"Papai, vc já tem cabelo branco"

Resolvi voltar a escrever porque estou com mais tempo, é claro. Desejei d+ voltar escrever de forma mais constante, mas não deu, porque este último semestre fiz muitas coisas, algumas delas estavam acumuladas devido ao meu único foco em 2007: a defesa da minha tese de doutorado. Agora me parece que as coisas estão mais organizadas. E 2008 será de muitos projetos, principalmente, os de pesquisa (CNPq, Facitec, Fapes e os PIBICs Ufes), e os de extensão (com a OIT e UFRJ,  e outros que ainda não posso falar…).

Puts, hoje tive um dia difícil: acho q deu probleminha no meu ciático… fico correndo demais, jogando bola, lutando contra a natureza, então deu piripaqui na minha coluna… que merda! Então aproveitei o dia para resolver coisas de casa e ler um livro que comprei lá na Leonardo da Vinci, no RJ. Ele se chama L’impact de la presse gratuite: nouvelle donne économique et changement sociologique. Tô gostando principalmente porque revela uma saída para o mercado de mídia impressa, em particular, o jornal.

Mas sou interrompido pelo Pedro, meu filho. Ele me pergunta porque a gente morre, diz que não quer que eu morro. Aí eu falei: mas morrer demora (mentira, mas…). “Mas, papai, é só quando a gente fica com o cabelo branco que a gente morre?”. Aí eu vacilei: é sim, filho. “Mas, papai, vc já tem cabelo branco”. Pensei, pensei e pensei, e revelei: tem problema não, Pedrito, eu pinto cabelo. Aí o moleque ficou feliz.
Meu filho com problema existencial. E eu preocupado com o meu ciático e com a festinha de ano novo que estou a organizar para os amigos.

Depois volto …

V Fórum de Comunicação da Ufes

Via site do Fórum de Comunicação da Ufes, extraio a programação do evento, que rola entre os dias 26 a 30 de novembro, ou seja, na próxima semana, no auditório do Centro de Artes da Ufes.

 

PROGRAMAÇÃO

26/11 – Segunda -Feira

9h – Abertura

9h30 – Conferência de Abertura: Mídia, Subjetividade e Resistência no Capitalismo

Peter Pál Pelbart (PUC-SP)

Ivana Bentes (UFRJ)

Fábio Malini (UFES)

14h – Oficinas

19h – Como está a comunicação pública no Espírito Santo?

Nilo Martins (Secretário de Comunicação Social do Governo do ES)

Ruth Reis (Secretária de Comunicação de Vitória – PMV)

Marco Antolini (Coordenador de Comunicação da Serra – PMS)

Alessandro Gomes (Secretário de Comunicação de Cariacica – PMC)

José Antonio Martinuzzo (UFES)

 

27/11 – Terça – Feira

9h – Produção Colaborativa, Internet e o Campo Jornalístico

Marcos Palácios (UFBA)

Fábio Malini (UFES)

14h – Oficinas

19h – O que é comunicação estratégica nas organizações?

Ivone Oliveira (PUC-MG)

Eugênio Fonseca (CVRD)

Maria Aparecida de Paula

Fábio Malini (UFES)

 

28/11 – Quarta – Feira

9h – Comunicação, Mobilidade e Tempo Real

Sylvia Moretzsohn (UFF)

Dalva Ramaldes (UFES)

Bia Kunze (Blog Garota Sem Fio)

Victor Gentilli (UFES)

14h – Oficinas

19h – Novas Mídias, Interatividade e a Formação da Opinião Pública

Rosane Zanotti (UFES)

Rafael Andaku (E-brand)

 

29/11 – Quinta – Feira

9h – Subjetividade e Youtube: Impressões audiovisuais

Gabriel Menotti (Cine Falcatrua)

Alexandre Curtiss (UFES)

Cleber Carminatti (UFES)

Fábio Goveia (Faculdade Novo Milênio)

14h – Oficinas

19h – Comunicação Interna no processo de mudança

Erika Almenara (VarigLog-SP)

Moniky Campos (Rede Gazeta)

Thereza Marinho (Prefeitura Municipal de Vitória)

 

30/11 – Sexta – Feira

9h – Desafios na Produção do Jornalismo Cultural

Caê Guimarães (Instituto Quorum)

Fabíola Zardini (Ufes)

Mónica Vermes (Ufes)

18h – Mostra Pan-Óptico de vídeo e instalação

Oficinas

Criação de Logo: Nathália Cecconi

Vídeos para Internet: Sérgio Rodrigo

Hackeando o Projeto: Gabriel Menotti

Telejornalismo: Sandra Medeiros (A Gazeta)

