No Roda Viva, Steve Johnson opina sobre a relação entre internet e política, provocado pelo Marcelo Tas.
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No Roda Viva, Steve Johnson opina sobre a relação entre internet e política, provocado pelo Marcelo Tas.
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O que é a singularidade tecnológica, por Vernor Vinge.
Vai ser publicado na Revista Lugar Comum (n.27) novo artigo que escrevi. Chama-se Colaboração, uso livre das redes e a evolução da arquitetura p2p.
A minha não. Continuo mais a fim de meu blog, onde posso desenvolver mais argumentos e linkar com comentários breves (ou não). Mas segue ótimo slideshow sobre o assunto.
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Porto Velho-RO passou. A cidade é indiferente. Mas tem o Zé, do Banzeiros. Grande figura que vai ajudar dar um gás na blogosfera por lá. Então foi uma estada difícil. Mas havia o rio Madeira. Havia aquela barcaça. Havia o boto. Passear na barcaça me deu a mesma sensação quando estou de frente para a praia. Calma, muito calma. Só foi 1 horinha. Nada mais. Chega a hora de ir para Macapá.
Cheguei a Macapá bem tarde. 1 hora da matina. 6 horas de vôo. Lia na viagem Foucault, que me perturbava (“ouvir é patético e lógico”, dizia). E eu pensava sem parar (, meio que, é…) para tentar chegar a uma hipótese sobre por que blogamos. Confissão? Fluxo de pensamento? Portar verdade? Relacionar-se? Eu lia A hermenêutica do sujeito com uma dose de esperança na filosofia para me fazer entender qual é a subjetivação da blogosfera. Eu registro, eu deixo uma memória. Ok. Mas por quê? Tem coisas que a gente só precisa guardar na memória… Aí, ao ler, eu fui me deparando com o fato de que blogueiro não escuta… Gosta de ver e escrever. É, portanto, tato e visão. Foucault explicava o que é ouvir e escrever muito facilmente, ele relatava a gênese do diário, localizando-o na história como um dispositivo de escrita que faz do sujeito um produtor de verdade de si (na Antiguidade, só os filósofos conduziam o sujeito à verdade, depois o cristianismo criou a confissão como uma estratégia para o alcance da verdade pura). Mas, depois da Reforma, o diário revoluciona a subjetivação, pois que se trata da escrita que busca uma verdade de si para o outro. Tô confuso… porque blog não é diário, mas pode ser também. E ninguém criou o blog na revolução protestante. Aí, fiquei filosofando. Desisti, pensei que estava longe de casa, do filho, da mulher, dos meus alunos, amigos. E volto pra filosofia. E volto para casa. Casa-filho-e a mala vem vindo… “Puts, tá toda suja minha mala vermelha”, “A Francis vai detestar”. A mala é dela. O vermelho foi idéia minha. Mas a posse é dela.
O táxi não chega. Chega. Entro. Saio. Hotel ruim (nem tanto, mas tem mosquito). Durmo. Café. Internet e Foucault. Outro hotel. Calor. Rio Amazonas é lindo. É maior que a praia em frente de casa. Durmo. Estudo. Internet.
(…) (…) zzzzzzzzzzzzzzzz Ai, meu Deus, que horas são?
são 17h30
Enfim, reunião de blogueiros, novos amigos. 18h. Estou em terceira pessoa. Sem visão, sem tato. Agora só quero escutar. Patético (passivo) e Lógico (a verdade vai entrar pelo ouvido). Foucault, me ajuda.
Abraço Alcinea Cavalcanti. Depois digo oi para todo mundo. Todo mundo conta história do seu blog. E, eu pensando, não quero anotar nada. Só quero ouvir. Todos: “a internet chega via rádio”. A liberdade acontece à noite em Macapá. É quando a imaginação chega. Antes, casa-trabalho-casa. Eu sou de fixar preso a frases soltas. Narrar me cansa, inventar um caminho me fatiga. Eu fiquei ouvindo coisas tão bonitas de por que cada um resolveu aparecer ao mundo, e boom, escrever. Dulci resolveu blogar por que sua expressão não cabia no relise, única linguagem possível no seu cotidiano. Criou o blog Além do Release. No final, só queria construir a verdade com o outro. “Sentia falta de ter pares”, conta.
