Sobre o conceito de virtual

Um pouquinho de reflexão é muito bom. Hoje a aula girou em torno do conceito de virtual, atual, virtualizaão e atualização. São bases fundamentais para se entender o jornalismo em tempos digitais. O tempo foi curto. Avançou-se nos três primeiros conceitos, mas, a turma já muito cansada pedia para respirar um pouco. Fiz muitas remissões a dois livros: Cibercultura e O que é o Virtual?, ambos de Pierre Levy. Vamos a síntese dos debates:- o conceito de virtual: existe como potência, mas não como ato. A semente é potencial árvore, mas não necessariamente ela vai vingar. Logo, a semente é o virtual. É um devir, um poder vir a ser. Na vida cotidiana, construímos o virtual constantemente. Ele povoa a esfera dos nossos desejos. Queremos mudar de vida, mudar de cabelo, mudar de estilo. Imaginamos, definimos metas etc. Mas muitas vezes esse desejo não se concretiza. E existe somente como uma possibilidade (potência). O virtual, portanto, não possui presença.

– o conceito de atual: é oposto do virtual (do possível). Ele sempre possui uma presença, um aqui-agora. É sempre objeto de mudança, originadas pelos desejos e pensamentos virtuais. Agora estou em casa, daqui a pouco não. Eu quis sair de casa e fui a festa. Antes em casa (atual), agora na festa (um outro atual), depois estarei em casa de novo (outro atual). Esse movimento de entrada-saída foi impulsionado por intenções, desejos ou expectativas, que, antes de cada ato, só existia como virtual. O atual, portanto, é sempre renovado pelo virtual.

– o conceito de atualização: é o processo em que o verbo se faz carne. É quando o virtual se concretiza. Sempre quis ser moreno (virtual), mas sou louro (atual). Mas ao tingir o meu cabelo, eu me atualizei. Tornei um outro ente. No fundo no fundo, atualizar-se é sempre renovar-se. É quando um problema (virtual) é substituído por uma solução.

– o conceito de virtualização: é quando o atual se torna fonte de criação de novas virtualidades. É "quando aquilo que é" se torna o alimento "do que não é mas pode vir a ser". Quando digitalizamos uma fotografia, ela perde o seu suporte de presença (o papel), passando a habitar em um computadores, ela se torna uma potência. Um devir. Isto porque – transformada em 0 e 1 – a imagem pode ser completamente alterada: podemos retocá-la, retirar e incluir personagens, graduar a luminosidade, enfim, podemos multiplicar ao infinito as possibilidades de mudança. Por isso que, ao chamarmos uma imagem de virtual, estamos querendo dizer que é uma coisa que agora possui a qualidade de ser infinitas coisas. O que é um site? É um eterno devir. Por isso que o atual na Internet dura frações de segundo. Por que sendo a web um ambiente de virtualização, sua linguagem é da renovação constante. Se repararmos, muitas vezes, acessamos um jornal e no momento da nossa leitura, o sistema automaticamente atualiza as informações. Sai de uma presença fixa.

Comentários, please!!!!

Uso social do Celular

Na Inglaterra, um Conselho Comunitário de Políticas Públicas (sub-prefeitura) deu um uso bastante social aos celulares. Simples: o sujeito viu a sua parede cheia de pichação, ou um carro abandonado, ou a rua cheia de sujeira. Fotografa e manda para o conselho, que providencia a solução. O envio da foto, via celular, é gratuita.

É uma forma inteligente de intervir na cidade e exercer a cidadania. O nome do projeto é Love Lewisham (nome da região).

Dica: site Smart Mobs

Blogs socialistas

Para quem curte o estilo "a luta continua companheiro" há uma organização na blogosfera que reúne os melhores blogs socialistas. É para quem curte um debate à esquerda sobre os destinos no mundo.

Os caras são tão organizados que esta semana estão produzindo um seminário que reúne os blogueiros esquerdistas para debate o futuro do mundo. São 75 blogueiros espalhados, principalmente, pelo mundo hispânico.

Você é um repórter

Mais um portal no Brasil lança serviço que estimula a produção de notícias e informações pelos próprios usuários. É o conceito de jornalismo participativo.Agora foi o Portal Terra, que lançou o serviço VcReporter. O usuário envia notícias e fotos, que são checadas pela equipe de redação para depois ser publicadas. Já existia algo parecido no Estadão, o FotoRepórter. Mas era só focado em fotojornalismo.

Lembro de um fala de Ancelmo Gois, jornalista de O Globo, que afirmava que as fotos de sua coluna são praticamente produzidas pelos próprios usuários/leitores, que as enviam por email. É irreversível a tendência do usuário ser um produtor de conteúdo e informação.

O jornalismo participativo (também chamado de cívico ou open source) é considerada o futuro do jornalismo digital. Os blogs fariam parte desse tipo de jornalismo (apesar de blogueiros não aceitarem o rótulo de jornalista).

Ah! O Estadão paga por cada foto publicada.

Tecnologias necessárias para Jornalismo

Atenção, alunos e colegas,Não há como ser usuário da internet ou profissional de comunicação sem usar:

– agregador de notícias RSS, Atom etc. A função do agregador é personalizar as suas notícias. Uso o Feedreader. É software livre. É só baixar e começar a localizar sites feeds para se sindicar, tais como: o Uol, Terra, Blue Bus, No Mínimo, Webinsider, entre outros já possuem o serviço de RSS. Todos os blogs frequentemente possuem site feed.

