O comunismo da atenção

Bom…hoje terminou o ótimo evento sobre Capitalismo Cognitiv, aqui no RJ. Bom, nove fora ter ficado 12 horas no aeroporto, o que fez com que eu perdesse a palestra de Lazzarato (bom, pelo menos ganhei o livro dele: As Revoluções no Capitalismo), tudo foi muito bom porque pude sair do encontro com mais questões do que entrei. Foi bom rever também a turma toda da Universidade Nômade e da Global.

Preparei um artigo para o evento. Chamei de O comunismo da atenção, é sobre o fenômeno da web 2.o pelo prisma da teoria do capitalismo cognitivo. Quem quiser lê-lo, segue o texto em pdf, em doc para quem quiser ler. Queria colocar a versão openoffice (o editor que uso), mas o WordPress só permite doc (absurdo!!!!)

 

O que vimos é que as comunidades colaborativas da Internet produz um excedente comum para o trabalho. Um amplo reservatório construído a partir da cooperação social. No excesso, sempre há uma informação que acrescenta à vida. Eu sinceramente acredito que a interface gráfica do trabalho imaterial é o excesso de informação. Essa interface que muitos dizem que é poluída, porque excessiva, pra mim, vejo uma força positiva, porque expressa exatamente como o trabalho no capitalismo cognitivo se constitui: como uma atividade que produz e é produzido pelo excesso.

Não sei se estão notando a mutação nas páginas dos jornais. Antigamente, a gente tinha que construir uma narrativa de interface “menos poluídas pelo excesso”. Aliás, a gente tinha que fazer jornalismo baseado no gatekeeper, porque o jornal, a revista, a tevê, não comportava todo tecido social. Não tinha espaço. Por isso o jornalismo desenvolveu critério transcendentais de representação, através do valor-notícia, da objetividade, da imparcialidade, da defesa da justiça, toda essa parafernália moral que está em rota de colisão hoje porque esse tecido social opina, comenta, participa, briga, patrulha, colabora, narra, documenta, noticia, enfim, todo esse general intellect está transformando as relações entre jornalista-leitor. De forma, que nós, jornalistas, estamos tendo uma dificuldade enorme de formar um discurso consensuado sobre o mundo, porque a multiplicidade de fontes escapa a agendinha do jornalista. A longa cauda produz num ritmo absolutamente frenético e sem gatekeeper, já que a filtragem é feito à posteriori e não a anteriori, a partir da lógica de “muitos olhos, poucos erros”. Por isso que, por um lado, há o blockbuster e a grife Mirian Leitão, e por um outro, a Caia, uma das principais formadoras de opinião da nossa lista da Universidade Nômade, que acaba até se sobrepondo a outras figuras que teriam, notadamente, o poder da produção do conhecimento, no caso, nós pesquisadores e intelectuais presentes na lista de discussão. O excesso, portanto, provoca novas singularidades.

Mas eu estava falando sobre as interfaces jornalísticas. Sobre suas mudanças. Agora as páginas dos jornais online primam pelo excesso, quanto mais informação melhor. É uma disputa por atenção. Queria falar que é uma disputa tão ferrenha, que o Google está priorizando, quando fazemos uma busca, apresentar resultados dessa colabosfera comunista. Não sei se repararam isto. Se procurarem algo sobre capitalismo cognitivo, as primeiras páginas lhe remetem para blogs, wikipedia, youtube etc. É para tirar a atenção dos grandes portais e ficar com a atenção para si (Google), que cada vez mais está ampliando a sua carteira de top-minds: Blogger, Youtube, Gmail, Google Maps, Google Earth, Orkut, e assim vai… Gerir a atenção e não mais a audiência é o que busca o Google. É o modo básico do capitalismo cognitivo, produzir valores intangíveis da logomarca e se tornar proprietário desse comunismo da atenção. O Google já sacou que o ideal é ser dono do comunismo da atenção, enquanto as corporações midiáticos estão ainda na era do conteúdo. O conteúdo precisa ser liberado para que se possa existir novas mídias colaborativas, que serão compradas pelo Google.

É claro que a perspectiva do excedente faz parte de um processo de autovalorização do trabalho. Não é alguma coisa que a empresa deseja, ao contrário, ele busca constituir novos encercamentos produdutivos, delimitar o processo de difusão de linguagens, criar “linguagens comandadas”. Talvez as lutas em torno da propriedade intelectual expressem a parte mais dramática da relação entre trabalho e empresa no capitalismo contemporâneo. O Google talvez seja a mais inteligente das pontos com´s nesse processo inteiro.

Notas

Vou deixar as notas e depois botar uma avaliação por menorizada da produção de cada blog. Dei nota 10 pelo blog do Foco. Então as notas são prova, seminário, blog foco, blog individual.

Segue a média fina:

Andréia 9,6

Ariani 10,0

Bruno 9,8

Cintia 7,0

Davi 8,2

Gabriel 9,6

Glacieri 9,0

Helen 9,6

João 9,6

Katilaine 9,0

LAra (ainda sem média final)

Livia 8,0

Luisa B  8,0

Luisa T 8,2

Lyvia 9,6

Mariana 8,6

Mykon 7,6

Natalia 8,6

Sérgio 10,0

Simone 8,0

Tamara 9,6

Thaissa 8,8

Thalles 9,2

Yara 9,2

Seminário sobre Capitalismo Cognitivo

 No começo de dezembro (5 a 7), vou estar participando, como palestrante, do Seminário Capitalismo Cognitivo: comunicação, linguagem e trabalho, promovido pelo Centro Cultural Banco do Brasil, com curadoria do Giuseppe Cocco.

