o que é cibercultura?

Não, não se trata de uma referência explicativa ao livro de Pierre Levy. Na verdade, cheguei cedo hoje em São Paulo. Aí, comecei a ler, no aerporto mesmo, um texto do Erick Felinto (UERJ), intitulado Sem mapas para esses territórios: a cibercultura como campo de conhecimento. O paper está na coletânea Novos rumos da cultura da mídia, organizada pelo João Freire e pelo Micael Herschmann, ambos da ECO-UFRJ.

No texto, o Erick apresenta um texto de Jakub Macec, que busca definir os conceitos de cibercultura e, em seguida, opera um entendimento próprio sobre o tema. Eu gostei muito da dimensão metodológica que traz o texto do Maceb e do Erick. Na síntese, os conceitos de cibercultura são entendidos como:

— a cibercultura como projeto utópico.

— a cibercultura como interface cultura da sociedade da informação.

— a cibercultura como práticas culturais e estilos de vida

— a cibercultura como uma teoria da nova mídia.

Quem se interessar, busque o livro e leia o texto do Erick. Ou, na web, leia o texto do Macec, denominado Defining cyberculture.

uma nova ecologia midiática

Para quem curte o debate sobre a reestruturação midiática contemporânea, vale à pena uma reflexão sobre esse diagrama abaixo (construído por John Hiler), que mostra o forte hibridismo (ou simbiose, como é afirmado) entre a atividade jornalística e a interatividade com o leitor/usuário. A tese é conhecida: as redes sociais e os blogs alargariam o campo jornalístico, difundido e debatendo as histórias que circulam no mainstream midiático.

Contudo, há também um trabalho autônomo de jornalismo: reportagens testemunhais, checagem de informações divulgadas pela imprensa e análises em geral.

Mas o importante é a simbiose mostrado no diagrama. No centro, os jornalistas de diferentes veículos. Estes continuam atuando de forma clássica: cultivar fontes, que lhe oferecem informações e histórias. Na base, novos ecossistemas de comunicação, marcados por veículos impulsores de idéias e notícias. Esses canais são, na verdade, novos circuitos de difusão, como comunidades de conversação e relacionamento (orkut, facebook, msn etc), sites de notícias colaborativas, mídias pessoais (como blogs) e redes sociais de trocas p2p (bittorrent, youtube etc).

Essas informações, processadas por jornalistas, acabam retornando para o público na forma de histórias. Essa retroalimentação contínua constitui a própria base do ecossistema da mídia online.

sobre a ciberpolítica pós-Obama

Para quem curte o debate sobre ciberpolítica, segue um ótimo artigo (em inglês), de Crawford Kilian, sobre o impacto da internet nas campanhas eleitorais e na vida política em geral. O artigo é motivado pela exitosa campanha de Barak Obama (em particular, o uso exacerbado da internet).

Destacam-se no artigo alguns argumentos:

  • Clinton e Obama (mas sobretudo Obama) estão a explorar a web para arrecadar dinheiro e recrutar voluntários. Detalhe: essa história de mobilização de um “novo militante” – sem muita ligação ou filiação partidária, mas que participa entregando panfletos, reunindo-se com pequenos grupos etc – é algo muito interessante e, me parece ser, uma dimensão multitudinária própria da internet.
  • a tese é que as tecnologias interativas criaram um novo ambiente político, em que a comunicação é de mão dupla (two-ways). Assim, o marketing político deve, cada vez mais, adotar estratégias interativas nas campanhas. O público quer participar. Ele quer se engajar. E o começo é sensibilizando o público através da internet, principalmente, os estudantes, que têm tempo de sobra para se voluntariar.
  • público de internet adora mashup video, uma nova linguagem também já adotada pelos candidatos democratas. É muito legal ver um vídeo de um discurso de um político todo cheio de referências, que vão de letras de músicas a fragmentos de outros vídeos, numa montagem criativa feito pelos próprios usuários, muitas vezes. Ou um político em diálogo com uma cena de um filme qualquer. Essa mistura de linguagens é muito legal.

mais buscadas no Google

Relatório publicado pelo Google mostra os principais termos buscados pelo brasileiro em março de 2008. “Jogo de futebol” e “cachaça”, tudo bem. Mas, “ovnis”, é brincadeira!

Brazil – Top Gaining Queries: March 2008
  1. jogo de futebol
    (soccer game)
  2. jack sparrow
  3. jeremy sumpter
  4. metropolitana fm
    (radio station)
  5. ferrero rocher
  1. receitas de bacalhau
    (cod recipes)
  2. eddie iron maiden
  3. arte moderna
    (modern art)
  4. raposa
    (fox)
  5. correio braziliense
    (Brazilian local newspaper)
  1. full metal alchemist
  2. ovnis
    (UFOs)
  3. bossa nova
  4. cachaça
    (distilled sugar cane alcohol)
  5. ilusão de otica
    (optical illusion)

tradução de texto de Joe Trippi

Uma tradução livre da introdução (em doc) do livro A revolução não será televisionada, de Joe Trippi. O consultor analisa a campanha de Howard Dean, em 2004, nas prévias democratas. Só para destacar, Trippi organizou uma campanha política que partia, primeiro, da internet. Depois para as outros mídias. Obteve um sucesso tremendo, mobilizando cerca de 600 mil pessoas como participantes da campanha. Mas, Dean hesitou, se assustando com tanta popularidade.