. Este pode ser o resumo da situação do jornalismo digital. Podemos distinguir em três etapas, o auge, a queda, para se aventurar que agora estamos em um momento de paz.

Sobre a polêmica do "jornalismo cidadão":

Em minha opinião pessoal, e que se manifesta no Congresso, é que os jornalistas são que faz jornalismo, e os cidadãos podem fazer informação, mas não jornalismo. Mas é imprescindível manter o rol e o estatus dos informantes na era digital, porque, ademais, a profissao está dando respostas e segue dando respostas aos objetivos que traz o novo suporte.

Regras para design da interação

Parece esquisito, mas preferi traduzir Interaction Design por desenho da interação. É como os designers chamam as estratégias para proporcionar uma interatividade segura com os usuários em suas páginas.

Há um texto maravilhoso sobre isto, em espanhol. Chama-se em bom português Princípios iniciais do Desenho da Interação, de Bruce Tognazzini. Alguns deles:

– antecipação: um bom design sempre se antecipa aos desejos e necessidades dos usuários.
– daltonismo: cuidado com texto colorido. 10% dos aultos são daltônicos.
– consistência: ter estruturas visíveis (ícones, por exemplo) e invisíveis (é como aquela cachorinho da ajuda do world, é invisível, mas não é), atalhos teclados sempre funcionando, evitar a uniformidade, testar um design com a ajuda dos usuários etc.
– eficácia do usuário: busque a eficácia do usuário e não do computador.

Adorei uma coisa neste texto. Ele relata uma tal de Lei de Fitt [o tempo necessário para alcançar um objeto é diretamente proporcional a distância e ao tamanho do objeto]. Agora eu entendi porque eu detesto navegar na internet pelo celular. Os ícones são minúsculos. Na nevagação por desktopo, há páginas que os ícones ficam longe do movimento do nosso mouse. É péssimo isto mesmo.

Uma outra informação bacana é que as áreas de maior clicabilidade de uma páginas são os cantos delas.

Dica do Blog Ecuardeno

"O Linux não é um movimento comunista"

Li no Folhaonline que o presidente da Oracle, Larry Ellison, disse que há uma visão muito romântica do que seja a comunidades open source e dodo software livre. Para eles, são comunidades que só sobrevivem por conta do financiamento das grandes empresas, como Oracle,IBM e Intel.

"Pensa-se que esses desenvolvedores contribuem do nada e não cobram por isso. Deixe-me dizer os nomes das empresas que desenvolvem Linux: IBM, Intel e Oracle. E não uma comunidade de pessoas que pensam que tudo deveria ser gratuito e livre. Open source não é um movimento comunista", disse para uma platéia de desenvolvedores.

É uma questão que realmente toca o núcleo do debate sobre cultura livre ou open. É verdade que grandes empresas investem em pesquisas em códigos abertos. Mas isto não significa que a produção da inovação é produzida por conta dessa grana. É a velha tradição do capitalismo de se comportar como um vampiro.

O problema é o inverso. É a Oracle que é dependente do movimento de software livre. Para sobreviver em um mercado altamente competitivo e que tudo que é sólido se desmancha no ar, a Oracle precisa do movimento de código aberto para que suas tecnologias ganhem mais rapidez de inovação. A Oracle iria gastar muito mais dinheiro desenvolvendo código proprietário. É questão de sobrevivência para ela. Então quem financia quem nesta questão?

Lógico que há aí uma complexidade. O Linux se comporta como capital ou como trabalho? A Oracle se comporta como capital ou como trabalho?

Há um texto do Antonio Negri que ele diz que cada vez mais a economia caminha para um relação entre trabalho versus trabalho. E que caminhamos para uma economia do comum. O que acontece com o Linux é isto: mais que produzir mercadoria, produz o comum. Seus produtos abertos são comuns. É trabalho (códigos livres) contra trabalho (códigos proprierários).

Neste sentido, o comunismo já é uma realidade. Quem faz contra-informação agora é o capital.

Online versus print

Gostei da tecnologia divulgada no blog de Joh Udell. Trata-se de transformar o resultado de busca em linguagem do impresso (com título, subtítulo e lead). Sabemos que há dois modos distintos de buscar informação (online x print):

O interesse pelo conteúdo no impresso: Quero encontrar alguma coisa sobre financiamento da casa própria. Saio escaneando o jornal. Ate que encontro, graças, a estrutura do título (head), subtítulo (decks) e lide (lead, mesmo). Essa estrutura possibilita achar rapidamente uma palavra que leve ao termo que busco informação.

O interesse por conteúdo no online: não se explora o padrão do impresso. O interesse vem de escanear resultados dos motores de busca, tipo Google. Quero buscar informação sobre financiamento da casa própria. Saiu uma coisa louca assim:

Home | Casa Própria. A CAIXA reforçou as linhas de crédito e aumentou o limite para até 90% do valor do imóvel. Agora é só escolher como você vai comprar, …
www.caixa.gov.br/casa/index.asp – 28k – Em cache – Páginas Semelhantes

Imagina se a moda pega. Vai ter emprego e muito para jornalistas!

O Portal como ferramenta de negócio

Dia do blogueiro Denken Ãoeber . Em um post bem legal, chamado de week-log, ele apresentou um série de blogs ou páginas com material interessante sobre internet publicados nas últimas semanas.