Segue a programação:

Terça-feira 5

ABERTURA
Giuseppe Cocco – LABTeC/ESS/UFRJ
Micael Herschmann – Nepcom/ECO/UFRJ

A NATUREZA DO CONFLITO NO CAPITALISMO COGNITIVO

O “capitalismo cognitivo” faz emergir novos conflitos: por um lado, as problematizações da idéia de “critique artiste” diante das lutas dos artistas e profissionais do espetáculo; por outro, os mal entendidos que conceitos como “critique artiste” ou mesmo “capitalismo cognitivo” podem introduzir no debate sobre o capitalismo contemporâneo.
– Maurizio Lazzarato – Universidade de Paris 1 – França
– Sergio Amadeu – Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero
– Tatiana Roque – moderador – IM/UFRJ

Quarta-feira 6

TRABALHO E EMPRESA NA ERA DO CAPITALISMO COGNITIVO
A questão do “software livre” no capitalismo cognitivo, a apropriação e a perturbação da nova “governança” pelos bens e ativos intangíveis.
– Antoine Rebiscoul / The GoodWill Company – França
Fábio Malini – UFES – Vitória
Luiz Antonio Correia de Carvalho – moderador – RITS

Quinta-feira 7

TRABALHO, SABER e CULTURA
Em meio a diversas crises: urbana, do trabalho, da democracia representativa, as cidades e suas periferias são percebidas como laboratórios de estilo, de estéticas, de economia para os movimentos globais, em que novos movimentos e redes sociais estão reagindo ao colapso social e propondo outros modelos de produção e inserção.

– Ivana Bentes – ECO/UFRJ
– Écio de Salles – ECO/UFRJ
– Sérgio Sá Leitão – moderador – BNDES

Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Primeiro de Março, 66
Centro Rio de Janeiro RJ 20010-000
Tel. (21) 3808-2020
bb.com.br/cultura

O meu fichablog

Num ritmo acelerado de tese, comecei a sentir que me perdia em um emaranhado de livros. Escrevo, penso em uma passagem de algum autor, mas não lembro onde determinada citação está. Outra coisa: tenho um tema para desenvolver mas não consigo organizar todo conteúdo sobre ele. Aí resolvi criar o Ficha no Blog, um fichamento todo tagueado. A primeira operação tem sido colocar todas as partes sublinhadas dos meus livros do Negri nesse blog. Tagueei tudo. Assim, na hora de saber quais citações tenho sobre o conceito de Multidão, vou lá no blog, clico no tag “multidão” e aparece tudo pra mim sobre o tema.

O legal é que futuramente poderá ser coletivo. Exemplo: se for fazer uma pesquisa sobre cibercultura. Pode dividir a leitura de um livro com um orientando e, em pouco tempo, fazemos o fichamento do livro.

Tem sido balsâmico!!! Vou fazer isto com todos os meus livros!!!

O jornalismo participativo, por Dan Gilmor

Via E-contenidos, leio ótima síntese da palestra inaugural do Congresso do Nuevo Periodismo de Valencia feita por Dan Gilmor, autor de We, the media. Adorei e resolvi traduzir:

O jornalismo se converterá em uma conversação, donde a publicação não é o ponto final do processo informativo,mas sim a parte que deverá ser completada pela conversação. E para conversar há que escutar. Os meios tradicionais não estão bons nisto. Há que melhorar isto e escutar a audiência.

Sobre a produção coletiva do jornalismo disse:

A próxima evoluçãose dará no âmbito do nós, a comunidade. A popularidade que outorga a comunidade não é suficiente: há que se inserir o conceito de reputação, isto permitirá a comunidade ser um editor coletivo.

Para quem quer ir direto a fonte, há o vídeo da palestra do cara (com legenda em espanhol). Dá para ler pausando o vídeo.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=cZitgf9DKSw]

La (2) Notícias, jornalismo corporativo e jornalismo participativo juntos

Sensacional experiência (atenção, galera da TV) que mescla televisão de massa e web 2.0. Trata-se da La (2) Notícias. O site é do programa de televisão na Espanha com o mesmo nome. Só que na web, os produtores da tevê pedem que seu público participe enviando vídeos sobre o tema semanal do programa, ou seja, fazendo jornalismo na rede (o tal jornalismo participativo). Com isto, se amplia o debate audiovisual sobre o assunto, agrega-se o usuário numa modalidade de participação ativa (ele produz um mídia online ao mesmo tempo que produz um discurso) e faz do telejornalismo de massa um fator de construção de comunidades virtuais. Beleza de experiência. O nome a seção que o leitor tb é produtor chama-se Câmara Aberta. Nada melhor!

Via Dalequetepego

Na Inglaterra, BBC vai entrar na onda web 2.0

Via Nxtmdia:

A BBC, na Inglaterra, promete um website, antes do final do ano, que se caracterizará por ser unicamente por conteúdos criados pelos seus leitores. O anúncio foi feito pelo todo poderoso chefe da BBC News Interactive, Pete Clifton. Os conteúdos virão de blogs, comunidades e sites de notícias produzidos pelos leitores.

Vamos ver como será a organização do conteúdo…

Capítulo I da minha tese

Pois é. A vida ficou muito mais complicado. Depois de passar o semestre lendo igual a um louco, comecei a escrever a tese. Sempre acho que escrever dissertação ou tese é igual a fazer psicanálise. A diferença é que o divã é a cadeira e o psicanalista o computador. Você percebe que é bom nisto e péssimo naquilo. Ai, fica numa paranóia: melhoro o que sou ruim ou aperfeiçôo o que me dou bem. Gosto da primeira opção. Esse feriadão, então, fiquei me deleitando com a recuperação de uma bibliografia punk, mas que hoje eu entendo e que antes era insuportável de interpretar.

O primeiro capítulo da tese, denominei provisoriamente de O Sujeito no Capitalismo Cognitivo. Continue reading