Havia aqueles que desistiram do blog. Mas continuavam blogueiros. Esquisito? Não. É porque há um momento em que o blog não encaixa na gente. Aí deixamos o tempo sem tempo. Em suspensão. Depois a gente volta. Com um novo nome, uma nova verdade a construir e defender. Depois, ela se sedimenta. Começamos tudo de novo. O blog não muda nem de nome, nem de casa. Muda de gente mesmo. “Eu tô parado, mas vou voltar”, dizia o Alípio, que saca de sistema de informação, hacker de primeira. Especializou-se em tornar público falcatruas dos gastos que estão escondidas nas inúmeras tabelas dos bancos de dados em linguagem mysql. Adora desvendar os valores de empenho de governos. O Alípio é tímido. Mas tem domínio próprio. Foi intimado pela família Sarney. Divulgou matéria da Veja sobre o escândalo da grana do marido da Roseana Sarney. 2002. Alípio agora faz mestrado em Desenvolvimento Regional.
Há os que estão num ritmo mais lento. Porque Aprendem. Alfabetizam-se. Ou porque o blog não era dele. Era de alguém que queria trabalhar com a juventude. A juventude passou, e o blog não tem para onde ir. Normal, Patrique. Guarde o blog, pois mais juventude vai chegar. Mas estão a criar um território para a cultura, onde o tempo não possui premência. Ou num ritmo mais lento. “Eu não tiro férias do meu blog, eu digo que estou devagar”. Mesmo na viagem, um post pode brotar. Então, fiquemosssss de v a g a r z i n ho ooooooo. É um vexame romper o pacto ético do ócio. Tem coisa pior que dizer que se está de férias e dar uma passadinha no trabalho. Então o legal é “estar devagar”. Adorei, Alcinele. Vou copiar.
Por falar na Alcilene, seu blog recebe diariamente relises da galera das assessorias. É a principal blogcolunista local. Faz tanto sucesso que, depois que colocou um anúncio de aniversário, sua caixa de email vive entupida de pedidos de notinha. “Ô, Alcinele, tem como colocar a notinha de aniversário do meu chefe?”. Querem torná-la colunista social. Ele resiste. Rimos um bocado. De doer a barriga. Ela atualiza o seu bichinho à noite. A família reclama do computador ligado (esse povo de hoje, né!, só vive no computador). É gestora no Ministério Público. Mas quer ter mais um blog, um de culinária. Foi outra vítima da censura do Sarney. O blog virou poeirinha. Depois voltou.
A da irmã, a Alcinéia Cavalcante, também foi pro ralo. Nossa amiga, que liderou o movimento Xô, Sarney na web se tornou blogueira muito respeitada no Brasil inteiro. “Conheci tanta gente boa por conta disso”, conta rindo à toa. A campanha gerou 50 mil páginas mundo à fora. E uma indenização moral (Égua! Vê se Pode isso!!) ao Sarney de R$ 2 milhões. “Eu sou abusada”, diz. A história dela é longa (não vou contar aqui tudo, porque não sou bobo, vou guardar para o livro sobre blogueiros brasileiros que fazem realmente a diferença). É respeitadíssima pelos pares. Deve ter lá suas contradições, mas tem convicção com elegância. Usa a elegância para superar a censura. A última começou com a negação da credencial para cobrir o Carnaval do Amapá. Sacanagem, é fundadora do Carnaval daqui. “Sem problemas. Não preciso de credencial para cobrir o carnaval”. Engalfinhou-se pelo povão. E retratou no blog os serviços que eram oferecidos à população. “Nossa, a Alcinéia colocava fotos dos banheiros do sambódomo, imundos, impossíveis de usar, com fezes deixadas no chão em sacolas de supermercado”, disse a Dulci. Sony Cibershot poderosa…
Foi um escândalo. O banheiro e o cocozão. E Alcinéia ri. “Se eu tivesse credencial, não iria ver nada daquilo”, brinca.