Gostei de um texto, publicado no Step Two Design, sobre portais de informação: Taking a business-centric approach to portals. Obviamente tentei – com meu inglês macarrônico – traduzir alguma coisa. Em suma, o texto mostra que há duas definições de portais (voltado para as organizações). A primeira é o "portal como um conceito". A segunda é o "portal como uma solução tecnológica".

Atualmente a maioia dos portais de comunicação organizacional, pelo menos no Brasil, utiliza a visão de portal como conceito. Ele funciona sempre com a figura do mediador de informações, que concetra os nós e os conteúdos. É pouco peer-to-peer, digamos assim. E geralmente fornce serviços como email, espaço de armazenamento de arquivos, my links, calendário da empresário, intranet, página de geranciamento de estoques etc. Bom o autor do text, James Robertson, mostra que esse tipo de portal está focado em aspectos como:

– fornece ao staff um único acesso remoto aos sistemas.
– as informações estão em um único local.
– disponibiliza especialistas para obter informações complexas (cruzadas, por exemplo) nos sistemas e nas tecnologias.
– associa (customizando ou personalizando) a informação às necessidades do staff (grupo ou indivíduo).
– reduz a necessidade de múltiplos logins.

Já o portal como uma solução tecnológica, nasceu com o advento da web, exemplos: Yahoo e Altavista. Primeiro surgiram para dar acesso a outros sites. Era uma porta de entrada para o mundo web. Rapidamente, esse conceito de portal morreu e não vai mais ressuscitar. Contudo, ressurgiu no contexto empresarial. Hoje há empresas de tecnologia que vendem banco de dados, tecnologias para planejamento e apliações para servidores. Neles, há uma única homepage agrega todas as informações ferramentas em um único lugar. E os usários configuram suas páginas.

Cansei de traduzir…

Cinco erros comuns nos blogs

Adorei o post de Eduardo Arcos, em espanhol, do blog Alt1040. Com seis anos de experiência como blogueiro, ele sintetizou cinco erros mais comuns nos blogs:

1. Não linkar. Quanto mais informação, melhor. "Os blogs se nutrem de links". E o legal é mostrar as fontes de onde tirou a informação. Se você jornalista, é legal socializar as fontes. Tira a lógica competitiva jornalística e possibilita uma cultura livre e open.

2. É bom repetir um post que está em outro blog (como faço agora). Quem ler o meu blog, não lê o seu. E vice-versa. "Não estamos em uma área limitada, tampouco, estamos acumulando alguma cosia, não somos um livro, tampouco uma biblioteca. Temos que entender que a pessoa que te lê provavelmente não me lê e aí reside o poder de eco na blogosfera. É possível que um só blog não seja relevante, mas 100 sim. Que uma notícia, post ou tema se repita em dezenas de weblogs não é uma falha, é uma característica dos blogs por si.

3. O blog não é um jornal e o blogueiro não é um repórter. "Crer que o objetivo maior de um blog é chegar a ser um meio de comunicação tradicional é um erro grave".

4. Os blogs não são uma coisa só. "A verdade é que os blogs não são o melhor espaço para os ortodoxos e puristas; não há absolutos em um blog, nem em sua forma de usar, de escrever ou tratar temas".

5. Dar mais atenção ao seu blog e menos aos que não são blogueiros e criticam quem são.

Alguém já recebeu spam de celular?

Eu ainda não recebi. Sei que muita gente também não porque usa pré-pago… Mas já circula na rede casos de usuários de telefonia de celular que estão recebendo spam nos seus aparelhos.

Alguém já recebeu?

Sei que as próximas eleições os políticos vão utilizar o chamado mobile mrketing, ou seja, spam de suas propagandas por celular. "Ei, liguei para vc, aqui é o Lula, quero seu voto. Vote 13". Imagine que apurrinhação…

Agora imagina a muvuc a que gasta 30 contos para ter seu celular pré-pago tendo que receber spam e pagar por isto… sacanagem!

Chat é algo sigiloso?

Tem gente que pensa que chat é terreno para o vale-tudo, desde é claro, que seja algo anônino. No Brasil isto já não é mais assim. O Supremo não aprovou o chat como comunicação sigilosa, como são as no telefone. Logo, aquela conversa que quase todo internauta fez, faz ou fazerá em certos chats podem ser provas contra quem tecla.

Isto abre por exemplo uma brecha para questão do controle principalmente em programas de comunicação instantâneas, como o MSN.

Vocês sabem que eu conheci uma pessoa que estava no MSN metendo o pau no chefe com um interlocutor no MSN. Conversa vai, conversa vem, até que a figura descobriu que o interlocutor era o próprio chefe. Demissão. Esse caso ilustra uma coisa importante. Com a medida do STJ, quem cometer esse tipo de "delito" vai ser demitido por justa causa. Sai do emprego com uma mão na frente e outra atrás.

Além disso, quem ficar espionando a conversa alheia não vai ser penalizado. Isto tem um lado bom e outro ruim. O lado bom é que torna tudo na web público. O ruim, abre a brecha para espiões. Tem gente que adora fazer conversa no MSN, copiá-la e mandar pra alguém. Agora isto é algo legal. Quem bom que seja!

Cada vez mais a web carrega consigo essa contradição entre público e privado, criando uma outra noção: o comum. O chat é um dispositivo comum, pertence a todos. Para o bem ou para mal.