Blog sobre Katrina vence Pulitzer

A mais importante premiação para textos publicados nos EUA, o Prêmio Pulitzer, foi dada para um blog. O drama social dos sobreviventes e desabrigados do Katrina fez com o Times Picayune de Nova Orleans transformasse o site do jornal num blog.A cobertura venceu o Nobel de Literatura americano. Como diz o blogueiro Jeff Jarvis é o Plutizer descobrindo o futuro. Isto é um bom sintoma do avanço da importância do ciberjornalimo.

Seria legal que o Prêmio Esso, por essas bandas, inserisse o jornalismo digital como uma das categorias da premiação.

Via: Paulo Bicarato, do Alfarrabio; Pedro Dória, do Weblog No Minimo. Jeff Jarvis, do Buzzmachine.

Apoio à liberdade contra o macartismo de Mainardi

Como muitos sabem, o filhote do neoliberalismo, Diogo Mainardi, publicou em sua coluna, na Veja, artigo que descredencia o jornalista político Franklin Martins. A resposta de MArtins casa – e muito – com algumas preocupações minha nos últimos dias sobre a liberdade de expressão.Via o blog Alfarrabio, encontrei a carta resposta de Franklin Martins (que respeita a liberdade de expressão de Mainardi mas defende e muito a sua):

Desafio a um difamador

O sr. Diogo Mainardi, em artigo intitulado "Jornalistas são brasileiros", publicado na revista Veja de 16 de abril de 2006, acusou a mim e a outros profissionais de imprensa de sermos "moralmente frouxos" e de mantermos "relações promíscuas" com o poder político. No meu caso, saiu-se com a estapafúrdia história de que eu teria uma cota pessoal de nomeações no serviço público. Nessa cota, estariam meu irmão, Victor Martins, diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP), e minha mulher, Ivanisa.

Seguem-se alguns esclarecimentos. Devo-os não ao sr. Mainardi, mas a meus leitores, telespectadores e ouvintes, e também a meus colegas de profissão que, com razão, continuam a acreditar que o jornalismo só tem valor se for exercido com espírito público e ética:

1. Não tive, em qualquer momento ou em qualquer instância, nada a ver com a nomeação de meu irmão, profissional conceituado na área de petróleo, para a diretoria da ANP. Jamais intercedi junto a quem quer que fosse no Poder Executivo para sua indicação. Jamais pedi a qualquer membro do Senado, a quem cabe constitucionalmente aprovar ou recusar as diretorias das agências reguladoras, que olhasse com simpatia seu nome. Não movi uma palha nesse episódio. Meu irmão tem vida profissional dele e eu, a minha.

O sr. Mainardi não é obrigado a acreditar no que digo. Mas, se não fosse um difamador travestido de jornalista, teria se esforçado para apoiar suas acusações em fatos que revelassem uma conduta inadequada da minha parte, e não apelado para trechos de discursos desse ou daquele parlamentar com referências à minha pessoa que não significam absolutamente nada. Sobre o que falam deputados e senadores nem eu nem o sr. Mainardi temos a menor responsabilidade. Qualquer pessoa medianamente informada sabe disso. Somos eu e ele responsáveis apenas pelos nossos atos.

Por isso, lanço-lhe um desafio. Se qualquer um dos 81 senadores ou senadoras – um só, não é necessário mais do que um – vier a público e afirmar que o procurei pedindo apoio para o nome de meu irmão, me sentirei sem condições de seguir em meu trabalho como comentarista político. Pendurarei as chuteiras e irei fazer outra coisa na vida. Em contrapartida, se nenhum senador ou senadora confirmar a invencionice do sr. Mainardi, ele deverá admitir publicamente que foi leviano e, a partir daí, poupar os leitores da "Veja" da coluna que assina na revista.

Tudo ou nada, bola ou búrica. O sr. Mainardi topa o desafio?

Se topa, proponho que escolha uma pessoa de sua confiança, enquanto eu pedirei à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) que designe um profissional acima de qualquer suspeita, para que ambos conversem imediatamente com todos os senadores e senadoras e ponham essa história em pratos limpos.

Se não topa o desafio, o sr. Mainardi estará apenas confessando que não tem compromisso com a verdade e deixando claro que não passa de um difamador.

Sei os riscos que estou correndo. Entre os 81 senadores, há vários que, em um ou outro momento, já foram frontalmente criticados por mim. Outros devem ter discordado inúmeras vezes de minhas opiniões e avaliações. É provável que haja, inclusive, quem, em algum episódio, tenha se sentido injustiçado por alguma palavra minha. Mesmo assim duvido que apareça um só senador, governista ou oposicionista, do Norte ou do Sul, veterano ou novato, que confirme a afirmação insultuosa do sr. Mainardi de que fiz tráfico de influência para nomear um irmão para a ANP. Duvido que apareça por uma razão muito simples: isso simplesmente nunca ocorreu.