Na mesa, tinha também poeta, jornalista e atriz. Adorei ler o Égua não e o Neste Instante. A Kiara Guedes edita ambos. É atriz, poeta, é empresária. É inquieta mesmo. Diz que estão a viver um momento de liberdade para se expressar, mesmo com os constrangimentos impostos pela censura dos políticos locais e da subserviência descarada de algo chamado de imprensa (não é, não é não). Antes eram estátuas vivas. Cansaram de brincar de ficar parado. Agora alguém toca no corpo, fazendo- reviver. “Estamos tocando uns aos outros, acordando e ficando ativos”. Quer ter um blog com design mais arrojado. É a mais vaidosa do grupo. Vaidade boa. Auto-estima lá em cima. Por causa dos seus poemas virtuais, é conhecida e tem seguidores.
Tudo soa politizado nessa mesa. Explico um pouco quem sou eu (negócio complicado sempre). Tiramos fotos. Conversamos mais. Fizemos planos. Comemos o bolo de milho que Alcineia indicou (lembrei da minha avó, a italianada, “vó, tenho que visitá-la”, ai que culpa por isso, normal). Todos se vão. Eu e Alcinéia papeamos, vamos tocando um noutro. Nada de estátua mais. Falamos de política, da vida, do táxi. Ganho uma carona. Chego ao hotel.
Encontro Foucault. Arguo: quem disse que blogueiro não ouve? Patético e lógico fico.
Amanheceu. Tô com saudade do Pedro. Beijos, filho, agora deves estar no mais pesado dos sonos.
E na televisão passa Big Brother, um monte de gente transformada em estátua.
É isso, Um “post escrito de ouvido”.
Por causa da crise, empresas jornalísticas começam a realizar, juntas, cobertura internacional.
O Coletivo Garapa acaba de publicar reportagem multimídia sobre acidente ambiental ocorrido no interior do Rio de Janeiro. A matéria saiu na Revista Fórum. E é imperdível.
“Quanto mais intensa for a prática democrática, maior é a atividade blogueira de uma região”. Rio Branco, no Acre, me faz insistir nessa premissa que construo sobre a blogosfera.
Rio Branco (AC) é uma cidade blogueira. E das boas. E é bem marcada pelo blogjornalismo combativo, pelo experimentalismo literário e pela cena cultural independente. Só isso já produz a fermentação para encontros, desencontros, caras e bocas, implicâncias, comentários, enfim, toda a gama de comportamentos online de uma blogosfera agitada.
Um primeiro dado que descobri, antes de desembarcar, fuçando blog depois de blog, com o uso da metodologia da “bola de neve”, é que existiam algumas publicações virtuais que eram os “nós ricos” da rede. Meu diagnóstico é que, como qualquer rede, a blogosfera acre(i)ana possui seus hubs, que são o Altino Machado, o Coletivo Catraia e o Toinho Alves, verdadeiro fazedores das mentes acre(i)anas. O Altino mobiliza uma comunidade de 1000 visitantes/dia em torno de sua opinião sobre as questões amazônicas. O cara é referenciado em Rondônia, Amapá, Belém… O Catraia é um típico blog coletivo, mantido pela juventude local que não liga muito para o mainstream. E o Toinho, puts, é um poeta, que faz literatura e militância através de um blog que nasceu da orientação de sua filha, a Veriana, menina com texto fulminante e veia blogueira de primeira (comentário breve, link e porrada…). Ela também é culpada pela criação do blog do Altino. Isso há quatro anos, quando tinha 14. Altino gosta de dizer: “estaria morto se não fosse o blog”. Hoje é praticamente a voz jornalística mais independente de lá. E por isso que sua principal receita vem de longe, do Portal Terra (onde publica um blog sobre a Amazônia), ou dos seus usuários (que já bancaram o cara no momento de pouca comida na geladeira).
Eu fiz entrevistas com blogueiros acre(i)anos. Já estão já em meu laptop. Aguardam edição.É um começo de um trabalho que vai passar por um porrada de lugar. Depois faço virar um blog+livro.
