A inovação na notícia sob o ângulo de cinco sites

.

Um artigo interessante publicado no Mashable demonstra cinco sites que trazem inovações no modo de veiculação ou de produção da notícia.  O artigo aponta, depois do Youtube, Twitter e Digg, cinco sites fundamentais para compreender as possobilidades abertas para a produção noticioso na internet: Wikileaks, Chicago Now, EveryBlock, Fwix e Spot.us. Peguei dois para falar aqui.

.

O primeiro citado é o Wikileaks. O site, pelo que se cogita, foi fundado por um dissidente chinês e atua liberando documentos políticos confidenciais, mas, antes, checando a sua veracidade. Aquele que envia os documentos é extremamente protegido por tecnologias e mais tecnologias de criptografia – o que possibilita a proteção do sigilo da fonte. O site revelou a pouco tempo todo um conjunto de barbaridades feitas pelos EUA e aliados no Iraque, contestando o número de mortes de civis e militares ocorridas por lá. O site se tornou um modo interessante de revelar informações mantidas em segredos ou obliteradas por versões estatais compradas e disseminadas pela imprensa internacional.

.

O segundo é o Chicago Now, uma agregados de blogs que mostra uma cobertura colaborativa sobre os mais variados assuntos sobre a cidade. Os jornalistas do site hirarquizam os posts e comentários; mas não tem controle da informação que é publicada nos blogs. O Chicago Now possui a seção Neighborhoods, que reúne em mapa as notícias publicadas através do telefone celular pelos blogueiros, estimulando a produção de uma imprensa hiperlocal (isso estimulou ainda a criação de vários clubes de blogueiros, fazendo com que a comunidade produza notícias e as notícias produzam comunidades). O foco do noticiário está em quatro áreas: Arte & Entretenimento; Esportes, Vida & Estilo; Opinião e Notícia.

Mayara Petruso e a liberdade de expressão na internet

Passado uma semana do fim das eleições presidenciais, o caso Mayara Petruso já caiu no esquecimento. Mas relembrar é viver.

Logo após anúncio da vitória de Dilma Roussef, no dia 31 de outubro, enquanto os eleitores petistas comemoravam, uma onda raivosa na internet associava a vitória de Dilma aos votos que recebeu dos nordestinos. 7 em cada 10 votos da região Nordeste foi para a candidata do “cara”, que obteve 56% dos votos válidos. A ciberonda anti-nordestina era o retrato fiel á dupla operação midiática dessas eleições. Por um lado, a imprensa nacional passou quase um ano com o meme “o nordeste vai ser o fiel da balança eleitoral”; por outro, a candidatura de José Serra pautava uma agenda política (o medo, a moral e a família) conjugada a uma virulenta campanha de disseminação de trolagens virtuais e telefônicas das mais baixas contra a candidata do PT, levado a cabo pelo vice, Índio da Costa, e pelo marketing online tucano, com seus bots spammers. Esses dois fatores acabaram servindo como ingredientes para liberar geral os eleitores conservadores mais radicais. Foi aí que Mayara Petruso apareceu e disse (e depois foi amplamente combatida e detonada na própria internet):

Nordestito não é gente, faça um favor a SP, mate um nordestino afogado. Mayara Petruso.

