Está lá na revista Imprensa uma boa matéria sobre blogs e jornalismo:
“Blogueiros e jornalistas são coisas tão diferentes que nem deviam ser discutidas”, afirma Bruna Calheiros, principal figura por trás do blog Smelly Cat, dedicado a curtas e longa-metragens em animação. Apesar da assertividade da blogueira quanto à separação de universos e de sua formação em publicidade, sua página tem abordagem bastante informativa e é constantemente atualizada com as últimas novidades do gênero. Publicou diversos posts sobre o festival AnimaMundi, por exemplo, sem nada dever aos críticos mais tradicionais do setor. Bruna garante que não segue regras e nem pretende fazê-lo: “tenho meu tom, minha maneira e coloco minha personalidade nos textos”. Mas ela pertence a um grupo de blogueiros que se propõem a tratar de certos assuntos tão bem quanto o faria um jornalista treinado para isso, quando não melhor.
De fato blogueiro não é jornalista. Apesar de ter muita gente fazendo comentários e críticas melhores que muito jornalista formado. Sou jornalista também e reconheço isso. Até porque, um dos principais fatores para que um blog tenha um certo grau de credibilidade e sucesso é exatamente o domínio do autor sobre o assunto do blog. Tem que saber sim dividir as coisas. São mundos completamente diferentes.
Ainda penso que esse questionamento, que parte sempre do jornalista, soa falso. Na verdade, muitas de nossas competências, antes restritas ao mundo da redação, têm sido generalizadas pela sociedade. Por exemplo, a capacidade de captura do acontecimento. Por isso notícias possam brotar de vários lugares. A questão maior é o domínio da investigação jornalística, que é algo ainda que nos separa eticamente de um blogueiro, que adota uma linha de narrativa calcada na interpretação dos fatos, ou mesmos de filtro dos fatos mais interessantes que ocorrem on e offline. Blog, para mim, é um novo gênero literário, profundamente, marcado pela conversação.