Na Oficina que conduzi, no âmbito do programa Rumos, do Itaú Cutural, estavam presentes umas 25 pessoas. Só cinco não tinham blogs. Entre aqueles que gostam do texto-bits, uns usam o blog como ponte para o jornalismo, outros atravessaram-na há algum tempo. Contudo, a maioria dos blogs nasce, cresce e morre, com apenas um desejo: expressão. Na conversa com a galera, o desejo maior é não se deixar reger. Não há maestros. A bateta é de todos.
No mais, não dá para deixar de registrar algumas experiências bacanas, em campos distintos, que vale à pena socializar com quem me acompanha neste blog. São os seguintes blogs acre(i)anos que é legal prestar uma atenção, porque acontece neles muita experimentação na linguagem (fiz uma seleção baseada na produção contínua de posts):
* poesia, contos e crônicas
http://www.umcasopoetico.blogspot.com/
http://amanitamuscariaa.blogspot.com/
http://linhadomeio.wordpress.com/
http://memoriacre.blog.uol.com.br/
http://soutodotorpor.blogspot.com/
http://www.minhausencia.blogspot.com/
http://www.escrupulosa.blogspot.com/
http://eubebo.blogspot.com/
http://forasteirismo.blogspot.com/
http://www.varaldeideias.com/?p=81
http://antigasternuras.blogspot.com/
http://expressaoacreana.blogspot.com/
http://gisellexl.blogspot.com/
http://onexoeeu.blogspot.com/
http://www.victorcontraasnuvens.blogspot.com/
* afirmação de identidade coletiva
http://almaacreana.blogspot.com/
* de expressão livre (artigos)
http://www.edineimuniz.blogspot.com/
http://www.leonildorosas.blogspot.com/
http://www.ac24horas.com/blogdocrica/
http://www.oaltoacre.com/images/stories/blog/blog/bloglima/bloglima.html
http://www.gilvanalmeida.blogspot.com/
http://blogdobrana.blogspot.com/
* de crítica especializada
http://www.sandersonmoura.blogspot.com/
* de articulação social e institucional
http://metalacre.blogspot.com/
http://www.culturarb.blogspot.com/
Em tempo recorde, já criamos a infra. O blog Cobertura Pelada vai dar informação nua e crua (he he he) do Carnaval de Vitória. Seremos muitos, oito no Sambão, e um montão na web. O objetivo é registrar e ao mesmo tempo fazer um carnaval, o que significa expressar nossa cultura, nosso corpo, nossa perspectivas. E quem tem Twitter manda ver através da tag #carnaval2009
Vamos fazer twittnews coletiva. Conversar bastante sobre o que vemos no Sambão ou na transmissão da TV.
Em Vitória, o Carnaval vai ser aberto a blogueiros. É isso aí, a Prefeitura ouviu nossas preces!!! Vamos fazer do nosso jeito uma cobertura colaborativa da festa popular. Não estamos recebendo nada por isso, só a credencial e um pão com ovo.
Não sei se vamos fazer uma cobertura ou uma des-cobertura. Ainda não sei quantos seremos, porque uma galera vai ficar acompanhando e participando via Twitter, outros vão aparecer lá no camarote da comunicação, e nós sete (Yuri, Fábio, Flávia, Saulo, Cibele, Thalles) vamos ter a missão de animar a galera na rede. Quem estiver no sambão e quiser twittar e blogar, apareça! Não deu muito tempo de articular mais gente (uma galera ainda me manda email). Depois que a Prefeitura liberou a credencial, não tive tempo suficiente para chamar uma galera mais diversificada, pois que a produção precisava de nomes com muita urgência. Então comecei pelos blogueiros que estão na Universidade, seguido daqueles que estão na lista de discussão dos blogs capixabas.
Tenho circulado em muitos espaços no país onde a atividade do blogueiro já possui uma valorização profissional, ou pelos menos, um status de produção de informação. O blogueiro tem uma escrita com mais liberdade. Em Vitória, essa cobertura tem um quê de “bandeirante”, pois que estamos a abrir caminho para que o blogger seja cada vez mais reconhecido como um produtor de informação, que precisa ganhar a vida para além do pão com ovo