Mayara Petruso externalizava aquilo que “estava no ar” já algum tempo: o ódio contra o voto dos pobres, principalmente o dos nordestinos. E ela acabou por servir de bode expiatório para toda uma cultura ventilada no período, denunciada pelo ótimo artigo de Maria Rita Kehl, no dia das eleições do primeiro turno. A reação rápida contra Petruso na internet (seu nome foi assunto mais twittado no mundo, em determinado momento) deu o tom da polarização Serra x Dilma. Mais discursos odiosos surgiram na rede, agora, contra Petruso, que logo se deletou da web. Sumiu, virou poeirinha de bits. Mas a máquina raivosa ficou presente, polarizada. Naquele instante, o Eu Mayara – aquele cartesiano – foi-se da internet. Mas a máquina odiosa, onde Mayara se instalou para produzir seu discurso, continuou de pé, presente na cabecinhas daqueles que pensavam, sob a égide de um distanciamento e de uma crítica da realidade, que seus enunciados eram construções autênticas de uma consciência plena de si, quando, na prática, ao reproduzir o dito do regime secular de poder da produção de opinião no país, só fazia repetir uma variedade de enunciados que dizia que tudo era culpa do nordeste. Pois que, por um lado, a crônica política conservadora dizia com todo afinco que o Nordeste seria o causador do crescimento eleitoral de Dilma, levando a todo tipo de argumentos mais simplistas, do tipo: quanto mais se é pobre e com pouca escolaridade, mais se vota com o governo de Lula. Logo, o Nordeste é Dilma; como se o Brasil fosse amplamente desnordestizado no Sul e dessudestizado no Norte e Nordeste. Essa era uma crítica fina da crônica política, imagina! E, de outra parte, essa máquina incitava a negativa contra aqueles que decidiam seu voto no interior da “concepção nordestina” do voto, isto é, na libertação daquela posição escravocrata de resignar-se ante aos poderosos, afirmando a sua visão de mundo. 56% dos votos válidos expressaram essa potência nordestina para além da política do medo, do preconceito e da moral difundida pelo outro lado.

Para quem entende um pouquinho de internet sabe que nenhum perfil é isolado. Ninguém está sozinho numa rede social. Ele está conectado a outros, dentro de um mundo específico, numa zona de conforto, onde aquele que escreve comunica-se para “pares”, que recebem, em geral, bem o seu discurso. Quando há dissidência, com frequência, ela é respondida. E se a discordância teima em existir, o usuário no Twitter bloqueia a oposição, quando não “unfollow-na”. Se houve um efeito colateral dos piores nessas eleições foi o usuário-eleitor ter percebido que sua timeline ficou todinha homogênea. Éramos produtor e consumidor de uma rede homogênea de enunciados. Estávamos numa tautologia das mais perigosas, a rede política experimetava aquilo que geralmente os jornalistas vivem diariamente: a agonia em verificar que os jornais vivem em um mundo só; e que a repetição é a forma mais difundida de se criar a verdade dos fatos . Eu me supreendi, por exemplo, no day after, em ver que minha timeline estava um tédio só, com um monte de gente repetindo bordões e palavras de ordens pró-Dilma, candidata em quem eu votei. Comecei, a partir daquele momento, a entrar em, e se filiar a, outros mundos para sentir toda pluralidade que faltava à minha rede. Nesse sentido, todos nós tivemos um pouco de Mayara Petruso nas nossas cabecinhas. Não no sentido de incitar o racismo. Mas de ser impaciente com a dissidência, com o ponto de vista contrário. É claro que nem toda dissidência significa uma abertura à possibilidade de uma dialogia, tampouco nos faz tolerantes a racismos, moralismos e ódios de classe.

Agora o curioso foi um movimento muito estranho: o de imputar a Mayara o status de criminosa, por ter afirmado aquilo que muitos outros afirmavam na internet. Vale à pena ressaltar que o discurso de ódio deve ser separado de um crime de ódio. O discurso de ódio se combate com a produção de discursos de liberdade, de produção e afirmação de direitos. Ao buscar prender e arrebentar, como numa espécie de linchamento público, o que se devolve para sociedade é mais discurso de ódio. Uma coisa é dizer que vai matar; outra é matar. Em países de forte tradição da liberdade de expressão, não há impedimento/censura à circulação dos discursos de ódio, porque eles são concretos e nada velados na sociedade. Ao conhecê-los, a sociedade toma medidas para contrapô-los, na forma de discursos, ou na forma de leis. No caso Mayara, a OAB-PE entrou na justiça acusando-na de incitação pública ao crime. Não só ela, mas “todos” aqueles que twittaram algo semelhante contra os nordestinos (inclusive, tweets feitos por nordestinos). A OAB entrou na justiça para defender a raça pura nordestina contra qualquer tipo de violação racial na internet. Será que se alguém pedir a seu amigos virtuais para fumarem maconha, a OAB-PE vai denunciar o caso como incitação pública a um crime? Há aqueles que dizem que a liberdade tem limite. Sem dúvida, há inúmeras responsabilidades a cumprir quando se diz algo. Mas a afirmação do ódio, infelizmente, é regido pelas mesmas normas da afirmação do amor. E, politicamente, cada vez mais, vamos precisar de atuar publicamente na descontrução do ódio, sobretudo, o ódio de classe, num país que, nunca dantes na história, ver as desigualdades de classes se reduzirem.

