Segundo os relatos de agência de notícia, o motim francês acabou. Mas não a questão social. O indicador do movimento foi sempre a queima de carro. E segundo o Le Monde, a queima já chegou ao patamar normal de todas as noites anteriores à rebelião francesa.
Bom… eu continuo buscando informações nos blogs. Vai mais uma:
Um relato de Rui Cruado Silva, blogueiro, sobre o que é viver e conviver com o subúrbio francês. É honesto, embora tenha uma visão que criminaliza quem mora no subúrbio. Li esse relato e outros no blog Esquerda Republicana, de Ricardo Alves.
Uma passagem para quem ver o confronto francês pelo ótica exclusiva dos jovens vai uma boa descrição do outro lado:
"[Em] Cronenburg [bairro em Estrassbourg] tinha um sector mais pesado, o sector dos guetos de habitação social construídos nos anos 60 com a melhor das intenções, mas que só serviram para juntar pessoas com os mesmos problemas, tendo contribuído para amplificar aquilo que de pior existe na sociedade, e em particular entre os grupos imigrantes. Nesse sector chamado ironicamente de Cité Nucleaire, onde se situava o CNRS, o meu local de trabalho, havia diariamente ocorrências violentas, que poderiam ser muito violentas de quando em vez. Lembro-me de um velhinho barbaramente atropelado por um BMW descapotável conduzido por jovens violentos, lembro-me de um colega que foi espancado quase até à morte por ter saído do seu carro para afastar um caixote de lixo em chamas que lhe barrava a estrada e lembro-me do carro que foi lançado em chamas contra a loja de atendimento da assistência social. No Natal e na Passagem de Ano era certo que se queimavam por ali para cima de 20 carros de pessoas humildes que juntavam as suas economias de anos para comprar uma bagnole em segunda mão."