Cobertura Jornalística e Violência: Ana Paula Mill / Danielly Campos (A Gazeta)

Jornalismo Esportivo: Alexandro de Oliveira

Produzindo blogs: Thalles Waichert / Gabriel Herkenhof

A cultura da imprensa, por Mcluhan

 

Quem acompanha o blogue sabe que estou a começar um estudo sobre a blogosfera brasileira e as relações com o jornalismo tradicional … e que, do ponto de vista do ensino, ofereço um curso sobre jornalismo-cidadão na Ufes. O intuito? Fazer a aproximação entre o ethos jornalístico com o mundo da publicação amadora para testar os limites dessa nomenclatura “jornalismo” cunhada pelos gurus da internet para dar vida àquilo que publicamos nos youtubes, blogues e wikis da vida.

O curso começou com um debate sobre os sentidos da imprensa para Macluhan (na foto acima). O texto que serve de anteparo para as discussões é o capítulo dedicado à imprensa, do livro Os meios de comunicação como extensões do homem.

Algumas idéias que mostram bem uma démarche macluhaniana sobre a imprensa:

o jornal é uma forma confessional de grupo que induz à participação comunitária.

É a idéia que o canadense possui de que, como dispositivo impresso, o jornal trata de seruma confissão pública dos acontecimento da pólis. Se o livro imprime a confissão de um mundo interior, de um autor, o jornal revela o exterior, e os autores são os jornalistas em interação com a sociedade. Por isso Macluhan vai chamar o jornal de o “livro diário popular”. É por isso também que Mcluhan constata que “boa notícia jornalística é sempre má notícia”, por esta se tratar do mais alto teor de confissão pública (geralmente “de alguém ou sobre alguém”).

Num certo sentido, o jornal então aparece como aquele que organiza coletivamente a estória comunitária. Quando a confissão é positiva não é notícia, é anúncio (é publicidade). Gosto dessa provocação do Mcluhan. Por quê? Porque as técnicas jornalísticas – a principal delas, a entrevista – se caracterizam como um poder confessional. “É preciso arrancar a informação da fonte”, dizem alguns colegas. O ato falho e a frase solta de forma confessa sempre tiveram um alto valor nos círculos jornalísticos. Em alguns casos, é uso maldoso, mas, em outros, pode marcar um momento histórico importante. Como aquela frase do Ricupero dita no impulso, durante uma entrevista jornalística, “o que é bom a gente mostra, o que não é a gente esconde”, ele teria dito. Algo típico da corrida eleitoral de 1994. Mas essa história de poder confessional é tão fácil de constatar. As assessorias de imprensa hoje vivem de levantar as notícias negativas e positivas que saem de seus clientes. Quanto maior é a positividade delas, maior é a publicidade para o cliente, e maior também é a redução de custos com propaganda. É a busca pela mídia espontânea ou pela impressão da notícia boa nos jornais.

A imprensa repete o prazer que temos pelo playback.

Essa frase é sensacional. A imprensa é repetição, porque é cotidiana, é ordinária. Então ela nutre desse estado “de fazer tudo sempre igual”, algo que demarca o cotidiano. É por isso que ninguém se cansa de ler sobre o próximo Fla-Flu, mesmo que o resultado seja previsível: derrota, vitória ou empate.

Tem uma outra coisa de Mcluhan que ajuda explicar o lugar do jornal hoje, principalmente, quando nos debatemos com o furos da internet e seus impactos no mundo de gutemberg. Dizia-nos que o problema do jornal diário é que ele é profundamente determinado pelas fronteiras, daí sua veia a intensificar nacionalismos e regionalismos. O problema é que a internet é o avesso das fronteiras. É global. E o jornal tem um cultura material que é tensionada por essa territorializaçao. Daí que, quando ele migra para o universo eletrônico (online ou radiodifusão), se trasmuta por completo, sofrendo influência do entretenimento, do envolvimento participativo e dos fluxos globais noticiosos.