A objetividade, segundo Nietzsche

De agora em diante, senhores filósofos, guardemo-nos bem contra a antiga, perigosa fábula conceitual que estabelece um “puro sujeito do conhecimento, isento de vontade, alheio à dor e ao tempo”, guardemo-nos dos tentáculos de conceitos contraditórios como “razão  pura”,“espiritualidade absoluta”, “conhecimento em si”; – tudo isso pede que se imagine um olho que não pode absolutamente ser imaginado, um olho voltado para nenhuma direção, no qual as forças ativas e interpretativas, as que fazem com que ver seja ver-algo, devem estar imobilizadas, ausentes; exige-se do olho, portanto, algo absurdo e sem sentido. Existe apenas uma visão perspectiva, apenas um “conhecer” perspectivo; e quanto mais afetos permitirmos falar sobre uma coisa, quanto mais olhos, diferentes olhos, soubermos utilizar para essa coisa, tanto mais completo será nosso “conceito” dela, nossa “objetividade”. (NIETZSCHE, F. Genealogia da moral, III, §12, p.109).

Onde a #ondaverde ganhou da imprensa limpinha e dos blogs sujos?

Acabei de escrever. Vai pra revisão e análise da Revista Global Brasil. Uma reflexão, a partir das interações online, sobre de onde veio essa #ondaverde que contaminou as redes sociais na internet. Minha tese é que ela veio de uma fissura aberta pela tensão entre a imprensa limpinha e os blogs sujos na construção de opinião e verdades sobre as eleições presidenciais, como numa cruzada dialética ininterrupta que acabou por gerar concentração de informação em pouquíssimos nós da rede.

O tsunami verde venceu a grande imprensa porque não caiu na caricaturização midiática de uma Marina, considerada frágil, lulista e somente ambientalista, e inventou uma Marina forte e portadora de uma crítica ferrenha ao desenvolvimentismo dos seus opositores. Saiu da #ondaverde a ideia de Dilma como fantoche de Lula. E, enquanto o PIG constituía uma imagem de Dilma como “amiga de Erenice”, a #ondaverde, nem aí, indagava por que Lula não escolheu Marina no lugar de Dilma. Queriam Lula de qualquer jeito.
De outro lado, a rede verde atropelou os blogs alinhados ao governo Lula, ao demonstrar que o foco da ação em rede deveria levar em consideração um Serra preso a sucessivos governos elitistas, mas não só isso. Não poderia estes, para ser independentes, se pautar numa defesa irrestrita e sem crítica a um desenvolvimentismo a qualquer custo da candidata do governo.

10 momentos da campanha eleitoral no ES. Na web.

Antes de qualquer coisa, candidatos, por favor, continuem com as suas redes sociais. Não apaguem nada.T odo esse material na web é história.

Agora vamos a minha avaliação.

***************************************************

A campanha eleitoral chegou ao fim no Espírito Santo. Muitos candidatos, muitos jingles do Carlos Papel, muitos santinhos jogados no chão, muitos #foras, muitos “estou indo agora para”, muitos sacis, porém, também muitas possibilidades  interessantes de pensar o Estado, que há oito anos se via mergulhado numa realidade que estava mais para as páginas policiais do que políticas da crônica jornalística local.

As eleições na internet não aconteceram como se previa (como nada que vira coisa de futurista). Os candidatos se mantiveram dentro de um patamar seguro do ponto de vista da comunicação política: como emissores, sozinhos, das suas promessas. A rede virou um “grande mural do facebook”. Mas, mesmo assim tivemos avanços, porque o eleitor jogado às traças na rede, foi capaz de então constituir as suas próprias relações políticas, construindo diferentes perspectivas de seus candidatos. A grande ausência das campanhas digitais foi a transmissão em tempo real das atividades públicas das campanhas. O eleitor saiu da campanha não sabendo muito o que se disse e o que os políticos eleitos pretenderão desenvolver. As inserções, em tempo real, aconteceu de forma tímida, no estilo #pergunteaoserra – o que, sabemos, virou piada pronta no Twitter.

