O menino é negro ou não é?

A resposta vai ser difícil, mas essa sandice de declarar quem é ou não negro vai ser função dos burocratas da Ufes. A aprovação do sistema de cotas na Ufes para negros vai se pautar na identificação dos fenótipo negros (nem sei o que é isto!).

Aí, vai começar a eugenia: se o cara não tem "cabelo de pico", não é negro. Se faz escova, está fora. Se não for negro angolano, também. Uhm!!! mas esse não tem o pingolim grande, então, tchau!

Racismo puro! Decisão covarde dos meus colegas!

Aliás, lanço a campanha para a Câmara de Graduação da Ufes, já que vai rolar "um estudo minucioso do fenótipo negro", então, peçam para os burocratas checarem os documentos dos "possíveis negros". Se for grande, está dentro.

É a Ufes v irando capitão do mato!

Gente, só auto-declaração serve. O resto, é preconceito.

1 Comentário

  1. Sem contar que deve ser um processo traumatico para o candidado.Imagina,passa a vida toda achando que é negro, chega um burocrata da ufes e diz: “vc não é negro o suficiente”.De matar…

  2. Continuo defendendo as cotas raciais, mas desde que seja baseada na autodeclaração.

    E não essa proposta nazista da Ufes. Se 10% foi o conseguido na luta, all right! But quem tem a petulância de dizer que não sou negro?

  3. É importante saber que grupos étnicos compõem a sociedade, compõem um ambiente escolar, compõem o ambiente profissional, compõem a saúde, compõem as carceragens, compõem os poderes executivos.
    A importância reside no fato da necessidade de dados quantitativos para a formulação de políticas focalistas.
    O que significa isso: uma escola precisa conhecer todos os grupos raciais que existem no seu país e principalmente na sua escola. Para que possa dar o mesmo tratamento de humanidade a todos e não segregar, ou melhor, deixar no fundo das salas, as crianças negras, gordas, nordestinas; como não deve impor trabalhos escolares sobre família e somente apresentar para as crianças revistas e fotografias da família branca de classe média que não tem nada a ver com a realidade daquelas crianças. No caso da saúde: vocês sabiam que existem doenças que afetam mais determinados grupos étnicos do que outros? anemia falciforme, pressão alta, diabetes – particularmente acredito que muitas delas se devam ao histórico abandono de determinados grupos pelo poder público. Se temos um bairro pobre que não tem acesso a saúde e aos bons prestadores de serviços públicos, durante séculos, fatalmente serão produzidas gerações com deficiências de saúde de várias ordens. Fico por aqui. Pensem com carinho. A discriminação existe é real, vejam a cor das vendedoras de shoppings ou mesmo a cor da nossa elite, de quem está no poder fazendo coisas feias.
    abraços
    sandra

  4. O jornalismo, produtor e difusor de informações, tem que ter a responsabilidade ética de buscar a imparcialidade no seu fazer cotidiano. Sabemos, por conta de nossa formação profissional e legislação pertinente a essa categoria, que um repórter tem que dar espaço para as duas partes de um litígio para serem ouvidas, caso contrário que ponha sua opinião em um artigo no qual escutará somente um lado da questão.
    E tal situação ocorre aqui, em que puseram um menino mestiço dando sua opinião sobre cotas, sem que outra voz de apoio também fosse ouvida.
    Fica óbvio a manipulação deste site, quando não disponibiliza matérias explicativas sobre questão tão candente como as relacionadas às questões raciais e ações afirmativas. Se vocês não sabem, a temática racial foi abordada por três sindicatos (RS, SP e município do Rio) no 32º Congresso Nacional de Jornalistas da Fenaj realizado pelo Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais em Ouro Preto. A mesma discussão foi lançada no 31º Congresso na Paraíba dois anos antes. Para mais detalhes e informações entrem no site da Fenaj (www.fenaj.org.br) ou mesmo do Sindicato do Município do Rio (www.jornalistas.org.br/cojira.asp). Entre as deliberações está a (in)formação do profissional de comunicação sobre o tema e censo do jornalista brasileiro incluindo recorte de gênero e raça/cor – segundo os critérios do IBGE. A desigualdade étnico/racial é uma luta que deve ser travada por todos. Os próprios indicadores sociais demonstram, há anos, que as desigualdades econômicas/educacionais etc. se mantêm entre brancos e negros, mesmo que tenham variáveis iguais – mesmo número de anos de estudos, por exemplo. Isso tudo sem contar o recorte de gênero, a hieraquização é terrível: mulher negra ganha menos que homem negro que ganha menos que mulher branca que ganha menos que homem branco.
    Fico por aqui.
    Obrigada
    Abraços
    Sandra

  5. OI, Sandra,

    VAleu pelas participação no blog. O objetivo do blog não é ser imparcial, quando nos defrontarmos com aquilo que é desigual.

    Aprendi no jornalismo que o bom jornalista fica do lado dos que sofrem injustiça.

    Mas, nove fora, essa questão da nossa ética profissional, o post acima se contextualiza no fato da Universidade do ES utilizar como critério de ingresso racial a avaliação de uma banca, que vai classificar quem é negro ou não… Quem fazia isso era os nazistas…

    É só isso… valeu pelos comentários

  6. nossa… triste essa sua, caro fábio…
    ninguém nunca me pediu a minha autodeclaração antes de me discriminar…
    o que uma comissão desta natureza avalia é se o candidato é portador das características que, no cotidiano da nossa sociedade, são mobilizadas para discriminar racialmente. e, imagino que o “documento”, “tamanho do pingolim”, que vc alude, não sejam importantes nos padrões de discriminação da nossa sociedade. mas cabelo, tonalidade de pele, formato do rosto, e alguns outros traços, sim.
    pense nisso. o que gera a necessidade dessas políticas é a discriminação e seus impactos sociais. e, isso independe de como a pessoa se autodeclara. depende de como as outras a vêem.
    vc é mesmo favorável às cotas? então, pense também no quanto a sua fala não é utilizada como um argumento não para a mudança de procedimentos, mas sim, para acabar com as cotas…
    abraço

  7. Oi, Renato

    É necessário enfrentar as palavras racistas, meu caro, para não ficarmos nos recalcando e fazendo com que o racismo sobreviva.

    Não deve ser o OUTRO que deve estabelecer quem EU sou. Esse era o tom da crítica.

    O resto é idiossincrasia.

    Fábio

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