Entrevista com Antonio Negri e Giuseppe Cocco publicada hoje no blog do Caderno prosa e Verso, do Globo Online, sobre o Maio de 68.
Em Maio de 68 o desejo se tornou incontornável e produtivo. Esta foi sua característica: produção desejante, transformação do desejo em ação, a vida enquanto ação. Foi uma luta ou um conjunto explosivo de lutas que, por um lado, atacavam a ordem fabril e sua lógica da produção massifica. Por outro, desenvolvia uma crítica da sociedade do consumo padronizado, em termos diferentes do pessimismo da Escola de Frankfurt. A luta contra a sociedade do espetáculo, que Guy Debord tinha antecipado, iria além do pensamento negativo de Adorno e Horkheimer. A condição do consumidor, espectador como receptor passivo, era ultrapassada pela democratização da tomada da palavra, pela inovação das linguagens: afirmou-se uma nova relação entre ação e vida.