Então eu fiz uma seleção bem arbitrária dos melhores momentos das eleições do ES na internet.

1. Pré-candidatos nas redes sociais

“Eu não tenho twitter, mas vou aprender a usar”, dizia a candidata do PSOL, Brice Bragato, às vésperas de a campanha começar de fato. Todos os três futuros candidatos adotaram as redes sociais como mídia para manter conversação com eleitores. Praticamente todos os principais políticos do Estado adotaram as novas mídias e, pela inexperiência no uso das redes, mantiveram-se cautelosos em seu uso. Mas nem por isso escaparam de brigas e rusgas entre si pela internet, o que rendeu ótimas notas e comentários na web.

2. O #diadofico e a hora H

19 de março de 2010 seria o começo das eleições no Espírito Santo. O governador do estado, Paulo Hartung, despediria-se do governo, candidatando-se ao Senado. Com isso, o seu vice, Ricardo Ferraço, assumiria a gestão estadual e candidataria-se à reeleição. O PT apoiava a estratégia de PH, por acordar que, em 2014, seria a sua vez na fila, possivelmente com o prefeito de Vitória, João Coser. Tudo estava muito bem montado, o vice desfilava em todos os eventos públicos, com parte da mídia local o apoiando declaradamente e repercutindo qualquer de suas opiniões. Ferraço era uma espécie de queridinho da mídia local. Mas, naquele final de verão, o governador Hartung disse: “Renuncio a um projeto pessoal de disputar um novo mandato. Faço esse gesto com serenidade e consciência republicana”. Disse isso no salão São tiago, no Palácio Anchieta. O salão estava assim de políticos e assessores conectados à internet, e a notícia vazou pelo Twitter e logo angariou as hashtags #diadofico e #fico. Quem deu um furo em todo mundo foi o prefeito de Cariacia, Helder Salomão, uma unanimidade de simpatia no microblog (se alguém bate no cara na rede vira um Judas na hora). A força da hashtag acabou por ser lindamente copiada pela crônica política local, que já a partir dali não sabia mais o que dizer, acabando por passar a toda campanha amargurada.

Helder Salomão

@heldersalomao Helder Salomão
O governador Paulo Hartung acaba de anunciar que fica no governo até o final do mandato. 19 MAr
@Bof_Buffon José A. Bof Buffon
Twitter mais rápido do ES, na hora H @heldersalomao O governador Paulo Hartung acaba de anunciar que fica no governo até o final do mandato.

3. Renato Casagrande, independência ou morte!

Preterido no acordão, também em março, o senador Renato Casagrande mobilizou o seu partido, o PSB, e o seu mandato para articular uma candidatura independente. Aliado do governo, reclamava na imprensa que o governador desidratava sua campanha, fechando portas de partidos e apoiadores. Casagrande não contou com nada, decidiu ir para a disputa, unindo setores da sociedade que conseguia mobilizar. Sua sina seria muito dura: pouco dinheiro, pouco tempo na tevê (2 minutos). Resolveu arriscar-se, foi para a internet. Site novo, twitter turbinado, redes sociais distintas e até blog. Enquanto não tinha muito espaço midiático, expressa-se em todas as suas redes sociais. Em um de seus discursos, talvez um dos mais belos discursos da história recente do Espírito Santo, o senador afirmava que a história era feita pela sociedade e não em gabinetes fechados por um grupo pequeno de políticos .Quem quer conhecer a história, esse o perfil do Danilo Simões, uma espécie de fã-militante de Casagrande. O cara registrou tudo. Guardem esse nome, o rapaz é muito bom.

4. O dia do mico

Depois de um mês de intensas negociações, a reviravolta na política do estado acontece. O governador Paulo Hartung cede às pressões do governo federal e anuncia apoio a Renato Casagrande, em uma coletiva pra lá de movimentada. O seu vice, Ferraço, explode de ira. eE, de novo, a crônica política fica sem entender nada. O governador mais popular da pós-Constituinte vai no ostracismo político. Na internet, os políticos pagam tanto mico, que o a “nova” oposição começa fazer gozação, muita gozação. Foi um dia de explosão de informações na internet. Tarefa para historiadora da comunicação. Coisa bárbara.

