Estava a ler um post que relatava sete opiniões sobre os blogs. Uma destas sete me estimulou a escrever algo: os blogs não têm capacidade de mudar a agenda pública. Achei instigante a afirmação.
A tese parte do pressuposto que a função de pressão política ainda cabe ao jornalismo clássico. De fato esse parece ser um capital que os jornais têm e os blogs não: poder criar uma pauta de discussão para as pessoas, não consegue criar uma opinião pública. O jornal é homogêneo.Os blogs não são fenômenos tipicamente de massa, ao contrário, são heterogêneos, em sua essência — logo os fatos possuem muitos pontos de vista, não se reduzindo a uma narrativa homogênea, em termos de poder.
Por ser tão vasto, os blogs reforçam o sentido caótico que é peculiar a natureza. Ao contrário, o jornalismo nasceu para ser uma mediação que dá ordem ao tempo, "ao que passou ontem", criando uma hierarquia que vai dos fatos mais para os de menos importantes. O jornalista comprime o mundo, o blogueiro o estica.
Se por um lado, os blogs têm pouco capital de formação de agenda pública, sou totalmente contra a visão que os vê como instrumento frágil na produção de opinião. Para mim, essa é a sua maior força: proporcionar o aumento da esfera pública de debate e de construção de novos pontos de vista. A questão é que precisamos pensar a opinião pública, agora, dissociada de massa. Precisamos vê-la como multidão, como um conjunto de singularidades que cooperam. Um blogueiro nunca está sozinho em sua opinião. Somos muitos. Somos multidão.
Totalmente negriano…