– ter endereços compartilhados no Del.icio.us ou no Blinklist. Só escolher.

– saber que no mundo não há só Google, há também buscador de blogs, como o Technorati.

Cronologia da Internet

Um ótimo link é o texto de Paulo Vaz, publicado na revista Lugar Comum nº 13-14. O título se chama Cronologia da Internet. E mostra como a Internet é produto do desenvolvimento tecnológico, de movimentos sociais e acontecimentos políticos. Para citar três inventos fantásticos:- 1969: a Arpanet.

uma linha telefônica exclusiva e adaptada à velocidade requerida pelo sistema permitiu que os modems de 2 computadores remotos pudessem se comunicar diretamente e transmitir dados com a rapidez necessária. O resultado foi a Arpanet. Dois anos depois de ter sido criada, a Arpanet já tinha 23 grandes computadores conectados e interligados, transferindo informações uns para os outros.

– 1970: o ícones.

Para que o usuário de um Alto não tivesse que decorar e digitar milhares de instruções, os cientistas criaram pequenos desenhos que ficavam na tela, através dos quais era possível abrir os programas. Eram os ícones, sem os quais 99% de nós não saberíamos como operar um micro;

– 1968: o mouse

Para abrir ícones, foi usado um pequeno aparelho conectado ao micro. Ao movê-lo, o usuário via um pontinho caminhar na tela, reproduzindo o movimento feito com a mão. Era o mouse, permitindo a manipulação direta. O mouse foi inventado em 1968.

Blogueiros são gatekeepers?

Não sei não. É claro que podem ser sujeitos que organizam – para a sua audiência de usuários – informações sobre tema especificos. São os chamados blogs clipping. Neles, o blogueiro é um porteiro que deixa ou não passar determinadas informações.Mas acho que os blogueiro são gatekeepers também, mas não somente. É claro que leio vários posts – em blogs semelhantes ao meu- que vejo que não me interessa, mas interessa minha comunidade. Mas não escrevo um blog pensando em "dar informação", mas para "produzir informação". Quero mais interagir com um post do que selá-lo. Não quero ter o comportamento do tipo massivo: "leiam essa informação pois ela é importante para você". E aí dou um selo de qualidade.

O legal de blogar é referenciar e dialogar com o mundo.

O blogueiro também assume a função de crítico, muitas vezes. Precisa analisar um dado fato social e se posicionar. E sempre referenciar aquela sua análise a outras que circulam na blogosfera.

Por exemplo, li que os blogueiro seriam gatekeepers em um post do blog Media Bloggers. E aqui discordei. O legal é isto: ler, criticar e produzir um outro sentido sobre determinado assunto.

jogada a toalha?

Gente, li a edição impressa de O Globo. Nada anormal se não fosse o anúncio de página cheia, no formato de comunicado, sobre a demora da decisão do governo sobre o modelo a ser adotado da televisão digital. Sinto que as emissoras de TV estão muito acoadas – e na mão- do presidente Lula.Elas estão criando uma idéia de que o modelo europeu vai levar ao fim da "gratuidade" da TV. Mentira deslavada. Estão com medo do modelo europeu, que possibilita a entrada das teles no mercado de audiovisual, já que a televisão será um meio interativo, logo, o acesso a internet poderá ser oferecido via TV. E as teles dominam esse mercado. Lula, macaco velho como sempre, empurra pra frente a decisão. Vai deixar é para o ano que vem. Sabe que em 2006 as emissoras fazem muita pressão política, já que elas podem interferir nas eleições, mas, em 2007, quem terá força política será ele (se vencer – I hope so – as eleições).

Repararam como o Jornal Nacional está baixando as armas contra Lula? É o desespero das emissoras. Adulam o presidente, que, por enquanto, finge que não entrou na discussão.

Ao mesmo tempo, a sociedade se organiza fortemente contra o modelo japonês. No ES, segundo o post publicado por Amanda Zambelli, no blog Polimidia, as discussões já chegaram na Assembléia Legislativa.

Acho que as emissoras vão jogar a toalha.

Off topic: a conquista das cotas raciais

Estou no RJ. Coisas do doutorado a cumprir. Mas daqui fiquei super orgulhoso da Universidade que dou aula e fui aluno. Ontem foi aprovado o sistema de cotas sociais, um grande avanço, ou melhor, um enorme avanço.

No Brasil, as desigualdades sociais têm cor. Ela é negra. 70% dos pobres no Brasil são negros, que são condenados a limpar os vasos dos shopping centers. Há um ano estou trabalhando questões ligados à educação. E nessa área os dados raciais e sociais são alarmantes. Cerca de 80% do aluno negro com 18 anos de idade acaba saindo da escola porque precisa trab alhar para ajudar a família. Ele estuda e trabalha ao mesmo tempo. Acaba concluindo o segundo grau com 20, 21 anos. E o pior: somente 3% deles conseguem entrar no ensino superior. Menos de 1% no ensino superior público federal.Boa parte das pessoas negras também não se assume, com medo e preconceito, sua identidade negra. Optam pela parda.

As cotas vão ser parte de uma política afirmativa, que reúne ações como bolsa de estudo, inserção em programas de iniciação científica, etc.

É o começo para que se tenha no ES um mercado de trabalho qualificado e mais colorido. O que vai significar o aumento de médicos, professores universitários, arquitetos, jornalistas, negros.

Parabéns para todos que votaram a favor!!!!