O Youtube terá, enfim, publicidade

Até que enfim o Youtube anuncia que a publicidade estará presente nos seus vídeos. Que grana os caras vão ganhar! Olha o mecanismo que vai fazer funcionar a monetização do site:

  • A los 15 segundos, un aviso aparece en el 20% inferior del video
  • El aviso se anima por 10 segundos, y tiene una opacidad del 80%
  • El aviso luego se cierra automáticamente
  • Un usuario puede clickear sobre un botón, que abre y sobrepone un video del aviso de una duración indefinida

Via:  FayerWayer

Novo FolhaOnline: notícia e entretenimento

Muita gente deve ter reparado. O FolhaOnline tem novo design. Lá vão minhas Observações (im)pertinentes:

— O destaque – com freqüência os principais colunistas – no alto. Uma ótima solução, embora valoriza a cultura narcísica do jornalista. Mas quem está lá em cima é porque faz por merecer. Ninguém forma opinião mentindo o tempo inteiro, ainda mais na internet. Então gostei. E mostra uma outra coisa: a internet se torna o principal espaço de formação de opinião para as audiências que possuem internet. Quem não tem, a TV ainda tem um papel primordial.

— O conteúdo de entretenimento ganha um puta espaço. Isto aí é uma tendência também no impresso. Fofoca e o mundo das celebridades da TV deixa, na internet, o dedo ficar nervoso em cima do mouse. A questão aí é: e a credibilidade?

— O espaço principal para Fotografia é um retrocesso. A foto fica como na primeira página de um jornal, mas descolada de qualquer perspcetiva editorial. O espaço poderia ter muito mais linguagens digitais da fotografia, como um slideshow, um ensaio fotográfico… Uma boa volta no El País poderia render mais idéias.

— É piada o espaço ganho pela Seção Mais Lida. O povo quer gerar pageviews adoidado. É um retrocesso valorizar isso no lugar do espaço multimídia, é estar na contra-corrente do mercado de internet (os usuário buscam em vídeo já que a expansão da banda larga entre eles já é uma realidade). Mas a questão aí pode ser editorial: não há produção jornalística em vídeo que justifique a ampliação do canal multimídia. Ou ainda a dificuldade de integração das redações dos veículos numa única plataforma, o online. O Clarin já conseguiu se integrar.

Resumo da ópera: a principal diretriz do novo design de notícias da Folha Online foi ampliar o espaço do entretenimento e reduzir o espaço editorial. É simplório isso, mas é fato. Diminuíram a força de um ótimo jornal online.
Mas é aquilo: talvez o jornalismo de portal comece a valorizar o que provoca mais atenção em detrimento da informação, que vai se acumulando na matéria principal e nos blogueiros-colunistas.

Outra coisa: nenhuma aposta na Web 2.0. Nada de participação do leitor, além do reme-reme das enquetes.

Triste!

Negri no Clarin

Uma boa entrevista do Toni Negri dada ao Clarin. No melhor do seu estilo, o filósofo italiano provoca o pensamento de certa esquerda latino-americana, ao afirmar que “está convencido de que o que ocorre na América Latina é a queda de um nacionalismo ligado à concepção de nacional-desenvolvimentismo”.

Para terminar, ao ser perguntado sobre a sua opinião sobre o fechamento da RCTV na Venezuela,  Negri lasca mais essa:

Me parece uma espécie de ataque de raiva mais do que uma política. O grande problema que Chávez ainda deve explicar é como organizar uma democracia da imprensa. É claro que hoje a imprensa venezuelana não é democrática, mas isso também não se consegue com nacionalizações ou estatizações. Há que  se sair dessa separação simples privado-estatal.

Boa Seleção de podcasts

Vale à pena conferir um conjunto de podcasts (da IDG Now) disponibilizado no site do evento Digital Age 2.0. Um deles é o do diretor do Google Brasil, Alexandre Hohagen.

“O online está num momento de mais maturação. A chegada de companhias do Google no Brasil, e agora da Amazon no Brasil, acaba reforçando o mercado online. […] Não há mais grandes campanhas publicitárias que vão ao ar e que não pensam ações na internet. Não há ainda no Brasil um esforço de unidade entre as empresas de internet, como há no caso dos jornais, com a ANJ, e com a televisão, com a Abert. Isto seria importante para reforçar e ampliar o pedaço da torta de investimentos publicitários na internet. [ Alexandre Hohagen, diretor do Google no Brasil]

Um outro podcast bacana é com um etnógrafo da Intel, que analisa as características do brasileiro na internet:

As características do brasileiro na internet é a sociabilidade, é o se encontrar com outro, é o trabalhar em conjunto, é assim que a cultura brasilera começa se expressar no Brasil. O brasileiro reforça a amizade usando a tecnologia. A dificuldade do Ipod ser um sucesso no Brasil é porque ele reforça certas valores culturais que não são os dos brasileiros. No Brasil, tem música ao vivo nos bares. E o Ipod representa uma outra cultura, a do isolamento, da não interação com o mundo externo.