5. O imperador Hartung e a aliança com Casagrande

Antes do apoio de hartung a Casagrande, circularia na web o viral mais assistido da “campanha”. Um hit que ironizava a aliança entre PT e PMDB, que acabou naufragando. Nenhum outro vídeo foi tão visto no Estado. Nesse momento, Renato Casagrande já era líder nas pesquisas. E começava a ditar, ao seu ritmo, a condução da campanha. Já era senhor da web, já tinha o twitter com o maior número de seguidores. Os tucanos estavam apaixonados pela peça na rede, os apoiadores de Casagrande, vingados.

6. Ricardo FailRaço

Fez enorme sucesso o perfil fake do vice-governador Ricardo Ferraço, considerado, por mim, o melhor fake de toda a rede. Criativo, original, inovador. Foi a peça mais hilária dessa campanha, o ricardofailraco e os vídeos da Xuxa Verde. A rede tucana não cansava de retuitar.

6. Os fakes das campanhas: trolagem e pouca inteligência

Tiveram pouco destaque os fakes, depois de julho. Todos eles foram utilizados no sentido mais de despolitizar o debate do que efetivamente construir uma visão mais crítica dos candidatos. Alguns deles circularam um pouco mais: @narizinhocapixaba, @emocasagrande, @bricebagaco – mas baseados em acusações. Muito ruim.  Muito se deduziu dizendo que os fakes eram todos internos às dinâmicas da campanha, mas todos os lados se prontificaram a negar qualquer responsabilidade por eles.

7. O #foramagnomalta

A mais importante mobilização da opinião pública compartilhada na rede no Espírito Santo. Organizada por muitas mãos – algumas bem interesseiras, no sentido de menos debater a questão, mas pedir voto contra o senador – o #foramagnomalta foi um tuitaço contra a hipocrisia trazido a cabo pela campanha do senador, que, na televisão, passava lição de moral com uma proposta pra lá de fascista: colocar adolescente na cadeia, caso cometam algum tipo de ato infracional. Ao mesmo tempo, o senador defendia políticas duras contra toda forma de pedofilia, mostrando, assim, uma total contradição em seu discurso sobre a criança e o adoelscente. Conjugado a isso, toda uma rede contra a homofobia se rebelava online, criando o lema “todos contra a hipocrisia”, numa ironia ao “todos contra a pedofilia”, camisa negra com caracteres brancos do senador. O movimento fez Malta tirar o time de campo, recolher o discurso público, tornando-se um pouco mais aberto ao debate da sociedade.  O #foramagnomalta manteve alguns dias à frente dos assuntos mais tuitados da capital do estado, segundo o site Trendsmap.

Uma ótima história ainda para ser contada, a partir da fartura de crítica online, por algum estudioso de história política do estado. Algo que pode ser o começo de um movimento.

Babado Certo

@babadocerto Babado Certo

8. O webmício de Luiz Paulo

Com ótima ideia, o candidato tucano abriu canal de conversação com seus eleitores, no seu webmício (comício na web). Problema sério, poucas pessoas na rede ficavam conectado a ele. O webmício foi uma ótima ideia, mas executada sem fôlego. Luiz Paulo, na verdade, vacilou. Ele é ótimo em seu blog, que virou um ex-blog (como o do Casagrande) logo que começou a campanha. Com muita verve, era o blog que poderia lhe dar ótimas tiradas. Despensou o blog, entrou no twitter e ficou apenas no relato de agenda, como todos os outros candidatos. Mas inovou em se aventurar a debater tête a tête com quem quisesse aparecer na sua casa na web.