2. Quanto à minha mulher, é funcionária pública há mais de 20 anos. E servidores públicos, sr. Mainardi, por incrível que lhe pareça, trabalham no serviço público. Não sei qual a razão de sua surpresa com o fato. Devo esclarecer que, embora seja profissional extremamente competente, com mestrado em planejamento social na London School of Economics, já tendo dirigido agências e programas nacionais na área, no momento minha mulher não exerce cargo comissionado e sequer tem função gratificada. Por que? Não sei. Coisas do serviço público …

Dados os esclarecimentos, sigo adiante.

Nem sempre concordo com o que escrevem Eliane Cantanhede, da "Folha de S. Paulo", e Helena Chagas, de "O Globo", também difamadas pelo sr. Mainardi no artigo mencionado. Mas isso não me impede de dizer que são duas tremendas profissionais, das melhores jornalistas deste país. Na nossa profissão, como em todas outras, há gente séria e gente que não presta, pessoas íntegras e pessoas sem caráter. Eliane e Helena estão na primeira categoria e me honra ter sido colocado na companhia delas. Para mim, desabonador seria o contrário.

Os ataques que sofremos Eliane, Helena e eu talvez sejam os mais graves, mas não são os primeiros que o sr. Mainardi lançou recentemente contra jornalistas. Nos últimos meses, semana sim, semana não, pelo menos duas dúzias deles, foram vítimas de investidas absolutamente desrespeitosas, carregadas de insinuações capciosas contra suas atividades e carreiras. Mas como ninguém deu pelota para os arreganhos do rapaz – nem os jornalistas, que simplesmente não o levam a sério, nem os leitores da "Veja", que já se cansaram de ver um anão de jardim querendo passar-se por um gigante da crônica política –, o sr. Mainardi decidiu aumentar o calibre de seus ataques. E partiu para a difamação pura e simples.

Vivemos numa democracia, felizmente. Todos têm o direito a defender suas idéias, mesmo os doidivanas, e a tornar públicas suas posições, mesmo as equivocadas. Em compensação, todos estão obrigados a aceitar que elas sejam criticadas livremente. O sr. Mainardi, por exemplo, tem a prerrogativa de dizer as bobagens que lhe dão na telha, mas não pode ficar chateado se aparecer alguém em seguida dizendo que ele não passa de um bobo. Pode pedir a deposição do presidente Lula, mas não pode ficar amuado se alguém, por isso, chamá-lo de golpista. Pode dizer que o povo brasileiro é moralmente frouxo, mas não pode se magoar depois se alguém classificá-lo apenas como um tolo enfatuado. Ou seja, o sr. Mainardi pode falar o que quiser, mas não pode querer impedir que os outros falem.

Mais ainda: o sr. Mainardi é responsável pelo que fala e escreve. Enquanto permaneceu no terreno das bobagens e das opiniões disparatadas, tudo bem. Faz parte da democracia conviver com uma cota social de tolices e, além disso, presta atenção no bobo da corte quem quer. Mas quando o bufão passa a atacar a honra alheia, substituindo as bobagens pela calúnia e as opiniões disparatadas pela difamação, seria um erro deixá-lo prosseguir na sua torpe empreitada.

No Estado de Direito, existe um caminho para os que consideram que tiveram a honra atacada por um detrator: recorrer à Justiça. É o que farei nos próximos dias. No processo criminal, o sr. Mainardi terá todas as oportunidades de provar que usei minha condição de jornalista para traficar influência. Como é mais fácil um burro voar do que ele dar substância às suas invencionices a meu respeito, estou confiante de que se fará justiça e o difamador será condenado pelo seu crime.

Desde já, adianto que, se a Justiça fixar indenizações por danos morais, o dinheiro será doado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e à Associação Brasileira de Imprensa. Não quero um centavo dessa causa. Não dou tanta importância a dinheiro como o sr. Mainardi, que já definiu seu próprio perfil: "Hoje em dia, só dou opinião sobre algo mediante pagamento antecipado. Quando me mandam um e-mail, não respondo, porque me recuso a escrever de graça. Quando minha mulher pede uma opinião sobre uma roupa, fico quieto, à espera de uma moedinha".

Prefiro ficar com Cláudio Abramo: "O jornalismo é o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter". Mas, para tanto, o sr. Mainardi está incapacitado. Não porque lhe seja escassa a inteligência; simplesmente falta-lhe caráter. A história da moedinha diz tudo.

Da minha parte, seguirei fazendo o único jornalismo que sei fazer, o que busca dar informações ao leitor, ao telespectador, ao ouvinte, com inteligência e respeito, para que ele forme sua própria opinião sobre os fatos. Não quero fazer a cabeça de ninguém. Não creio que essa seja a missão da imprensa, ainda que alguns jornalistas e alguns órgãos de comunicação, de vez em quando, queiram ir além das suas chinelas. Existimos para informar à sociedade, e não para puxá-la pelo nariz para onde quer que seja.

E desse jornalismo não vou me afastar, apesar das mentiras, da gritaria e das difamações do colunista da "Veja".

O macartismo não me intimida. O sr. Mainardi, muito menos.

Orkut X9 (dedo duro)

Por um lado, uso o Orkut porque há excelentes comunidades, mas, por um outro, o vejo como uma tecnologia enorme de controle. Ontem percebi que o Orkut me possibilita ver quem (com nome e endereço) acessou o meu perfil. É como todos pactuassem em vigiar e ser vigiado. Todos provam do seu próprio veneno.Me lembrei do texto de Foucault, Vigiar ou Punir, sobre a docilização dos corpos. Vamos nos adaptando tanto à disciplinarização do mundo que nos transformamos em corpos dóceis, incapazes de questionar a própria disciplina. Achei estranho a vigilância. Não gostei, até por que isso trai o princípio básico do anonimato que fundou a própria web, embora ser anônimo é cada da mais difícil.

Para quem quer curtir uma boa reflexão sobre o assunto, leia o post Internet nos dá um falso anonimato, do blog Tecnologicamente falando.

Relembrando… Hoje tem o Grupo Cibercultura

Depois de o período se acomodar (no sentido bom do termo), volto a ativar o nosso Grupo Aberto de Estudos sobre Cibercultura. Tinha programado a volta para a próxima quinta, mas notei que é véspera de um novo feriado. Então anotem aí:Somos livres na Cibecultura?
Prof. Fábio Malini (Depto. Comunicação – UFES)Grupo Aberto de Estudos sobre Cibercultura
Quarta – 19/04 – 18h30 – Sala do Nexo (a nossa garagem)
CCJE – UFES

Mobilizem outras pessoas para participar (vou falar com os professores!). Pensei, neste semestre, em fazer uma leitura coletiva do livro Multitudes Inteligentes, do Howard Rheingold. Apresento a literatura na quarta. Tragam propostas de estudos também!

Cultura Livre é lançado no Brasil

Meu povo, corram logo e baixem o livro Cultura Livre (Free Culture), do Lawrence Lessig, o fundador do Creative Commons. Aviso que será bastante utilizado nas disciplinas de Jornalismo Digital que ministro.O livro é uma das mais importantes publicações sobre o modus operandi da Internet. Para fazer o download, é necessário cadastro no site Trama Universitária, do Portal Terra.

Outra dica importante: vai rolar no RJ, o iCommons Summit, nos dias 23-25 de junho. O autor do livro estará lá. Eu, também.

PS: O Creative Commons – entre outars coisas – é uma licença pública baseada no copyleft.

A espetacularização do Convento da Penha

Que coisa mais kitsch e de mau gosto é a iluminação do Convento da Penha!Para quem não sabe o símbolo máximo religioso do Espírito Santo está todo iluminado com um feixe azul. Parece que está encapado de papel celofone azul. É a tendência de transformar tudo em circo, tudo em "potencial turístico", que nos últimos anos tem ganhado força. Só falta agora colocar canhão de luz vermelha, amarela, verde etc. Transformaram o convento em boate (rs).

Sem purismos, o problema da iluminação anil é que não dá para exergaro belo convento lá em cima da montanha. Aí fico pensando: realmente o espetacular mais oculta do que torna explícito o mundo.

Temos que ir ao bispo!

O outdoor morreu na política

Vendo a TV Senado agora, acabo de assistir os senadores proibindo a utilização de outdoor nas próximas campanhas eleitorais. A justificativa é que há sempre o privilégio para quem tem mais grana. É o seguinte: os pontos são distribuídos pelo número de candidatos, só que nem todos podem bancar essa mídia. Assim, quem tem mais grana abocanha os "pontos deixados livres".Agora a lógica é o trabalho de militância. É a diminuição – graças a Deus – do papel da espetacularização da política.

Olha, eu acho que a Internet vai ser a grande mídia das próximas eleições. É ver para crer.

Para quem busca estudar Mídias Abertas

O jornalista Richard Poynder – autor do blog Open and Shut? – publica o dia a dia do livro que lançará sobre os principais líderes do Movimento Aberto. Há disponível um conjunto de entrevistas com grandes nomes do mundo open source. Destaca-se a entrevista do jornalista Jay Rosen – blogueiro do PressThink – que fundou o jornalismo cidadão.

I concluded, therefore, that a good way of achieving my aims would be to devote each chapter of a book to a Q&A interview with one of the key people — people like John Perry Barlow, John Gilmore, Michael Hart, Richard Stallman, Eric Raymond, Linus Torvalds, Jay Rosen, Lawrence Lessig, Joe Trippi, Harold Varmus, Vitek Tracz, Stevan Harnad, Paul Ginsparg, Cory Doctorow, Yochai Benkler, Richard Jefferson etc. etc.

Li sobre tudo isso no blog de Juan Freire.