9. O uso das redes sociais

Twitter brilhou, mas protagonismo foi dos eleitores e não dos políticos. Fotografias no Flickr também foram um marco. Casagrande tentou criar a Rede Ning, mas deu com os burros n´água (por motivos óbvios, o Ning deveria ter começado pelo menos uns sete meses antes).  Luiz Paulo tentou importar a rede mobiliza (um fracasso total, senão como um lugar de trolagens e mais trolagens). Assim os candidatos se resumiram a orkutizar as suas mensagens. Poucas campanhas usaram das estratégicas do ciberativismo, mobilizando via DM, estabelecendo relações offline a partir do online, tudo ficou muito no script. Resultado: nenhum debate consistente na internet. Só troca de “obrigados e valeus”. Contudo, essa possibilidade de dizer o que pensa e afirmar algo sem qualquer intermediário faz-nos parabenizar os políticos e os seus assessores que fizeram uso de diferentes redes sociais. Mas houve baixíssima conversação com os eleitores online. As redes sociais foram muito mais usadas como estoque de informação do que fluxo contínuo de informação. Mas tudo bem, é um começo. Na próxima, com certeza, teremos mais novidades. O convívio permanente com a sociedade já deixaram os políticos suscetível às visões distintas de mundo (sobretudo, eles se colcoaram em estado permanente de controle da sociedade. Isso é muito bom). E todo político se acostumou a ficar checando as menções, os comentários e as curtições. Estão viciados nisso agora. Sobre facebook e Orkut, o destaque foi para os eleitores, que arregassaram as mangas e apoiaram deveras seus candidatos. Aqui, existe outra grande fonte de historiografia para ser feita, para entender as motivações que levam às pessoas a erguer suas bandeiras digitais.

10. Os anúncios da vitória e da derrota.

Até daqui a pouco, lá para às 20h, vamos ver os primeitos tweets e fotos, vai sair tudo primeiro na internet, como manda a vida nesse novo século.

PS1: o grande erro das campanhas: focar a comunicação apenas a quem já havia se decidido pelo candidato. Acabou o candidato falando pra quem quem já estava careca de ouvi-lo. Na próxima eleição, o desafio é chegar mais nos outros graus de comunicação.

PS2: daqui a dois anos, na capital, talvez teremos um novo tuiteiro, o governador Paulo Hartung, um cara que tem todo perfil para estar nas redes e, não sei por que, se ausenta delas.

Ps3: a imprensa influenciou muito pouco, pouquíssimo.

Onde eu errei #fail #barraconaufes

Após a situação surreal ocorrida na Ufes, batizado no Twitter de #barraconaufes, eu pesquisei o tuitaço através do sistema de busca do Twitter. E notei que o o meu tweet “Jogar laptop na cabeça de aluno? Sem dúvida, é culpa do windows” pode ter gerado uma interpretação equivocada. Naquele momento, não se tinha a confirmação do autor e da vítima. Só tínhamos assegurado o ato “professor arremessou laptop”. Numa manifestação de repúdio, no lugar de uma opinião mais dura, fiz uma sátira. Contudo, o “na cabeça” foi entendido como se eu tivesse afirmando que o fato assim aconteceu. Os próprios alunos acusaram informação, no Twitter, que o laptop havia sido arremessado em direção a um aluno, mas que não pegou na cabeça de ninguém, essa e outras informações, em regime de colaboração em rede, fez que o fluxo de informação se depurasse rumo a esclarecer o que havia ocorrido na Ufes.

Assim, eu gostaria de pedir desculpas aos leitores desse blog, àqueles que me seguem no meu perfil no Twitter, e, sobretudo, aos estudantes e o professor da Ufes, Victor Gentilli,  envolvidos no caso, por esse lapso. Eu poderia ter republicado, imediatamente, a informação correta, a partir dos relatos dos tuiteiros, mas eu não me atentei ao detalhe. Mesmo que isso não tenha influenciado na condução dos relatos na rede, quando a gente erra é bom publicar em todas as redes sociais possíveis, e não se calar sob o guarda-chuva de um crachá tosco. Se possível, seria importante que aqueles que retuitaram esse meu tweet (adicionando ainda mais sátiras como protesto), que procedesse repetindo o seu ato, ou seja, um mísero retweet desse post. Isso seria decente, e não mistificar um pelo o múltiplo. Entre alguns desses retweets foram realizados por profissionais de destaque.

Além disso, o blog se encontra totalmente aberto às manifestações de todos aqueles que se sentiram prejudicados pela minha sátira. Na internet, a memória é ilimitada. Não há problema de espaço.

É como diz o ditado popular, deus está em todos os lugares, o diabo, nos detalhes.

#fail

Fábio Malini